Oh Deus! Dá-nos outro Lutero.

No ultimo dia 31, cristãos de toda parte do mundo comemoraram os 492 anos da Reforma Protestante. Trata-se de um episódio ocorrido em 31 de outubro de 1517, quando o monge Martinho Lutero afixou na porta da Catedral em Wittenberg, 95 teses contra as indulgências cobradas pela igreja Romana. Aquele ato repercutiu por toda a Alemanha chamando a atenção de Roma. Alguns motivos levaram Lutero a romper com o sistema, mas queremos destacar aqui apenas três deles, que chamaremos de pilares da Reforma, reforma essa que entendemos, precisa se repetir em nossos dias. O fato que deflagrou a revolta de Lutero, foi ele ter convidado seus pares para um debate em torno de um documento que preparou a partir de uma revelação bíblica, e esse documento ficou conhecido como as "95 Teses". A base da reforma, portanto, partiu desses três pilares: SOLA FIDE, SOLA SCRIPTURA e SOLUS CHRISTUS. Vamos agora tentar explicar cada um deles: SOLA FIDE (somente pela fé). Lutero aprendeu ao ler a palavra, inspirado pelo Espírito santo, que a salvação se dá somente pela fé em Jesus Cristo como Salvador. A única ação humana é responder, pela fé, ao oferecimento feito por Cristo na cruz, ao se entregar para morrer em nosso lugar. As demais ações (obras) não justificam, isto é: não tornam uma pessoa justa, perdoando os seus pecados, embora devam estar presentes na vida de uma pessoa salva por meio da fé. Somente a graça possibilita que o justo viva pela fé (Habacuque 2.4; Romanos 1.17 e 3.28). SOLA SCRIPTURA (somente a Bíblia). Lutero também queria que todos entendessem que a Bíblia contém todo o conselho de Deus para o pensamento e para a vida do cristão. É por meio dela que Deus orienta o ser humano em todas as áreas, com princípios e normas. Deve ser recebida como regra de fé e prática. Ela está acima da tradição e de toda a autoridade religiosa, que devem falar autorizadas pela Bíblia (2ª Timóteo 3.16). Daí ele iniciou todo esforço possível para traduzi-la para o Alemão e pô-la nas mãos do povo simples, que Roma chamava de leigo. SOLUS CHRISTUS (somente Jesus). O ultimo desses três pilares está baseado na necessidade do abandono da idolatria. Uma vez liberto pela palavra, Lutero fez questão de abandonar a idolatria e insistiu para que o povo fizesse o mesmo. Não há nenhum mediador entre Deus e o homem, seja para a salvação, seja para a intercessão, além de Jesus (1ª Timóteo 2.5). A partir de então, ficou claro que cada crente é o seu próprio ministro, tanto para orar por si mesmo e pelos outros, quanto para fazer a obra do ministério (1ª Pedro 2.9), e foi aí que ele bateu de frente com a nata do sacerdócio Romano, pois ensinou a doutrina do sacerdócio universal dos crentes, que implica na igualdade de todos mostrando que na igreja não há pessoas especiais, e que aquelas que são revestidas de um papel de liderança não são melhores do que as outras, e que para edificar a igreja, todos recebemos dons, embora em áreas diferentes. Pensando em tudo isso, concluo perguntando. Será que essa reforma ainda está em vigor em nossos dias? Temo que tudo isso já tenha sido esquecido por boa parte dos cristãos que se dizem reformados e protestantes. Vejo igrejas “protestantes” hoje, que mesmo não cobrando indulgencias, cobram “ofertas”, como que se através delas os homens pudessem barganhar com Deus. Vejo igrejas hoje, que mesmo se dizendo reformadas, idolatram cegamente seus lideres, como se eles fossem os “Papinhas” dos crentes. Há também entre os crentes, aqueles que nem lêem mais a bíblia devocionalmente, que ignoram os princípios que ela exige de alguém que se diz transformado, que são crentes apenas nos domingos à noite, pensando que os shows dominicais, nos templos com luzes apagadas, muita dança e barulho, são suficientes para fazer deles um crente também. É gente consumista, descomprometida com a palavra, gente que só quer receber de Deus sem ter ao menos dado sua vida a Ele. Esse evangelho precisa ser reformado novamente! Esse não é o evangelho da Bíblia! Oh, Deus! Dá-nos outro Lutero!

No amor de cristo,

Pr. Antônio Ramos.