22/10 - EXPO-LITERÁRIA, Literatura para deficientes visuais
Notícia publicada na edição de 22/10/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 5 do caderno B.
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Dorina Nowill fala sobre seus projetos às 10h30. Ela também gravou depoimento para a série que é apresentada ao final dos capítulos diários da novela “Viver a Vida”. Disse, ali, que “é preciso encarar a vida como ela aparece”. Aos 90 anos, Dorina Nowill, cega desde os 16, participa hoje, em Sorocaba, da edição da Expo-Literária.
O tema de sua conversa com o público, marcada para as 10h30, no auditório da Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger”, é, também, o título do livro que lançou em 2007: “... e eu venci assim mesmo”. Foi uma patologia rara que tirou a visão de dona Dorina, como é chamada na entidade que comanda, a Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Dorina teve hemorragia em uma das retinas e os médicos não conseguiram diagnosticar o problema. Acabou perdendo primeiro a visão de um olho e em quatro meses ficou totalmente cega.
A limitação marcou apenas o começo de uma história caracterizada por vitórias e realizações que beneficiaram milhares de pessoas que tiveram o mesmo problema que ela. O Mais Cruzeiro tentou manter contato com a convidada, mas conseguiu que ela respondesse apenas uma das perguntas encaminhadas por e-mail à assessoria.
No texto, Dorina fala do trabalho que desenvolve para garantir que deficientes visuais leiam. “Para a pessoa com deficiência visual, ter o acesso garantido à literatura, ao estudo ou entretenimento é questão primordial em seu desenvolvimento pessoal. Anualmente são produzidas milhares de páginas em braille de livros didático-pedagógicos, paradidáticos, literários e obras específicas solicitadas pelos deficientes visuais. Somos a imprensa braille com a maior produção da América Latina e uma das referências mundiais em qualidade e complexidade de produção. Estudantes cegos de todo o Brasil estudam com os livros produzidos na Fundação, um mérito para todos os nossos funcionários envolvidos na produção destes produtos. Produzimos, ainda, revistas Veja e Cláudia, além de outras específicas sob demanda. A Biblioteca Circulante de Livro Falado da Fundação Dorina Nowill para Cegos possui um acervo com mais de 900 títulos em áudio de obras de diversos autores, desde clássicos da literatura brasileira aos mais variados best-sellers internacionais. Esse serviço é disponível gratuitamente às pessoas com deficiência visual de todo o Brasil”.
A Fundação oferece, também, a produção de livros falados, gravados em CDs no formato WAV e também MP3. Em abril de 2007, lançou o Livro Digital Acessível (LIDA), permitindo a leitura de todo conteúdo, tanto audível quanto visual, possibilitando também outras facilidades: busca de palavras, navegação por todo o texto, soletração das palavras, visualização de notas de rodapé, substituições de abreviaturas pelo significado e pronúncias de palavras estrangeiras na fonética da língua, mais uma auxilio fundamental aos universitários e profissionais liberais.
Com uma agenda das mais movimentadas, Dorina Nowill é mais do que um exemplo de superação. Numa entrevista que concedeu a uma rádio, contou que procurava (e ainda faz assim) usar roupas cujas cores combinassem entre si. A informação causou surpresa, já que, não sendo ela capaz de enxergar, não poderia, também, identificar o colorido das peças que usava. Respondeu, então, que sua mãe a ensinou “a sentir as cores”.
Primeira aluna a frequentar o curso onde estudava na Escola “Caetano de Campos”, Dorina Nowill conseguiu uma bolsa na Universidade de Columbia e se especializou em educação para cegos. De volta ao Brasil, atuou para publicação de livros em braille.
Num de seus depoimentos à imprensa, disse que depois que ficou cega, começou a estudar para provar a necessidade da inclusão. “Não se separa alguém pelo fato de ser cego”, afirmou na época.
A partir da criação da fundação que leva seu nome, Dorina viajou o Brasil e o mundo em sua luta. Chegou a ser presidente da União Mundial de Cegos e foi diversas vezes premiada por suas iniciativas.