AGROTÓXICOS: UM TIRO PELA CULATRA
Durante a segunda guerra mundial, tanto a Alemanha como os E.U.A., se prepararam para matar gente em massa com produtos químicos. Felizmente, não foram usados em combate. Cada lado tinha medo demais dos venenos.do outro.
Após a guerra, existindo grandes estoques e grandes capacidades de produção, os químicos lembraram-se de que o que mata gente também mata inseto. A agricultura serviu para dar vazão aos estoques que sobraram e para manter funcionando as indústrias de venenos que foram montadas.
Surgiram assim vários tipos de inseticidas e também herbicidas e fungicidas.Os fabricantes desses agrotóxicos deram-lhe o nome de defensivos agrícolas e instalaram, em todo o mundo, um negócio muito rendoso para eles,mas altamente nocivo à vida.
É importante ressaltar que não foi a agricultura que suscitou os agrotóxicos: foi a indústria química que conseguiu impor seu paradigma na pesquisa e no fomento agrícola e dominou as escolas de agronomia.
No Brasil, a indústria química obteve inúmeros benefícios fiscais para incentivar o uso de agrotóxicos.
Já em 1984, as empresas produtoras aqui instaladas sintetizaram 43 produtos, abrangendo as três classes: inseticidas, fungicidas e herbicidas. Nesse mesmo ano, foram vendidas 14.166 toneladas de inseticidas, 14.780 de fungicidas e 21.278 de herbicidas, rendendo um total de 714,1 milhões de dólares.
Em face desses números, algumas perguntas se impõem: -É sensato gastar milhões de dólares em milhares de toneladas de venenos que contaminam o solo, as plantas e os animais, os rios, lagos e lençóis freáticos? –É sensato o uso desse volume de agrotóxicos, sabendo-se que a exposição constante a doses relativamente baixas desses venenos agride terrivelmente a saúde? –É sensato o uso de agrotóxicos cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos?
É claro que nada disso é sensato. Todavia, o que põe mais a nu a insensatez do uso massivo de agrotóxicos é o fato de podermos dizer que o tiro saiu pela culatra: as pragas, ao invés de desaparecerem ou diminuírem, aumentaram em número assustador. Há um verdadeiro círculo vicioso: os pesticidas tornam resistentes as pragas, exigindo a sintetização de novos produtos para combater linhagens que, em pouco tempo, por efeito de seleção, tornar-se-ão resistentes a esses novos produtos.
O controle de todo o complexo de pragas dificilmente será alcançado, a menos que se considerem prioritariamente os predadores naturais. Há casos em que as pragas se tornam resistentes e os predadores naturais são eliminados. Um bom exemplo disso ocorreu com a lagarta que ataca o algodoeiro. Seu número era regulado pelos predadores naturais, mas o uso de produtos químicos para acabar com a praga resultou no extermínio dos predadores, ao passo que a lagarta desenvolveu resistência aos produtos.