RUMO A PELOTAS (RS)
RUMO A PELOTAS
Estou arrumando na mochila algumas roupas, com o pé no estribo para galopar rumo ao sul, do frio intenso; dos homens vestindo bombacha; do mate ao pé do fogo na casinha de chão; das prendas mais lindas do planeta em seus trajes típicos da cultura do grupo étnico dos pampas gaúchos e em sua exuberante beleza e expressão corporal. Atendo ao convite que me faz uma sobrinha-neta para o seu casamento. É sempre uma satisfação o acontecimento para fugir ao rotineiro, porque ele nos proporciona um bom motivo para estar em outro lugar. No caso específico vou às plagas sulinas, visitar os parentes porque, sem outro motivo que a visita, deixar-se-ia este agradável compromisso social para mais adiante, empurrando-o com o umbigo, alegando frio, calor ou o cansaço próprio da idade. Essa alegação, na realidade, traduz-se em preguiça e comodismo. Serve, também, para fazer e conhecer novos amigos; conhecer novas caras e novas/velhas maneiras de se vestir; de rever o paisagismo já conhecido e encher os olhos com coxilhas cheias de gado e conhecer novas paisagens históricas, ainda não vistas. É, ainda, um motivo muito forte e inspirador para poetar o acontecido, tomando por tema a alegoria da criança que nasce e cresce, torna-se uma espinoteada adolescente, dentro da qual está em formação a mulher linda e maravilhosa, que estuda, cola grau... e casa. E essa musa é a Luana, minha sobrinha. Não poderia fugir da ocasião e fiz
ÁPICE
Para Luana e Luis Otávio
O princípio, feito de energias e nuanças,
é o aluvião do ser criança.
O espírito bebe conhecimentos
entre o linguajar lancinante,
travessuras, algazarras e folguedos,
no sôfrego mitigar curioso
da fantástica inocência.
É quando a alma se expande
e cresce junto com o corpo.
Mas logo vem a adolescência
e com ela a puberdade,
que, entre sonhos e hormônios,
navega mares de inconsequente avidez
e não dura mais que um momento.
Depois a inefável rosa do amor
crescendo nos jardins da alma,
faz morada no coração.
Dois corpos se tocam:
olhos nos olhos; mãos nas mãos
... e se dizem sim.