LIDERANÇA CRISTÃ - ( V I ) - O Judeu Paulo
PALAVRAS DE VIDA
Pr. Serafim Isidoro.
LIDERANÇA CRISTÃ
(VI - O JUDEU PAULO – Escravo do Cristo)
“Porque ouvistes qual foi o meu procedimento outrora no judaísmo...” – Gl. 1.13
No boulê – plano de Deus - um judeu preparado e mestre seria o líder maior do cristianismo, excetuando-se somente ao seu Senhor. Apesar de colocado em segundo lugar em relação ao apóstolo Pedro, Paulo, apóstolo (enviado) aos gentíos, só aparece no cenário apostólico dois anos após o Pentecoste que inaugurou o estabelecimento da Igreja. Mais uma vez se evidencia a premissa de que nem sempre o primeiro seja o melhor, o líder. Paulo não conheceu o Cristo segundo a carne. Não conviveu com Ele em Sua vida terrestre. Paulo, então chamado Saulo, era perseguidor da Igreja, judeu ortodoxo e fariseu.
No livro Atos dos Apóstolos, duas lideranças, como que as asas de um avião, aparecem como estabelecidas na Igreja: Pedro, apóstolo aos judeus; Paulo, apóstolo aos gentíos. Estes dois líderes laboraram em territórios diferentes e com específicas práticas na vida de seus discípulos ou liderados. Pedro, aproxima o cristianismo ainda às práticas do judaísmo. Parece não entender o ingresso dos gentíos – nações ou povos que não o judeu – apesar da revelação que teve na experiência do romano Cornélio – At. 10.
Mas quem, realmente, é esse Paulo?...
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo. Pois já ouvistes qual foi outrora o meu procedimento no judaísmo, como sobremaneira perseguia a Igeja de Deus e a assolava, e na minha nação excedia em judaísmo a muitos de minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar Seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentíos, não consultei carne e sangue...” – Gl. 1.13-16.
Qual é a liderança desse Paulo?...
Em primeiro lugar, diríamos ser uma liderança participativa. Não foi há muito tempo que descobri, na língua portuguesa um vocábulo, uma “palavrinha”, que tem múltiplas utilidades e que é fundamental para as definições da teologia, da doutrina bíblica e até da lógica: Parceria. Definimos que: a) tudo o que Deus faça no homem, o faça através do homem. Esta é uma regra fundamental. Parceria: “De Deus somos cooperadores (synergoi - parceiros); lavoura de Deus sois vós” – I Co. 3.9.
b) Tudo o que o homem cristão faça, necessita fazê-lo com a ajuda de Deus – Isto é parceria: “Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele indireitará as tuas veredas”- Pv. 3.6. O paradigma parceria é visto na Velha como na Nova Aliança. Somos cooperadores, parceiros de Deus. Ele nos acompanha com os sinais que se seguem – Mc. 16.20. Ele orienta-nos (ainda é parceria) no que devemos fazer:
“Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” – At.15.28. “Separai-me a Saulo e a Barnabé, para a obra que os tenho chamado...” – At. 13.2.
c) De nosso lado, pedimos a Sua parceria: “E agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus escravos – douloi sou – com toda ousadia falarem a Tua palavra...” – At. 4.29. – “Não tenho prata, nem ouro, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda...” – At.3.6. – Isto é parceria.
Entretanto, entre a liderança, a administração de Pedro, que era ministro da circuncisão – Gl. 2.7 - e a liderança de Paulo, que era didaskalos – ensinador, doutor, doutrinador dos gentíos – I Tm. 2.7, há uma diferença abismal na prática. De sorte que se ambos pastoreassem a mesma igreja local, por certo haveriam choques de tal ordem que o resultado seria (como no caso de Abraão e Ló) seguiriem cada um para o seu próprio lado. Um para a esquerda e o outro para a direita, como de fato aconteceu – Gl. 2.9.
(continua)
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