A Aposta Teológica de Pascal

O matemático francês Blaise Pascal, em sua obra “Pensamentos”, utiliza a probabilidade matemática, utilizando como metáfora uma moeda, para fazer com que as pessoas creiam em Deus e obedeçam as suas leis. Sintetizando o que Pascal disse, é o seguinte: “É melhor acreditar em Deus, porque se você estiver certo poderá ganhar o júbilo eterno, e se estiver errado não vai fazer a menor diferença. Por outro lado, se você não acreditar em Deus, e estiver errado, será castigado eternamente, e se estiver certo não vai fazer diferença. Qual é a probabilidade de, ao jogar uma moeda para o alto, ela dê coroa ao cair na palma da mão? É de 50%. Faça a mesma experiência, utilizando agora “Deus existe ou não?” Pensando assim, a decisão se torna óbvia: acredite em Deus.”

Por que Pascal não utilizou como instrumento em sua metáfora teológica um quadrado de seis lados, como um dado comum, ou um polígono como o decágono? Aí essa porcentagem seria bastante reduzida.

Este argumento de Pascal só poderia servir se Deus não for onisciente, pois como podemos perceber, crer em Deus da forma como Pascal estimula é uma crença fingida e interesseira.

Será que Deus existindo, ele não respeitará muito mais um ceticismo honesto e sincero do que uma fé fingida e capitalista?

E se nós supusermos que o Deus que o confronte quando você morrer seja Baal, e supunha que Baal seja tão invejoso quanto seu rival Jeová. Não seria melhor que Pascal não tivesse apostado em nenhum deus, em vez de apostar no deus errado? O próprio número de deuses, deusas, crenças e dogmas são tantos e tantos em potencial em que se possa crer e apostar, não corrompe toda essa lógica débil de Pascal?

Um Deus projetista não pode ser usado para explicar a complexidade, porque qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisa, como por exemplo um universo incomensurável, esse deus teria que ser complexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. E isso nos coloca novamente diante da suprema questão sobre “quem projetou o onipotente projetista, quem ou o quê criou o criador?” E isso nos levaria a uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir.

Toda coisa ou ser ou ente complexo que encontramos atualmente não veio do acaso, mas de bilhões de anos de sucessivas combinações, mutações químicas e biológicas. Agora imaginemos um ser tão complexo como Deus é caracterizado. Como este Ser sempre existiu? Como este ser tão complexo não se originou de absolutamente nada? Isso é totalmente impossível.

Basta pensarmos mais, analisarmos mais, escavarmos mais as coisas para obtermos realmente fatos verídicos, verdades empíricas, e não ficarmos ainda aprisionados por tantos mitos que nossos ancestrais criaram.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 09/11/2009
Código do texto: T1913473
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