O poder do silêncio - Maçonaria
Era comum os mais antigos falarem para ter cuidado com certas pronúncias que diziam que “as paredes têm ouvidos”, onde desconfiavam de coisas não condizentes, ou seja, expressar o que não é sinal de bom senso e de aumento da paz.
Costumo falar que, se estiver com sono, durmo até ao lado de uma banda de rock’n roll que esteja tocando, coisa que não acontece com outras pessoas. O silêncio, também acompanhado de meditação, poderá até mudar o nosso destino no sentido da saúde e da prosperidade.
Todas as manhãs pratico dez minutos de meditação, com os olhos fechados e em completo silêncio numa contemplação com Deus. Para minha surpresa, melhorei a visão para perto e onde precisava de óculos já não uso mais. No Dicionário de Maçonaria, de Joaquim Gervásio de Figueiredo, há as seguintes definições sobre o silêncio:
SILÊNCIO. Virtude maçônica, mediante a qual se desenvolve a discrição, corrigem-se os defeitos próprios e se usa prudência e tolerância em relação a faltas e defeitos dos outros. na Maçonaria se costuma simbolizá-lo pela trolha, com a qual se deve estender uma camada de silêncio sobre os defeitos alheios, tal qual faz o pedreiro vulgar com o cimento para cobrir as arestas do edifício em construção. (Cf. Esfinge: Sigé.)
SILÊNCIO e VIRTUDE. 1- Divisa bordada em outro e azul sobre a jarreteira de cetim branco, usada pelos irmãos da Maçonaria de Adoção como um distintivo de sua Ordem. 2- Divisa bordada sobre uma jarreteira verde que os Cavaleiros Rosa-Cruz de Kilwinning do Rito de Misraim usam pregada no joelho esquerdo.
A seguir, transcrevo texto do Irmão J. Y. Leloup fazendo referência so silêncio.
“Aprende com o silêncio a ouvir os sons interiores de sua alma, a calar-se nas discussões e assim evitar as tragédias e desafetos.
Aprende com o silêncio a aceitar alguns fatos que você provocou, a ser humilde deixando o orgulho gritar lá fora, evitar reclamações vazias e sem sentido.
Aprende com o silêncio a reparar nas coisas mais simples, valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido.
Aprende com o silêncio a que a solidão não é o pior castigo, existem companhias bem piores.
Aprende com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo.
Aprende com o silêncio que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar. Como a Terra que faz a volta completa sobre seu próprio eixo, complete a sua tarefa.
Aprende com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia, enxergar em você as qualidades que possui, equilibrar os defeitos que tem e sabe que precisa corrigir e enxergar aqueles que você ainda não descobriu.
Aprende com o silêncio a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior das cobranças, na briga mais acalorada, na discussão entre familiares.
Aprende com o silêncio a respeitar o seu “eu”, a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o Templo que é o seu corpo e o Santuário que é a sua vida.
Na Natureza tudo acontece com poder e silêncio. Com um silêncio poderoso que, por vezes, o silêncio é confundido com fraqueza, apatia ou indiferença.
Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos.
Acredita-se que o silêncio não combina com o poder, pois este tem se confundido com prepotência e violência.
O Sol nasce e se põe em profunda quietude, move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma rosa sem a ferir e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar; aí uma vez vamos encontrar na Natureza lições preciosas a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude.
As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído.
O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo e nem lhe notamos a presença.
A luz, a vida e o espírito, os maiores poderes do Universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência.
Como nos domínios da Natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de violência física. Quando um homem conquista o verdadeiro poder toda a antiga violência acaba em benevolência.
A violência é sinal de fraqueza. A benevolência é indício de poder.
Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência.
Deus, que é o supremo poder, age com tamanha quietude que a maioria dos homens nem percebe a Sua ação.
Essa poderosa força, na qual estamos todos mergulhados, mantém o Universo em movimento, faz pulsar o coração dos pássaros, dos bandidos e dos homens de bem, na mais perfeita leveza.
Até mesmo a morte chega de mansinho e, como hábil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico.
O verdadeiro poder chega sem ruído, sem alarde e sem violência.
“Boa Terra em teus pés, Água o bastante em tua semente, bom Vento para o teu sopro, Fogo em teu coração e Amor em teu ser”.
Por Irmão José Pedroso