Sob o signo do mal

Dica de leitura:

Livro: O ANJO MAU

Título original: WICKED ANGEL

Autora: TAYLOR CALDWELL

Existem realmente pessoas nascidas sob o signo do mal: sua natureza é perversa, são criaturas que, voluntaria ou involuntariamente, espalham malefícios que atingem as que vivem em seu meio ou que delas se acercam.

Mas procede tal versão?

A crença é muito generalizada e antiga para que não tenha algum fundo de verdade...

E sendo a crença verdadeira, que terrível castigo para uma pessoa será o ter de carregar esse estigma vida afora, vítima de uma crueldade do destino que a marcou por tão triste distinção entre seus semelhantes...

Esta é a história de um desses infelizes seres humanos, estranhamente um menino cuja aparência jamais faria alguém supor tratar-se de uma pessoa capaz de causar malefícios a quem quer que fosse. E esse tema de horror e suspense, um desafio mesmo para um habilidoso escritor, foi aceito por Taylor Caldwell.

Certa da qualidade e grande força da história, produto de sua inspirada criação, a escritora inglesa o explorou e o resultado foi um romance empolgante no qual se conta a aterrorizante sina de Ângelo, orgulho de sua mãe, que o considera a mais bela e inteligente criança do mundo – e tinha toda a razão para assim pensar... enquanto que por trás do seu sorriso ingênuo e do seu encanto, no recôndito de sua alma havia tanta coisa sinistra e tortuosa!

Qual era o pavoroso segredo de Ângelo e de sua personalidade que torna difícil esquecer esta obra-prima de suspense?

INÍCIO DO LIVRO:

Ele podia sentir a raiva súbita explodir em seu íntimo. Gostava de sentir raiva. A torrente impetuosa e instantânea invadia suas entranhas. Uma excitação intensa provocava nela uma exaltação voluptuosa de todas as sensações. Suas manifestações externas atraíam a mãe para o seu lado, cheia de murmúrios de protestos doces, fingindo ralhar sob carinhos, dando-lhe uma sensação de importância. A menos, naturalmente, que ELA estivesse lá, como estava hoje. ELA, a odiada, com sua profunda intuição, nas poucas vezes em que estivera sozinho com ELA, e ELA o enfurecera provocando a torrente de raiva, não houvera arrulhos, nem ralhos fingidos, compensados mais tarde por doces e biscoitos. Só uma palmadinhas ríspida em suas nádegas, olhos imensos cheios de desprezo, palavras duras e o castigo no quarto solitário. Ele nunca esquecera ou perdoara. Ele A odiava, sempre A odiaria. Não ousou externar sua raiva hoje, nem ousou fazer a experiência para ver se mamãe o protegeria de outra agressão, de nova rejeição, ou de mais palavras de desprezo. Ele era muito sensível, como todos os de sua espécie. Aos quatro anos conseguia entender, sem necessidade de palavras.

Não, ele precisava controlar a torrente que ameaçava transbordar em seu íntimo, e seu rosto enrijeceu-se de emoção contida, ódio e autopiedade. Ele choramingou baixinho, sentado na soleira da cozinha.

As vozes continuaram, a de mamãe e a d’Ela, a detestável, enquanto ele remoia seus pensamentos, sem conseguir ouvir quase nada. Uma joaninha passou ao alcance de seu pé. Com o salto do sapato ele esmagou o inseto inocente contra o concreto, e sorriu. Uma borboleta passou junto dele, e o menino levantou a Mao para destruí-la, mas ela era cautelosa, além de linda, e escapou. Ele deu um grito indignado, e esfregou as nádegas no degrau.

Vandeir Freire
Enviado por Vandeir Freire em 02/11/2009
Código do texto: T1900659