A gênese do feudalismo

Um resumo baseado no primeiro capitulo do livro O feudalismo de Hilário Franco Jr.

• O feudalismo tem suas raízes ligadas intimamente com a situação em que se encontrava Roma dos séculos III até o principio do século X que a partir dessa época consolidara-se por toda a Europa.

• Dentre os fatores que constituíram a gestação do Feudalismo podemos destacar sete. Dentre eles:

1. A ruralização da sociedade

2. O enrijecimento da hierarquia social

3. A fragmentação do poder central

4. O desenvolvimento das relações de dependência pessoal

5. A privatização da defesa

6. A clericalização da sociedade

7. As transformações da mentalidade

• 1. A intensa necessidade de reposição do estoque de escravos, base da mão-de-obra Romana, somada pouca arrecadação de impostos do estado, impossibilitando campanhas de novas conquistas e aquisição de escravos, gerou uma crise. Juntamente com a necessidade de manter os pobres e desempregados à pão e circo a crise tomou proporções imensas. As cidades se tornaram pontos de constantes lutas sociais e tensões econômicas, o que levou ao êxodo urbano em massa.

• 1. A pouca mão-de-obra tanto livre (devido à retração populacional) quanto escrava (devido a problemas de abastecimento) levou a implantação de um novo sistema. O Colonato era este sistema, do qual lotes de terras eram doadas a trabalhadores que deveriam doar parte do que produziam e também trabalhar, sem nenhum tipo de remuneração, nas terras do proprietário. Esse sistema acabou tornando os trabalhadores verdadeiros reféns da terra, ou escravos da terra, pois a sua regulamentação definira claramente os papéis que os colonos quanto os proprietários deviam cumprir.

• 2. A partir do século IV estabeleceu-se a vitaliciedade e hereditariedade das funções, quebrando a relativa mobilidade anterior, enrijecendo a hierarquia social.

• 3. Praticamente dois sistemas monetários, distanciava a aristocracia latifundiária e/ou burocrática da massa dependente.

• 3. As invasões bárbaras posteriormente contribuíram para o crescimento desse quadro de regionalização da aristocracia reforçando seus privilégios. E a vida urbana continuou em decadência quadro remanescente da crise.

• 3. Os invasores mantiveram as estruturas anteriores, de forma de que as camadas sociais permaneceram inalteradas.

• 3. A comunidade bárbara (germânica) já instalada em Roma acabou por sofrer transformações, devido a sua inferioridade numérica e cultural acabou por convergir para a mesma polarização que a sociedade romana vinha conhecendo há tempos.

• 3. “Contudo, com o tempo, seguindo a lógica da evolução social da época, aqueles homens livres (dos quais trabalhavam nas terras tomadas pelos germânicos, geralmente um terço) acabavam por entrar em algum tipo de dependência. Portanto, as sociedades romana e germânica, passando a ter estruturas semelhantes e identidade de interesses ao nível das aristocracias, puderam aos poucos ir se fundindo numa nova sociedade.”

• 3. Com a tendência a auto-suficiência de cada latifúndio, os representantes do poder imperial foram perdendo a capacidade de ação sobre vastos territórios.

• 3. Contudo foi estabelecido o pluralismo, que ganhou força a quebra da frágil unidade política dos romanos pelas invasões bárbaras, desde então jamais deixaria de caracterizar a vida política européia.

• 4. Um sistema de beneficio foi formado, no qual o rei acabava concedendo parte da sua terra para usufruto do bem/imóvel que era vitalício e geralmente renovado em favor do herdeiro, desta forma o concessor perdia aos poucos o controle sobre os próprios servidores.

• 4. “Em suma, ocorria um recuo das instituições públicas, ou melhor, sua apropriação por parte de indivíduos que detinham grandes extensões de terra e nelas exerciam em proveito próprio atribuições anteriormente da alçada do Estado.”

• 4. O isolamento de grupos humanos, o crescimento da distancia social e da fraqueza do estado, desenvolveu relações de dependência pessoal.

• 4. “A instituição que mais sucesso teria nesse desenvolvimento das relações de dependência pessoal foi a vassalagem.”

• 4. “Terminologicamente, foi então que vassalus suplantou outras palavras que também designavam um homem livre que se havia recomendado a outro.”

• 4. Desde o principio do século VII o termo vassalo passou a ser empregado também em relação a homens livres, ainda que de condição inferior.

• 4. O incentivo a difusão dos laços vassalisticos foi inicialmente com intenção de aumentar o controle de todos os escalões da sociedade. Que promoveu justamente o oposto pois os vinculados de um vassalo para com seu senhor levavam-no a defender os interesses deste e não do rei.

• 5. Desde o século IV concessões de cargos do exército eram feitas naturalmente à germanos, posteriormente diante da fraqueza do estado surgiram milícias particulares com laços de devotamento pessoal ligando os guerreiros ao seu chefe que protegiam os latifundiários.

• 5. Para sobreviver das intensas invasões, a Europa católica cobriu-se de castelos e fortalezas. A fragmentação política completou-se, pois a regionalização da defesa era uma necessidade.

• 6. Uma das mais profundas transformações, à considerar como aspecto que levou ao feudalismo, foi a clericalização da sociedade, ocorrida no Baixo Império Romano. Pode-se falar clericalização em dois sentidos:

1. Quantitativamente, porque a proporção de clérigos em relação ao conjunto da população torna-se muito superior à que existira no paganismo ou mesmo que viria a existir em outras sociedades

2. Qualitativamente, porque o clero torna-se um grupo social diferenciado dos demais, possuidor de privilégios especiais e de grande poderio político-econômico.

• 6. Só o clero podia realizar os rituais da liturgia cristã, que exigia cada vez mais que seus oficiantes fossem especialistas, devido a sua complexidade. Isso junto à melhor definição dos sacramentos levou a uma monopolização da palavra de cristo.

• 6. A igreja estava bem enraizada neste mundo apesar de “não pertencer a ele”, formando uma sociedade autônoma e completa, com sua organização de leis .

• 6. O desaparecimento do Império não afetou a Igreja, visto que Constantino no século IV tornou o cristianismo à religião oficial do Império.

• 7. Por fim, um último aspecto a ser considerado no processo da gênese do Feudalismo são as transformações na mentalidade. A mentalidade tem um ritmo histórico muito mais lento que os fatos sociais, econômicos ou políticos.

• 7. Estas transformações estão ligadas ao cristianismo. Três mudanças mentais significativas ocorreram. São elas:

1. Um novo relacionamento homem-Deus,

2. Uma nova concepção do papel do homem no universo

3. Uma nova auto-concepção do homem

• 7. O racionalismo foi sendo superado, pelo seu pouco resultado, que era restrito somente a uma elite urbana e intelectual e ter com o tempo mostrado limites de sua ação efetiva.

• 7. “Assim, firmava-se aos poucos uma mentalidade simbólica que via no mundo um grande enigma decifrável somente pela fé... A razão passava a ser vista como instrumento diabólico, que mantinha o homem na ilusão de uma falsa sabedoria que o afastava da Verdade”

• 7. Decorria, naturalmente, uma nova visão do homem sobre si mesmo, pela qual a condição humana estava nas mãos de Deus e não da sociedade. Assim o homem devia colocar-se nas mãos de Deus.

• 7. “A conversão ao cristianismo lhe daria as qualidades morais anteriormente vistas como exclusividade dos seguidores da cultura clássica; a revelação decorrente da conversão abriria até aos mais humildes e incultos a compreensão da vida e do mundo.”

Estou (realmente) retirando a licença para facilitar para quem procura algo sobre.

Por favor comente =D;

Lucas Dias
Enviado por Lucas Dias em 11/11/2009
Reeditado em 20/03/2011
Código do texto: T1916812