EROS
Falando comigo mesma, mas todos podem ouvir, ler. Penso sempre em que tenho algo a resolver com o termo erótico: a palavra em si e algumas de suas possíveis interpretações.
Talvez alguém até relacione isto com a minha idade, mas afianço a vocês que, eu sempre tive essas concepções sobre as quais preciso me deter um pouco neste texto. Mesmo quando estava aos 18 anos de idade, olhando cara a cara para a adolescência, cheia de curiosidade. Mesmo quando estava no auge da mulher de trinta, casada, mãe e amante libidinosa.
Gosto das palavras sensualidade, libido, luxúria, lascívia e outras tantas. Aprecio também quando me sinto sensual, libidinosa, lasciva, luxuriosa, tanto em atos quanto em palavras. E, mais ainda, quando consideram que sou. Não só gosto, adoro. Desfaleço, morro de prazer.
Aos 14 anos li (escondido) A carne, de Júlio Ribeiro. Conheço o Kama Sutra, Gosto de revistas que expõem a nudez, gosto da nudez. Principalmente se artística. Fico nua com a maior facilidade, não fico constrangida. Me dano na cama, enlouqueço.
Da parte do exercício das artes, já li que é crescimento, refinamento e superação artística, por exemplo, um homem alcançar compor um personagem feminino. E quantos têm feito isto!Uns de forma magistral, grandiosa (temos que usar os adjetivos em alguns momentos), outros o fazem com uma cara de quem desejaria dizer: “Que maravilha, enfim, mulher!” Realizam seus mais recônditos desejos. Isto é lá com Freud que em tudo via, sentia e pressupunha sexo.
São tantos os grandes poetas da literatura universal que tiveram as suas experiências com a literatura erótica. Sei do valor desse tipo de literatura e a ela não quero me furtar, como os atores que envergaram personagens femininos e as atrizes que assumem personagens masculinos. Mas, não consigo escrever um texto erótico e isto é um problema a resolver. Detesto problemas.
Vez por outra enveredo pelo site e leio alguns textos classificados como eróticos. Alguns desses textos conseguem me fazer desistir do intento de neles me inspirar para compor outros versos. Pela grosseria linguística, pelo escrachamento e apelação.
Esta semana li um poema (Volúpia) da colega de Recanto das Letras, Norma Seuely Facchinetti, e fiquei encantada com a sensualidade que ela conseguiu obter na poesia. E de como soube escolher e harmonizar a gravura que acompanha o texto.
Foi nesta semana também que li o texto erótico- humorístico do poeta Hermílio Pinheiro de Macêdo Filho, O “piu piu” do passarinho. Claro que são dois pontos de vista diversos: o da mulher, exemplificado pelo texto de Norma, e o do homem, na palavra do poeta citado. Ele me inspirou um poemeto em linguagem popular, que está lá em sua página de comentários. E o de Norma está aqui me desafiando.
Ainda assim, não me sinto capaz e tal incapacidade me incomoda. Continuem, senhores leitores, sabendo que tentarei de todas as formas vencer esse bloqueio que me impede de produzir um texto erótico. Ainda mais tendo a consciência de que somos seres eróticos. Gostaria de chamá-lo de sensual. Poemas sensuais eu já escrevi. Então direi FORTEMENTE SENSUAL, só que esta classificação não está na lista do site.
Não me digam que sou carola, nem sequer frequento igreja. Não me considerem puritana. Que longe eu esteja dessa coisa terrível! E de uma coisa estejam também certos, que se eu conseguir a produção textual almejada, ela será de um erotismo velado, pois ainda não me convenci de que cenas íntimas, de sexo explícito devam ser democratizadas escrita ou oralmente. Por favor, tudo na intimidade do quarto. Assim, sim, é uma maravilha.