SAIA CURTA, SAIA JUSTA, VIOLÊNCIA E TRAPALHADAS: AS ANTI- LIÇÕES DA UNIBAN
Não pretendia escrever sobre esse episódio teatral que pelas lamentáves cenas já poderia ser chamado de “A novela da saia curta”. Resisti o quanto pude na esperança de que não viesse a passar de um incidente envolvendo jovens e adolescentes de uma universidade, até aí, algo aceitável.
Surpreso eu fiquei com a falta de habilidade dos dirigentes da citada instituição, ao lidar com o assunto, transformando um copo d’água numa tempestade, dando uma demonstração pública de incompetência, e preciosas lições daquilo que não se deve fazer no contexto educacional. Causa espécie, ver que pessoas pelo menos aparentemente tão bem formadas, sejam capazes de trapalhadas jurídicas tão infantis, a ponto de dá inveja ao Chaves e ao Kiko, sem querer ofender os dois.
De qualquer forma, vamos tirar algumas lições desse verdadeiro imbróglio na qual se meteram os dirigentes da Uniban.
Saia curta não pode, ela atenta contra a moral e os bons costumes da universidade. Garotas decentes não vestem saia curta, isso provoca reação de uma comunidade que ainda vive na idade média, alheia à realidade que os cercam. Os alunos da Uniban (e não são todos tem gente boa e educada nesse meio) se parecem mais com alunos de uma universidade Talibã, localizada no coração do Afeganistão. Que tal adotar a Burka como farda para todas as alunas? Isso com certeza deixaria os Aiatolás da Uniban com suas consciências tranqüilas. Santa hipocrisia.
A segunda lição é: Violência e intolerância podem. Parece que o regimento interno da famigerada instituição se esqueceu de acrescentar além da preocupação com a falsa moralidade, também o respeito para com a liberdade dos outros. Parece que esta aula os dirigentes faltaram. O Brasil é um país democrático, as pessoas tem direito de se vestir como bem entenderem; e ainda que seja tolerável a restrição em determinados ambientes, isso deve ser feito dentro dos limites da lei, respeitando a Constituição Federal, mas parece que este documento também é um ilustre desconhecido na Uniban.
Não se pode aceitar que pessoas sejam hostilizadas, achincalhadas, ridicularizadas, agredidas, e finalmente julgadas ao arrepio da lei e sentenciadas a expulsão sumária sem direito de defesa. Doe ver um advogado na televisão tentando explicar o inexplicável. Parece que estou diante do conto infantil Alice no País das Maravilhas que narra a história de um estranho julgamento que submeteu Alice a um Júri Popular.
A presidenta do Júri era a Rainha de Copas, que tinha escolhido também os membros do Conselho de Sentença. Alice respondia pelo crime de lesa-majestade, sem ter idéia do que se tratava, enquanto que a Juíza era sua própria inimiga.
Composto o Júri, a juíza grita: "Cortem a cabeça".
Alice protesta: " Mas, e o julgamento?"
A presidente do Júri, responde: " Primeiro a sentença e depois o julgamento".
Por Falar em saias, no final, de um atrapalhado processo de expulsão e revogação, que bem poderia inspirar um filme do Renato Aragão; os dirigentes da Uniban vestiram SAIAS JUSTAS, nem curta nem longa (para não dar problemas), sendo este até agora o último ato dessa verdadeira comédia educacional. Parece que nesse vestibular, os dirigentes e a própria universidade foram reprovados. Santa ignorância.