O estranho caso de um vestido cor-de Rosa
Uma jovem é humilhada e ameaçada de estupro. Não isso não aconteceu na idade média, nem em um país extremista. Aconteceu semana passada, no Brasil, e o que é pior, dentro de uma universidade.
Geyse, uma estudante de turismo de São Paulo, teve de ser escoltada por policiais para poder sair da universidade sem ser apedrejada. O que a tornava motivo de tanta revolta? Um vestido que qualquer estudante de qualquer universidade poderia estar usando.
Cresci acreditando que não seria testemunha de cenas como essa. Talvez porque eu ainda acreditasse que alguns terrores fossem coisa do passado, e que todas as Madalenas já tivessem sido perdoadas pelo bom senso. Engano meu. Nós mulheres ainda somos aprisionadas por espartilhos e sutiãs, alguns bem invisíveis.
Continuamos recebendo 30% a menos que os homens pela mesma função. Enquanto homens se divertem sem culpa, continuamos com medo de sermos julgadas pelos nossos desejos. Continuamos acreditando que se não formos a melhor em tudo não valemos nada.
Geyse sofreu por ser uma mulher, bonita e livre. Ela não pediu para ser humilhada, como muitos alegam. Ela só queria usar um vestido de festa. O que faz a estudante tão diferente de nós?
Para mim, essa onda de intolerância presente cada vez mais nos noticiários, é assustadora. Homossexuais são perseguidos apenas por serem diferentes, pessoas cada vez mais fechadas no seu próprio mundo dividido por bairros, neonazistas cada vez mais prestigiados pela comunidade.
Por quê acreditamos que uma pessoa deve ser julgada pela roupa que usa? O que nós faz pensar que temos o direito de julgar alguém? Talvez seja o mesmo sentimento que nos torna tão intolerantes, a insegurança.