À SEGUNDA PÁTRIA
Eu tinha encerrado meus textos sobre a Copa com a homenagem à minha Seleção dos Sonhos: a brasileira, de 1982! Única! Inigualável! Insubstituível! Mas deixem-me escrever só mais um artigo; e com o perdão de vocês, pegajoso, emotivo, feminino...sentimental. Mas é que não resisto!
A razão está no sangue e talvez que, também, nas minhas vidas passadas (já que o trabalho regressivo já me desvelou não sei quantas delas vividas na Itália). De maneira que, bisneta de italiano calabrês, sou obcecada com a história antiga de Roma; aficcionada por uma bela macarronada à calabresa; por uma pizza napolitana, por um caneloni; e - confesso! - fã ardorosa da agora vitoriosa Squadra Azzurra, em caso de zebra mais do que listrada como a que, nesta Copa, vitimou o meu Brasil!
Perdoem-me se me fala alto, agora, o sangue, que me liga lá ao 'biso' Antonio Olivieri, a quem conheci, infelizmente, somente por uma única fotografia. Mas o fato é que, brasileira que sou, não difiro de nenhum outro. Pois é patente, ponto pacífico, que quase todos nós aqui da terra canarinho possuimos, ou um pé na Itália, ou em Portugal, ou na África, ou na Holanda...ou em todas estas nossas raízes de colonização...
Mas talvez o que me mobilize, agora, a prestar esta homenagem à Squadra Azzurra seja um prazer meio anacrônico, meio desfocado...um consolo por tabela. O de ao menos ver a minha segunda pátria dignificando, com ardor e paixão, como é deliciosamente próprio do italiano, a sua camisa e o seu povo! Como é gostosa a forma como comemoram! Amassam-se, choram, berram, gritam, abraçam-se, descabelam-se, jogam-se no chão, exibem-se, mostram orgulhosamente a taça à torcida - juntam-se, ardentes, à ela, no calor da comemoração...no amor e orgulho de serem italianos, e da bela conquista esportiva para o país que representam!
Não sei porque me comovi. Talvez a voz do sangue, que me tenha falado alto; afinal, a Itália poderia ser a minha dupla cidadania. E, não por coincidência, não é de hoje que a adoro de coração, de alma - desde a língua até a história, o temperamento, as paisagens e a comida! - algo sem explicação, já que, afora a descendência, nunca pus os pés lá; o que, diga-se, é um dos meus maiores sonhos!
Biso Olivieri, se é que sabe das notícias daqui lá do outro lado da vida, talvez que esteja feliz. É bem possível!...
Então, em nome da voz forte da descendência que me leva a emocionar nestas horas; em nome de ser eu, também, e meus filhos, alguns dos milhões de descendentes de italianos no nosso querido Brasil - parabéns, Squadra Azzurra! Pela dignidade da luta; pela alegria por tabela! Por ter me proporcionado, pelo menos, a gratíssima emoção pela garra da conquista do título de tetra campeão para a segunda pátria do meu coração!
Com amor; fortíssimo!
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