A advocacia na Revista VEJA

Por IVAN CEZAR INEU CHAVES

OAB/RS 25055

Sugiro aos que ainda não leram – que leiam - na última edição da Revista VEJA a matéria especial , que aliás é capa da principal publicação semanal do País , e que aborda as vocações profissionais e define o ranking das atividades mais bem remuneradas na atualidade brasileira. Trata-se de um trabalho jornalístico muito bem elaborado e que, realmente, vale a pena ser lido.

VEJA revela algo que nós – advogados – já sabíamos , mas francamente creio que o que surpreende é a má colocação da advocacia que figura apenas na décima sétima (17ª ) posição entre as profissões de melhor remuneração , perdendo para quase todos os ramos da engenharia e da área de saúde.

Mas,o que mais surpreende é a primeira colocação – absoluta – ocupada pela Magistratura que supera todos os demais segmentos e é definida como sendo a área profissional melhor remunerada no contexto atual da nação – e aí é que se estabelece a necessária reflexão – contrastando com a péssima posição da advocacia ,colocada dezessete posições depois ...

Ou seja, na mesma área das ciências jurídicas, revela-se que a opção pela advocacia é hoje , disparada a pior das escolhas . Mais do que isso, escancara uma diferença de padrão e uma situação que é – no mínimo – desconfortável e de muito difícil explicação, sobretudo, porque tratam-se de operadores de um mesmo sistema , onde um não co-existe sem o outro.

Mas nós já sabíamos – essa é a verdade – e VEJA só consagrou e estampou esse quadro para o conhecimento da sociedade civil . A consagração das diferenças encontram respaldo no quadro caótico da Justiça Brasileira . Temos Magistrados liderando o ranking dos profissionais mais bem pagos , ao mesmo tempo, advogados que se obrigam a “engolir” o calote dos precatórios ,pois nem eles ,nem os clientes a quem representam conseguem receber do estado o que lhes é devido . As ações judiciais, sobretudo as chamadas “grandes” se estendem com facilidade por dez ou mais anos de tramitação ... ao natural !

Então, a matéria de VEJA serve, ao menos para que nós – advogados – possamos dizer em alto e bom som . Basta ! – Queremos a volta da dignidade para nossa profissão e queremos, sobretudo, que os jovens que ingressam na carreira possam ter uma visão de futuro mais ampla . Que se manifestem todas as lideranças da advocacia, sob pena de numa próxima edição o mergulho no ranking seja ainda maior ...