A culpa é de quem?
Estes últimos acontecimentos ocorridos no Rio de Janeiro, inclusive a derrubada de uma aeronave do Estado pelos delinqüentes, é a amostra de um ensaio de como se encontra nossa sociedade. O governo do Rio perdeu totalmente o controle da situação no seu direito de manter a ordem.
E o pior de tudo é que esta condição se repete em todo o país, ainda que guardada as devidas proporções. Diga-se de passagem, que a situação está começando a se complicar, devido à transformação do grande traficante da metrópole em vários pequenos traficantes do interior, motivado pela repressão.
E a pergunta que insiste em não calar: a culpa da perpetuação desta questão é de quem? Seria mesmo do governo? A sociedade deveria ser a culpada? A quem caberia o ônus de todo o impacto causado por este assunto?
Os governos Federais e Estaduais desdenharam e não ocuparam, na favela, seus espaços de fato e de direito. Não dispuseram para os moradores os serviços de água, luz, escolas, assistência médica, transporte, e outros, facilitando a ascensão do tráfico. Outrossim, as ínfimas aplicações de recursos pelas duas esferas governamentais em segurança pública também favorece os criminosos. Foram e são dois erros graves. E os tornam culpados.
No entanto seria a sociedade civil a portadora da maior parcela de responsabilidade por tudo que está ocorrendo no Rio de Janeiro, e em todo o território nacional. À classe social mais abastada caberia uma percentagem maior da culpa, quiçá toda. É ela quem sustenta financeiramente esse “status quo”. E dela também surge que protege e acoita.
Prá se realizarem tamanhas proezas criminosas, como abater um avião, assassinar policiais, insultar o Estado, financiar campanhas políticas, as instituições ilegais necessitam de aparelhamento, estratégia, planejamento, apoio político, e por fim armamentos de última geração. E prá se conseguir um grau de organização neste nível, onde estão presentes todas estas ferramentas, precisa-se de dinheiro. É aqui que entra o fundo burguês.
Equipare-se a atitude burguesa de comprar cocaína e outros entorpecentes a um assassinato por encomenda. O mandante do crime de pistolagem é co-autor. A classe média-alta que abastece com cifras enormes de reais os traficantes e contrabandistas de armas deveria ser considerada co-autora desses crimes. Ao contrário não sofre nenhuma penitência. É nominada usuária de drogas. Quando deveria ser condenada por dar suporte a esta ilegalidade. Se não houvesse quem comprasse a droga não existiria quem vendesse. A drogaria quebrava. Pura lei de mercado. A culpada é conhecida. Só nos resta esperar dos Poderes da República a reforma, interpretação e aplicação das Leis.
Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com