COMBATE À ‘PLASTICOMANIA’
Passiva e inconscientemente, o brasileiro incorporou à sua rotina o uso do saco plástico como a 'embalagem mais adequada' para tudo. Seja no supermercado, na farmácia, na padaria, na livraria ou na loja de confecções, por menor e mais insignificante que seja a compra, vem sempre dentro de um saquinho plástico.
O plástico (material composto de resina sintética originária do petróleo e inventado há 147 anos, por Alexander Parkes) tem a preferência de uso porque, simplesmente, reduz os custos dos comerciantes com embalagens. Mas a utilização indiscriminada e o lançamento na natureza provocam verdadeiros desastres.
A utilização sem controle dessas embalagens, principalmente as sacolas de supermercados (produzidas a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade - PEBD) preocupa os ambientalistas brasileiros, ora empenhados em acabar com a cultura da plasticomania.
Não sendo biodegradáveis (são formados por cadeias moleculares inquebrantáveis), os sacos plásticos levam centenas de anos para desaparecerem na natureza. No Brasil essas embalagens representam 9,7% de todo o lixo produzido: cerca de 210 mil toneladas/ano. Abandonados nos vazadouros, os saquinhos impedem a passagem da água, contribuem para o retardamento da decomposição de materiais biodegradáveis e dificulta a compactação dos detritos.
Lançados nos mares, os plásticos são ameaça constante para mais de 200 diferentes espécies marinhas. Os sacos são letais para tartarugas, baleias, golfinhos, focas e outros mamíferos marinhos, que os confundem com animais que lhes servem de alimentos, como as águas-vivas e lulas. A ingestão do lixo pode levá-los à morte por asfixia ou pelo bloqueio do intestino.
Um relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas alerta para o impacto da poluição plástica. São registrados mais de 46 mil detritos de plásticos a cada milha quadrada de oceano, o suficiente para provocar a morte de um milhão de aves marinhas, 100 mil mamíferos aquáticos e milhares de peixes. A poluição, aliada à pesca predatória e ao aquecimento global, respondeu pela ameaça e/ou extinção de 24% das espécies marinhas, em 2002. Na década de 1970, esse percentual era de 10%.
Em alguns países com populações detentoras de um grau de consciência ecológica superior ao nosso, como a África do Sul, Alemanha, Botswana, Canadá, Grã-Bretanha, Índia, Irlanda, Quênia, Singapura, Taiwan e Tanzânia a plasticomania foi abolida. A prática antiecológica é, inclusive, coibida com punição pecuniária dos infratores.
Inquieta-nos saber que os brasileiros não se preocupam com a terrível multiplicação do lixo plástico no meio ambiente. Recentemente, o governo federal lançou a campanha "Saco é um saco" para incentivar a população a ir às compras com sacolas de pano ou de palha. Mas a campanha é tímida, acanhada, sem impacto e nenhum vigor. É preciso, urgentemente, que o país tenha uma eficiente e eficaz política nacional de resíduos sólidos, que possa responsabilizar os produtores e distribuidores pela coleta e processamento dos materiais que degradam o meio ambiente e coloca em risco a qualidade de vida das espécies.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/11/11/opiniao.asp