Inclusão - a única solução
Se todos seguíssemos o que preceitua o caput, do artigo 5º de nossa Constituição Federal, não precisaríamos falar em inclusão, pois na medida em que víssemos que somos todos iguais, essa seria uma preocupação inócua, ou simplesmente, nem existiria, entretanto, como ainda existem muitas pessoas que se acham mais importantes e melhores que as outras, não podemos deixar de lutar pela inclusão.
Só para esclarecer, esse texto não vem pregar a inclusão das pessoas com deficiência ao convívio social tido como o “normal”; eis que essas pessoas, “os deficientes”, são especiais em demasia para se incluírem nesse mundo sórdido, hipócrita, egoísta e capitalista em que os “normais” vivem. Esse texto vem dar a oportunidade dessas pessoas “normais” se incluírem no universo mais que perfeito que é o das pessoas com necessidades especiais.
O termo inclusão quer dizer colocar dentro, inserir, contudo, no esplendor de sua percepção o ilustre sociólogo e defensor dos direitos das pessoas com deficiência, Romeu Kazumi Sassaki, nos ensina que “inclusão, em rápidas palavras, é um processo de mudança no sistema social comum para acolher toda a diversidade humana”* .
Pelo contexto do professor Sassaki percebe-se que a inclusão vai muito além de garantir a acessibilidade, em todos os seus sentidos, às pessoas com deficiência. A inclusão implica em uma mudança de pensamento e constante conscientização de que, promovendo a segregação e estimulando o preconceito, nós é que estamos sendo os “diferentes”, nós que somos os “excepcionais”; pelo fato de não conseguirmos enxergar que as pessoas com deficiências são exatamente iguais a nós; são seres humanos, que sentem, choram e que merecem viver com o mínimo de dignidade e respeito com que gostaríamos que nos tratassem.
A inclusão não é só um meio de auxiliar às pessoas com deficiência a se sentirem respeitadas; a inclusão é a ferramenta mais valiosa que nos garante a convivência em um mundo de limitações, onde o poder e a ganância não falam mais alto que o amor pela vida.
É somente com a inclusão que podemos aprender a realmente a ver, ouvir, falar, sentir, nos mover, compreendendo quão importante é cada uma dessas coisas.
Atualmente vivemos em um mundo em que o dinheiro fala mais alto, nos cegando para as dificuldades dos mais carentes; calando-nos diante das injustiças; não deixando-nos ouvir as críticas e o quanto estamos errados; paralisam-nos na humanidade, na sensibilidade e na solidariedade para com os outros do nosso nicho social.
Como disse há pouco, a inclusão deve se voltar para nós, “os normais”, que alienados pela turbulência dos negócios, vivemos a materialização do ser humano; deixando de viver e de desfrutar de cada momento de aprendizado que a vida nos proporciona e nos faz crescer e nos transformarmos em pessoas melhores e felizes.
Na verdade, nós que temos que agradecer a oportunidade de sermos acolhidos por essas pessoas que só têm o bem em seus corações; somos nós que temos que lutar pelo direito de convivermos com a diversidade, espontaneidade e felicidade peculiares dessas pessoas especiais.
Enquanto continuarmos com o pensamento análogo ao do apartheid, continuaremos sendo marginalizados e desprovidos da verdadeira felicidade; vivendo como meros escravos de antigos preconceitos, advindos de sociedades perfeccionistas que mantinham pensamentos retrógrados. Hoje, em pleno século XXI, temos a oportunidade de mostrar para o mundo que evoluímos como pessoas, e que somos capazes e merecedores de convivermos em meio a esses seres especiais.
A inclusão não é um conquista das pessoas com deficiência, pois pelos seus próprios históricos de vida, elas já são vencedoras na vida; mas é o reflexo da maior conquista que nós, “os normais” podemos proclamar orgulhosamente.
*INCLUSÃO IMPLICA EM TRANSFORMAÇÃO. Disponível em: <ttp://www/etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=6891> in
OLIVEIRA, Lilian Carla de. Acessibilidade é mais do que rebaixar calçadas. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-jun-05/direito-acesso-deficientes-complexa-abaixar-calcadas>.