Dom Pedro II e sua visão futurista
Recentemente, as cidades ribeirinhas do São Francisco, principalmente as do lado esquerdo do rio, no estado de Alagoas, como Piaçabuçu, Penedo, Porto Real do Colégio, São Brás, Traipu, Belo Monte, Pão de Açúcar e Piranhas, reviveram um pouco de sua história, ao receberem uma comitiva em que fazia parte um tetraneto de Dom Pedro II, o príncipe Orleans de Bragança, cuja missão era refazer o trajeto do Imperador, há 150 anos.
Subindo o rio, a partir da foz, Piranhas é o último município do baixo São Francisco, onde o rio é navegável, isto porque, a partir daí, uma série de cachoeiras impede a navegação, destacando-se as de maior porte, como a de Paulo Afonso e a de Itaparica, em Petrolândia. Com o objetivo de interligar o baixo ao submédio São Francisco, foi construída uma ferrovia ligando Piranhas a Petrolândia, a partir de onde poderia chegar até o alto São Francisco, em Minas Gerais, por via fluvial, completando assim o seu percurso de 2.800 quilômetros. Para a época, um grande feito, interligando diferentes regiões, pelo que o Rio São Francisco ficou conhecido como o “Rio da Unidade Nacional”. Infelizmente, a ferrovia, por onde trafegava a saudosa “Maria-Fumaça”, foi desativada no período da Ditadura Militar, cujos motivos deixo a cargo dos mais entendidos em economia e desenvolvimento social.
Depois das construções de importantes usinas hidrelétricas, como as de Paulo Afonso, Moxotó, Xingó e Itaparica, eis que surge agora, em meio a muita polêmica, a gigantesca obra da “Transposição do São Francisco”, com o objetivo de irrigar os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e parte de Pernambuco. Uma obra que, segundo os estudiosos, já fazia parte dos projetos de Dom Pedro II, no longínquo período do Império, há 150 anos. Assim, podemos dizer que aquele Imperador tinha uma visão futurista, enxergava à frente de sua época.