Gentileza gera gentileza - ELA - [ 13/11 ]
Notícia publicada na edição de 13/11/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Ela.
A noite da última terça-feira trouxe com ela um apagão quase nacional. Onde você estava enquanto o mundo se apagava? Eu estava em casa. Acendemos velas pela sala e deixamos de praguejar pela roupa que ainda não estava estendida no varal, nem pelo trabalho que se perdeu no computador. Aproveitamos o escuro para fazer algo que devíamos fazer sempre, ficar em família, jogar conversa fora, escutar alguém tocar violão. Em pouco tempo estávamos cochichando. Fiquei intrigada. Por que estávamos falando baixinho se era a luz que faltava? Ficamos horas olhando pela janela as pessoas que desciam do ônibus na avenida e tinham que caminhar várias quadras naquele escuro. Pensei nas meninas, nas mulheres, nos assaltos. Ficamos assim cuidando de longe das pessoas que passavam. Ao alcance de um grito, de um alarme, de um socorro. Lembrei que havia guardado um comentário desta coluna onde uma leitora relatava uma situação semelhante. Encontrei a história de Eliane Mendes Pacheco. Que ela conte como foi:
Há 18 anos aconteceu um fato que hoje, talvez, tivesse um desfecho diferente. Era feriado de carnaval de 91 e uma amiga de trabalho me convidou para passear na chácara dos pais dela localizada no bairro de Jundiacangana, região de Araçoiaba da Serra. Toda empolgada, de mochila nas costas lá fui eu, peguei um ônibus até Araçoiaba e o último com destino ao bairro do Cercado, como ela tinha me falado. Quando desci do ônibus e comecei a procurar de casa em casa se alguém conhecia a família desta minha amiga, ninguém nunca tinha ouvido falar. Comecei a entrar em desespero, não tinha como ligar para os meus pais e não tinha ônibus para voltar. Estava perdida. Já tinha resolvido que iria dormir no meio do mato. Ficou escuro e eu andando na estrada. Encontrei um grupo de pessoas, quando fui perguntar se alguém conhecia a família da minha amiga, de imediato me responderam que eu estava perdida. Mas Deus é tão maravilhoso que neste instante parou um carro com uma família de Votorantim e me disseram: Viemos buscar você para pousar em nossa casa, pois é perigoso você ficar andando só. Acolheram-me aquela noite e no dia seguinte foram comigo procurar a chácara de minha amiga. Localizamos a 15 km antes de onde eu estava. Minha amiga havia dado o nome errado do bairro. No final virou uma grande festa e motivo de muitas risadas. Deus é tão maravilhoso que colocou pessoas como a família do Sr. Antonio, pessoas boas e acolhedoras. Nunca mais tive contato com eles, mas agradeço a Deus eternamente por estes anjos.