FLÁVIO JOSEFO

FLÁVIO JOSEFO

Quem teria sido Flávio Josefo? Um escritor, um historiador, um novelista, um romancista ou um jornalista? Nestas indagações apenas uma está corretíssima. Flávio Josefo viveu na época de 37 a 100 depois de Cristo. Ele foi um historiador judeu, que escreveu suas principais obras em grego. Muitos sábios manifestam sua surpresa por não encontrar no historiador Josefo o menor vestígio a respeito de Jesus cristo, pois todos concordam hoje que a breve passagem em que trata de Cristo em sua História foi interpolada. As principais obras de Flávio Josefo são: “As antiguidades judaicas e A guerra judaica”. As duas tratam dos acontecimentos dos últimos séculos antes da era cristã e do primeiro século de nossa era (Novo Testamento). Os cristãos, por meio de uma dessas fraudes chamadas piedosas, falsificaram grosseiramente uma passagem de Josefo. Atribuem a esse judeu tão obstinado em sua religião, quatro linhas ridiculamente interpoladas, e no final dessa passagem acrescentaram: ”Era o Cristo, O quê! Se Josefo tivesse ouvido falar de tantos acontecimentos que surpreendem a natureza, ele só teria dado um valor de quatro linhas na história de seu País! O quê! Esse judeu obstinado teria dito: “Jesus era o Cristo. Oh! Se tivesse acreditado que era o Cristo, teria sido cristão.

Que absurdo fazer Josefo falar como cristão! Como ainda se se encontra teólogos tão imbecis ou tão insolentes para tentar justificar essa impostura dos primeiros cristãos, reconhecidos como fabricantes de imposturas cem vezes mais graves (Esta observação foi dada pelo grande Voltaire). O pai de Flávio Josefo devia ter sido, no entanto, testemunha de todos os milagres de Jesus. Flávio Josefo era da casta sacerdotal, parente da rainha Mariana, esposa de Herodes; descreve até os mínimos detalhes todas as ações desse príncipe, mas não diz uma palavra sequer sobre a vida e a morte de Jesus, e esse historiador, que não dissimula nenhuma das crueldades de Herodes, não fala do massacre de todos os meninos por ele ordenado, em consequência da notícia veiculada de que havia nascido um rei dos judeus. O calendário grego calcula em 14 mil crianças degoladas nesta ocasião. É a ação mais horrível cometida por um tirano em todos os tempos. Não se encontra similar exemplo na história mundial. Flávio Josefo, homem singular. Alguns historiadores falam sobre Josefo desta maneira: “Flávio Josefo nasceu em Jerusalém, em 37 ou 38 d.C., de uma rica família da aristocracia sacerdotal asmonéia. Eis como descreve em sua Autobiografia, com orgulho, sua origem aristocrática, para "desmanchar as calúnias de meus inimigos”:

“Como eu tenho a minha origem numa longa série de antepassados de família sacerdotal, eu poderia vangloriar-me da nobreza do meu nascimento, pois cada nação, estabelecendo a grandeza de uma família, em certos sinais de honra que a acompanham, entre nós um das mais notáveis, é ter-se a administração das coisas santas. Mas eu não sou somente oriundo da família dos sacrificadores, eu sou também da primeira das vinte e quatro linhas que a compõem e cuja dignidade está acima de todas. A isso eu posso acrescentar que, do lado de minha mãe eu tenho reis, entre meus antepassados. O ramo dos asmoneus, de que ela é proveniente, possuiu durante um longo tempo, entre os hebreus, o reino e a suprema sacrificadura. Nasci de Matias no primeiro ano do reinado do imperador Caio César - o imperador romano Calígula, que reinou de 37 a 41 d.C. Quanto a mim, tenho três filhos, o primeiro dos quais, chamado Hircano, nasceu no quarto ano do reinado de Vespasiano imperador romano que governou de 69 a 79 d.C. O segundo chama-se Justo, nasceu no sétimo e o terceiro, de nome Agripa, no nono ano de reinado do mesmo imperador. Flávio Josefo recebe uma formação judaica sofisticada.

Diz ele em sua Autobiografia: “Fui educado desde minha infância no estudo das letras, com um dos meus irmãos de pai e mãe, que tinha como ele o nome de Matias. Deus deu-me bastante memória e inteligência e eu fiz tão grande progresso que tendo então só catorze anos, os sacrificadores e os mais importantes de Jerusalém se dignaram perguntar minha opinião sobre o que se referia à interpretação das leis. Segundo Mireille Hadas-Lebel, “a natureza do ensino recebido por Josefo não deixa nenhuma dúvida: trata-se de um ensino puramente religioso, baseado na Torá. De fato, julga-se que os livros sagrados contêm o saber essencial ao homem para que conduza sua vida neste mundo. Neles, ele pode encontrar um código cultural, moral, social, político, assim como a história do universo e das gerações humanas, todas as coisas que ele sabe dever vincular a uma divindade única e onipresente. “Entretanto o melhor historiador que os judeus, já tiveram em toda sua história, o único que era estimado por gregos, romanos, não faz nenhuma referência a esse acontecimento tão singular quanto pavoroso. Nem fala do aparecimento da nova estrela que teria aparecido no Oriente depois do nascimento do Salvador, fenômeno marcante que não deveria escapar a um historiador esclarecido como Josefo.

“Não fala sobre as trevas que à morte do Salvador, cobriram toda a Terra, em pleno meio-dia, durante três horas, e silencia ainda sobre a grande quantidade de túmulos que se abriram nesse momento e sobre a multidão dos justos que ressuscitaram”. E aí senhores acreditam em quem? Eis a grande pergunta do idealizador desta matéria polêmica, mas interessante. Em 71 Josefo chegou a Roma com a comitiva de Tito; cidadão romano passou a ser um cliente da dinastia dominante, os flavianos. Passou também a receber uma generosa pensão; foi durante sua estada em Roma, e sob patronagem flaviana, que escreveu todas as suas obras conhecidas. Embora Josefo só se refira a si próprio por este nome, parece ter adotado o praenomen Titus (“Tito") e o nomen Flavius ("Flávio") de seus patrões. Esta prática era costumeira para todos os 'novos ' cidadãos romanos. A primeira esposa de Josefo morreu, juntamente com seus pais, durante o cerco de Jerusalém, e Vespasiano arranjou-lhe um casamento com uma mulher judaica que também havia sido capturada. Esta mulher o abandonou e, por volta de 70, ele casou com uma judia de Alexandria, com quem teve três filhos. Apenas um, Flávio Hircano (Flavius Hyrcanus), sobreviveu além da infância. Josefo se divorciou posteriormente desta sua terceira esposa e, aos 75 anos de idade, se casou pela quarta vez, com uma judia de uma família distinta de Creta. Este último casamento produziu dois filhos, Flávio Justo (Flavius Justus) e Flávio Simônides Agripa (Flavius Simonides Agrippa). Escreveu um relato da Grande Revolta Judaica, dirigida à comunidade judaica da Mesopotâmia, em língua aramaica.

Escreveu, depois, em grego, outra obra de cariz histórico que abarcava o período que vai dos Macabeus até a queda de Jerusalém. Este livro, a "Guerra Judaica", foi - publicado em 79. A maior parte do livro é diretamente inspirada na sua própria vida e experiência militar e administrativa. As Antiguidades Judaicas (escritas cerca de 94 em grego) é a história dos Judeus desde a criação do Gênesis até a irrupção da guerra da década de 60. Acrescentou, no final, um apêndice autobiográfico onde defendeu a sua posição colaboracionista em relação aos invasores romanos. O seu relato, ainda que com um paralelismo evidente em relação ao Antigo Testamento, não é idêntico ao das escrituras sagradas. Há quem defenda que estas diferenças se devam à possibilidade de Josefo ter tido acesso a documentos antigos (que remontariam até a época de Neemias) que teriam sobrevivido à destruição do templo. A maior parte dos acadêmicos não dá crédito a tal suposição. Neste livro encontra-se o famoso Testimonium Flavianum, uma das referências mais antigas a Jesus, mas considerada por alguns estudiosos uma interpolação fraudulenta posterior. Contra Ápion é outra obra importante deste autor, onde o Judaísmo é defendido como religião e filosofia realmente clássica, em contraponto às tradições mais recentes dos gregos. O livro serve para expor e refutar algumas alegações anti-semíticas de Ápion, bem como mitos antigos, como os de Maneton. Sua última obra foi uma autobiografia, que nos revela o nome do adversário ("Justo, filho de Pistos, de Tiberíades"), ao qual essa obra vem responder e as censuras que lhe faz Josefo. Essa obra é cheia de lacunas, confusa e hipertrofiada. E ela traz sobre a vida de Josefo informações preciosas, que não encontramos em nenhum outro historiador da antiguidade. Titus Flávio Vespasianus de (39 a 81), imperador romano de (79 a 81), havia tomado Jerusalém no ano 70 como principal general das tropas romanas (NT). Aurelius Augustinus (354-430) bispo de Hipona, norte da África, e doutor da igreja; deixou uma obra imensa, destacando-se A Cidade de deus e Confissões; Hilário de Poitiers (315-367), bispo e doutor da igreja, teve papel importante na luta contra o arianismo (NT).

Os mesmos sábios encontraram ainda outras dificuldades na história dos Evangelhos e Observam que, no Evangelho de Matheus, Jesus diz aos escribas e aos fariseus que todo o sangue inocente derramado na terra deve recair sobre eles, desde o sangue de Abel, o justo, até Zacarias, filho de Barac, por eles assassinado entre o templo e o altar. Os sábios desmentem e dizem que nenhum Zacarias morto no templo da vida do Messias nem em sua época; mas na história do cerco de Jerusalém escrita por Josefo se encontra um Zacarias, filho de Barac, morto no meio do templo pela facção dos zelotes. Suspeitam que o Evangelho de Matheus tenha sido escrito depois da tomada de Jerusalém por Tito. Dizem que Deus quis manter em verdadeiro ou envolver numa nuvem tão respeitável quanto obscura seu nascimento, sua vida e sua morte. E sua vida é totalmente diferente das nossas. A discussão sobre a autenticidade dos Evangelhos ainda perduram, pois dois dos que escrevam não conviveram com Jesus Cristo e muitos afirmam que eles foram compilados de Pedro e Maria.

Sobre a vida de Jesus existem muitas polêmicas, inclusive de que o Salvador teria estado na China, morrido de velhice, e na companhia de José Arimatéia teria estado no estreito de Gibraltar, onde fundou uma igreja. Quem quiser saber mais detalhes sobre o que escreveu o historiador Flávio Josefo, consultem a Wikipédia, e se possível a filosofia do grande Voltaire. Polêmicas sempre existirão, até mesmo na forma em que o mesmo teria vindo ao mundo. Algumas religiões afirmam que ele teria nascido por obra e graça do Espírito Santo e outros dizem que ele nasceu de uma gestação normal de uma relação sexual, pois deus jamais poderia derrogar suas próprias leis. Dizem que Jesus era essênio e muitos outros aspectos sobre a vida do Mestre foram discutidos. Outros afirmam ser ele o Espírito da Verdade, enfim são tantas suposições que nós deixamos com os leitores os comentários devidos. Pensem nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI-ALOMERCE E AOUVIRCE.

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 24/10/2009
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