RIFA-SE UM PAÍS

Lembro-me com saudade da década de 60. Meu pai, homem político na pequena cidade do interior, mostrava-nos com orgulho, dignidade e honradez, o que fazer para a sociedade, para a cidade em que nós morávamos.

Era muito comum ver os padres, as freiras, os pastores e os próprios políticos da cidade, dirigir-se, na parte da tarde, para minha casa, pedir conselhos, dialogar, trocar idéias. E desses momentos é que saiam sempre algo ou alguma coisa de bom para a população, para a sociedade.

Não se falava em conchavos, caixinha, caixa 2, “prêmios”, corrupção, corruptor, jeitinho brasileiro, falava-se em fazer, prestar serviços para a comunidade, levar alívio, respeito, projetos, postos de saúde, atendimento, fundar escolas, creches, asilos, hospitais.

As pessoas na rua, os alunos nas escolas, tinham como modelo, os políticos da cidade, do estado, do país. As crianças falavam, quando perguntadas, que queriam ser prefeito, vereador, governador. E falavam com orgulho. Com altivez. E diziam que estavam estudando para isso. Buscava-se o conhecimento, a cultura, para se tornarem um político.

Os brasileiros daquela época, aqueles que trabalhavam, ganhavam seu dinheiro por meio do trabalho, que ainda hoje dignifica o homem, labutavam de sol a sol pelo sustento da família. Os homens do campo tinham orgulho de serem do campo. Eram eles quem sustentava a cidade, com hortaliças, verduras, frutas, carnes.

Claro que tínhamos ladrões, assassinos, déspotas, enganadores, sem-vergonhas, mas esses homens tinham o que mereciam, quando descobertos, iam para a cadeia, pois eram julgados por juízes íntegros, dignos.

Quando se descobria um pedófilo, estivesse ele em qualquer campo da sociedade, ele era desmascarado, acusado e sofria as penas da lei. Um ser qualquer que se utilizasse da pornografia, principalmente a infantil, era escrachado, acusado, apontado pela sociedade, e mesmo essas pessoas, tinham tanta vergonha na cara, que sumiam da cidade, quando não iam para a cadeia.

Que saudade de ouvir no rádio, e mais tarde ver na televisão, homens com a envergadura de um Ulisses Guimarães, que tinha orgulho de ser honesto, político na verdadeira essência da palavra e do conceito.

Mas hoje, com vergonha olho para o meu país. E fico a pensar o que estou deixando para meus netos. O que deixo para meus filhos.

Um país falido, pobre de cultura, respeito, dignidade, caráter. Um país governado por políticos, não mais por HOMENS, um país comandado por quadrilheiros, corruptos, analfabetos que se orgulham de sê-lo, assassinos, déspotas, sem-vergonhas.

Um país onde a preguiça a sem-vergonhice e a falta de caráter, crassa, e que tem como nome: PAC, Bolsa-Familia, Bolsa-Escola, Peti, MST, é valorizado e exaltado como um grande feito, por pessoas sem nenhuma base de respeito, sem nenhum conhecimento de moral, ética ou cultural.

Um país que se curva diante de déspotas analfabetos sociais que governam países vizinhos, e se julgam poderosos, por mandar matar, destruir e desgraçar todos aqueles que não comungam com suas idéias.

Quanta diferença do meu país de 60, para o país de 2000.

Lá nós tínhamos homens, aqui temos covardes.

Lá tínhamos dignidade, aqui temos corrupção, falta de ética, de moral, de caráter.

Lá tínhamos políticos, aqui temos quadrilheiros em todas as estâncias.

Lá tínhamos juízes, aqui temos “companhêros”.

Lá o ser humano honesto e trabalhador era considerado, aqui o bandido, o terrorista, o assassino até vira ministro, deputado, senador.

Lá a dignidade era a marca registrada de um cidadão, aqui é motivo de chacota.

Lá tínhamos orgulho de sermos brasileiros, aqui nem sabemos o que somos, se um quintal da Venezuela, Chile, Peru ou dos Estados Unidos.

Lá tínhamos um presidente, aqui temos um fantoche, um projeto de homem.

Lá éramos homens, aqui somos vermes a nos arrastar pelo solo pátrio, sem vergonha, sem sangue nas veias, sem dignidade.

Lá eu compraria este país por qualquer preço, aqui RIFO-O a qualquer preço.

Adolfo Turbay
Enviado por Adolfo Turbay em 29/10/2009
Código do texto: T1894380
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