O ciclo natural da gestação

O objetivo deste artigo é argumentar duas idéias: a ausência de controle pessoal sobre a gestação e a segurança, quase ilimitada, do útero materno, garantindo o sucesso do ciclo gestacional.

Dada a fecundação, ao modo antigo ou pela engenharia genética, a gestação seguirá seu ciclo natural, as 40 semanas, esculturando o novo ser, com matéria prima dos progenitores e ancestrais, seus traços genéticos: temperamento, cor da pele, cabelos, olhos, estatura, etc. e, dependendo do X, ser menina ou menino.

A sabedoria da natureza, apesar da fragilidade do organismo, transforma o útero em ambiente de extrema segurança para que o ovo ali plantado desenvolva protegido de uma gama variada de intempéries, particularmente as de origem emocional, em virtude da sensibilidade aguçada da gestante ante os dissabores inevitáveis do dia a dia.

O bebezinho, ainda na forma, está imune aos receios, dúvidas e pesadelos da futura mamãe, envolta em crises existenciais, características de momento tão decisivo para a vida futura.

O bebe, no seu invólucro biológico, suporta bem as agruras do ambiente, costumeiramente tão hostil, relações interpessoais saturadas de ambiguidade, oscilando entre amor, raiva, ciúme, inveja, ingratidão, amizade, inimizade, as raivas e nervosismo de mamãe estressada com as responsabilidades do cotidiano.

Só resta à futura mamãe esperar e, enquanto espera, se dedicar ao CUIDADO EGOCÊNTRICO, voltar-se inteiramente para si, deixar de lado outra preocupação que não seja consigo mesma: sono, alimentação, higiene pessoal, cuidado com o corpo, com a beleza, com as relações sociais, amizades, passeios, a vida espiritual, até o dia em que o seu bebe nasce. Fazendo isto, e só isto, a futura mamãe está habilitada para enfrentar o ciclo relacional da gestação e contribui significativamente para a sua própria sanidade e por extensão à do seu bebe. Sem estresse!

João dos Santos Leite

Psicólogo - CRP 04-2674