Falando sobre civilização!
Às vezes me confundo neste paradoxo estupidamente antagônico, nesta antítese de termos que nos confunde entre dicionário e realidade, esta mistura que enlouquece significante e significado, que dificulta o entendimento sobre denotação e conotação.
Ouvi falar outro dia sobre "civilização", lembrei da falta dela ao constatar as ruas cada vez mais sujas por cidadãos que se julgam: civilizados!. Certo cidadão num dia qualquer me falou do primitivismo dos índios, pensei: ao menos eles cuidam de suas terras, de suas mulheres e se organizam de uma maneira fantástica em comunidades. Talvez não tenham banheiros com portas, é verdade, mas tampouco cagam no chão de banheiros públicos como a civilização moderna, ou alguém nunca entrou no sanitário de um posto de gasolina? Tampouco vi índios entorpecendo-se com antidepressivos e menos ainda embriagando-se com vodka e uísque, fugindo da própria vida. Falara-me de civilização....
Lembrei de privadas entupidas por preservativos e fraldas de bebe, civilizados jogam suas imundícies ali! Acreditem!
Olhei para o céu e encontrei fumaça , nas ruas olhares perdidos, gente estupidamente inteligente sem saber o que fazer com a própria vida.
Uma nação sem riso. Famílias destruídas por violência e traição. Crianças drogadas, revoltadas, violentadas pelos próprios pais. Jogadas por janelas de prédios, trancafiadas em quartos escuros, queimadas com pontas de cigarro. Pequenos infantes no farol sustentando pais, jogando bolas pra cima, vendendo balas...
Civilização é tropeçar num mendigo dormindo na calcada e ficar passivo.
Civilização é viver com as chamadas doenças modernas, depressão, stress. É o morrer de tristeza por ver um filho cheirando cola.
Civilização é a queimada de patrimônios da humanidade.
Paradoxo de civilização e primitivismo é ver as cidades abarrotadas de fabricas e empresas e cada vez menos emprego. Cada vez mais favelas. Cada vez crimes mais bárbaros. Civilização é viver com medo de sair nas ruas. Impressões, valores afetivos e sociais negativos, reações psíquicas que um signo evoca, de preconceitos destrutivos, é compartilhar com nossos amigos a ignorância do convencionalismo, da banalidade, do fútil de discriminar por sermos superiores!
Civilização é viver em um século com ainda mais preconceito, o alimento dos porcos!
Geyme Lechner Mannes