SIMPLESMENTE AMAR

“Eu te amo!” quem nunca ouviu esta frase antes, ou, já desejou escutá-la? Parecem tão simples palavras, mas, que em sua essência denotam o ápice do sentimento. Tal declaração se tornou "slogan" dos corações apaixonados, e isso me faz questionar se tão grande sentimento seja apenas posse destes corações, e se, em sua dimensão e intensidade, o amor seja simplesmente sinônimo de fortuitas palavras.

Muitos se posicionam como constantes batalhadores na busca do amor, talvez, inspirados em cenas de novelas e filmes, onde o amor é representado por casais que enfrentam o impossível para ficarem juntos, e no final tudo acaba com uma grande festa de casamento e um: “felizes para sempre”, ou mesmo, nas páginas dos livros, que com grande descrição os autores embarcam-nos nos romances, que até hoje ainda fazem muitos corações suspirar. Mas, será que tão grande amor é capaz de ultrapassar as telas da TV, dos cinemas ou das páginas dos livros para nos encontrar? Muitos acreditam que sim, e esperam até hoje o “príncipe do cavalo branco”, com rosas e bombons, recitando poemas e poesias. Os anos se passam e o que essas pessoas muitas vezes encontram são apenas ironias daqueles que desacreditam nesta utopia, “ficasse para titia”.

Enfim, diante destes paralelos, em que acreditar? O amor existe mesmo, ou será simples miragem de corações inspirados e apaixonados? Acredito eu, que ele exista sim, é quão grande e complexo é este sentimento. Por vezes, deparamo-nos com a premissa: o amor é sorte? Sinceramente, por grande parte de minha vida acreditei que sim, hoje, porém, tenho certeza que não. Pois, o amor é único em sua essência, existente dentro de cada ser humano, é um sentimento que está sempre desejoso de ser vivido em sua extremidade, mas, que precisa antes de tudo ser encontrado, conhecido e desvendado para enfim, ser experimentado em sua totalidade.

Talvez aqueles que com o passar dos anos não conseguiram encontrar o amor tão desejado, não souberam reconhecer os pequenos detalhes que o amor com certeza lhes mostrou, mas, que por tanta obstinação não souberam encontrar aquilo que procuravam. Enfim, se o amor deste modo que escrevo parece ser um sentimento a ser desvendado e que tal tarefa deva ser o exercício daqueles que desejam vive-lo em sua plenitude, então como e quais são tais sinais deste sentimento que parece estar sempre à porta pedindo para ser sentido?

Vamos, por partes, descrever tal sentimento tornou-se sina de muitos, porém, eu na minha simplicidade, declaro apenas que as palavras são insuficientes para descrever tal sentimento que para mim é igualmente sinônimo de vida, sim, vida, amor é vida, é o que a vida senão a mais complexa essência dos seres. Se amor é vida, precisamos antes de tudo reconhecer dentro de nos o amor, e o amor por nossa própria vida, pois, como poderemos desejar o próximo e querer amá-lo se antes disto não nos conhecemos e não nos amamos? Simples atitudes são exercício do amor próprio, a valorização do eu, sem exageros ou extremos sentimentos de narcisismos, mas, a conscientização do: eu sou assim, Deus me fez assim, devo cuidar de mim, do bem estar do meu corpo e da minha mente. Depois disto, começamos a enxergar que o amor é mais que simples palavras, mais sim, atitudes e comportamentos que denotam cuidados e valorização. O amor a si próprio quando não valorizado, traz o sentimento de desprezo, pelo fato de pensarmos desta forma: “ninguém me quer”, “ninguém olha para mim”, mas, se déssemos ouvidos a tais verdades dos fatos, perceberíamos que realmente há algo de errado e inverteríamos tais reflexões, como: “porque ninguém gosta de mim? Será que antes de alguém gostar de mim, eu gosto de mim mesmo?” e, “Porque ninguém gosta de mim? Será que estou me cuidando?”. Se conseguirmos responder tais perguntas e mudarmos de atitudes estamos trilhando o caminho para encontrarmos o amor.

Passemos agora para parte do encontro concreto deste tão nobre sentimento. Quando nos deparamos com o outro, e enfim, descobrimos um novo mundo, quando nos entramos por vezes mergulhados no misto de sentimentos e atitudes: desejo x sinceridade, convivência x fidelidade, compromisso x seriedade, verdades x mentiras, e por fim, paixão x amor. Retornamos então para a idéia levantada no início deste texto, dos amores declarados no enxame de uma paixão, mas, enfim, como sabermos à hora certa para declararmos com veracidade aquilo que sentimos? Ou quando ter certeza que o que nos declaram é verdade? Separemos antes de tudo o que citei no último versus. A paixão é avassaladora, intensa, repentina, mexe com o desejo, é loucura, é exagerada, enfim, paixão é boa, mas, tem começo, meio e fim. Já o amor, é puro, é verdadeiro, não arde em ciúmes, em tudo acredita, tudo espera, é compreensível, traz confiança, dependência, em suma, o amor se torna parte integrante da vida, de tal forma que sem o qual não encontramos sentido de vivê-la. Então para se ter certeza do que se sente, e acreditar naquilo que se diz, é só colocar na balança aquilo que em um relacionamento mais transparece através das atitudes e comportamentos das partes, pois elas são o reflexo daquilo que realmente se sente. Enfim, concluo que para se viver o amor não é tarefa fácil, mas, se somos desejosos de vivê-lo devemos estar dispostos a encarar na vida o mistério que tal sentimento nos traz. Talvez a melhor maneira de fazer-lo seja seguir os dias em sinceridade, e não simplesmente dispersando ao ar “eu te amo!” na tentativa de encontrá-lo, sem no fundo estar sentindo a profundidade do verdadeiro amor, vivendo apenas a chama de uma paixão que quase sempre se torna em desilusão. Então se o seu amor não é sinônimo de vida, não o declare em vão, valorize-se antes de tudo e se sentir a necessidade de declará-lo por que não dizer: “eu me amo!”, e assim, aprender que o amor é mais que fortuitas palavras, que amor é em sua essência “simplesmente amar”.

Fernanda Alves

30/10/2009

Fernanda A Fernandes
Enviado por Fernanda A Fernandes em 31/10/2009
Reeditado em 05/05/2011
Código do texto: T1896918
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.