Criança tem que brincar e não ser gênio

Wolfgang Amadeus Mozart, célebre pianista, violinista e compositor, começou a tocar pianos aos 5 anos, ensinado por seu pai, Leopold Mozart. Franz Liszt, pianista húngaro, começou aos 7 anos, seu pai também era músico. Há semelhanças e diferenças entre os dois, porém os dois passaram pela mesma coisa: a pressão de ser um gênio com tão pouca idade. Sabe-se que Mozart contraiu diversas doenças na infância como escarlatina, malária, febre tifóide, etc e Franz Liszt tinha constantes ataques convulsivos que p´reocupava seus pais. A explicação para isso é simples, quando você espera demais de uma criança, quando cobra dela um índice tão elevado de perfeição, quando não dá tempo a essa criança de brincar, cporrer, se divertir, o corpo dela reage de forma negativa. A criança precisa ser livre, brincar, construir seu próprio mundo com imaginação, e não ser um " pequeno adulto" como se pensava no século XVIII e XIX.

Mozart teria composto o dobro de músicas e vivido mais, se não tivesse sido martirizado por seu pai e pela sociedade da época, e Liszt teria vivido mais 20 anos( ele morreu aos 75), e não teria tido crises místicas, existenciais, etc.

O lugar de criança não é estar sentada a um piano, vestida como os adultos, tocando para burgueses fúteis e sem cultura, verdadeiros " filisteus" devoradores de talento.

Nos nossos dias, infelizmente, nada mudou, esse assassinato leto e gradual as crianças continua, e esses " filisteus" que consomem o corpo e a alma das crianças, ainda se mostram como verdadeiros benfeitores da humanidade! Uma mãe que mora na favela com seus dois filhos, tem uma renda baixíssima, e que esses tem um talento para cantar, não irá ter o menor escrúpulo de usar estes filhos para ganhar dinheiro como macacos de circo!

Vemos isso em programas burgueses como o do Raul Gil, esse homem, tem sido o mais nefasto apresentador do nosso meio, ele leva crianças de 4, 5, 6 anos de idade, finge ser um pai bondoso e amoroso e escraviza a criança, prende-a num contrato que beneficia a quem? Aos pais, é claro! A criança não verá um único centavo ganho por seu talento.O que motiva um pai a expor seu filho a um povo leigo e sem critério artístico?.

Em todas as artes vemos isso, antes era apenas apanágio dos músicos, mas temos " artistas mirim" hoje transitando pela dança, teatro, cvinema, televisão, pintura, etc.

Uma criança não tem maturidade psicológica para lidar com uma vida artística cheia de altos e baixos, se adultos como Mozart, Beethoven, Chopin, Liszt, dEBUSSY, rAVEL, bAUDELAIRE, vERLAINE, mACHADO DE aSSIS, etc, passaram por crises por algumas de suas obras não ter alcançado sucesso, o que diremos de uma criançanum palco cantando sendo recebida friamente pelo público, a criança quer ser adorada, e se não há essa transferência de carinho por parte do público, ela se torna chata, orgulhosa, metida, insuportável. 4 Nov delete Dr. Robert

É tolice pensar que uma criança é " madura" culturalmente e artisticamente, ora a Flauta Mágica de Mozart foi composta aos 35 anos de vida do compositor, As Bacantes, foi a obra de velhice de Eurípedes!

Um artista pode ser treinado desde crianças, mas JAMAIS! JAMAIS! será um artista consagrado na infância ou na adolescência , mesmo que esses cantores de pop teens, fama não é sinal de muitas pessoas conhecerem ou não o seu trabalho, mas sim sua obra ser universal, assim como é universal a obra de Shakespeare e Goethe.

Com certeza, a mídia ao colocar crianças " talentosas" ou " superdotadas", reforça o mito do virtuose, o mito cujo artista é sofredor, doente, solitário e que só cria sob intenso devir ou loucura, libertemo-nos destas ideias pré-concebidas. Gênios não podem ser construídos por faixas etárias, a criatividade é independente da idade, sexo, etnia, etc. Seria arbitrário se Stravinsky, aos 50, 60 anos, não fosse tão bom quanto com seus 15, 16 anos, mas então por que a mídia insiste em que crianças podem ser artistas no sentido estrito da palavra?? Houve um retrocesso, a indústria cultural, termo muito usado por Theodor W. Adorno, é moderna apenas no nome, porque ainda vê as crianças talentosas como" pequenos adultos".