Uma questão além das opiniões
Viver em sociedade só foi possível, pela existência de um conjunto de regras que mantiveram a estrutura unida e consolidada de um grupo. Atualmente, a padronização dos comportamentos pode transmitir a idéia de que a liberdade e a autonomia dos indivíduos é uma mera ilusão.
Não só os presidiários e os internos de clínicas são vigiados e controlados pelas forças das muralhas geográficas e humanas que os cercam. A sociedade, repleta de suas instituições, também o faz. O homem é livre até que não ultrapasse o limite do outro, que, muitas vezes, não é determinado com clareza.
A liberdade e a autonomia às quais o homem é submetido, não usam seu verdadeiro significado nas relações sociais. Todos estão sujeitos à aprovação ou à reprovação do outro. No convívio social, a normatização do comportamento faz com que cada um aja como foi imposto, não pela sua própria vontade. Há uma internalização do sentimento desejado, substituído por uma moral convencionada.
Não podemos transgredir as regras, que passam a tornarem-se dogmas da boa conduta. Agir de maneira precipitada, seguir um raciocínio que fere outra proposta ou ser contrário àquilo que a maioria considera correto, é coisas as quais, nesse tempo de automação, a liberdade do homem não é aplicada. Exemplos que comprovam esse modelo podem ser mostrados em pequenas coisas, como fofocas – “falar do alheio”, comentários maldosos e mesmo em textos de revistas, cuja função é posicionar-se em prol de algo que é criticado no contexto e vice-versa.
O homem é acorrentado por toda a sociedade. A fantasia de expressar sua real opinião e agir como quiser, pode ser uma utopia para alguns ou uma conquista para outros, desde que seja fundamentada em conhecimento do tema e bem respeitada aos demais pensamentos. Saber governar a si próprio, ou seja, fazer suas regras e opiniões, sem que isso seja o conceito da maioria, é, antes de tudo, um ato de coragem e a máxima expressão de liberdade.