A ética pode ser pautada por uma visão diferente
Hoje, a comunicação vive um clima de vale-tudo. Muitos jornalistas e veículos de comunicação deixaram de lado a ética em troca da falta de objetividade e da busca incansável pelo sensacionalismo. A mídia inevitavelmente virou mais um campo de manipulação do que de informação.
O desafio que temos pela frente portanto é de reconstruir uma ética jornalística, que seja pertinente e que não fique apenas em meras deontologias que muitas vezes sabemos que existem, mais que não são cumpridas.
O passo seguinte é discutir o que é ser um bom jornalista. Para ser bom não é necessário escrever “desgraças”, expor a vida privada das pessoas e utilizar de imagens chocantes. Isso apenas gera o que não é necessário, o que não é jornalístico e muito menos ético.
Tanto os jornalistas como os meios de comunicação devem rever seus conceitos. Jornalismo não é ser medíocre e sim trabalhar em prol da qualidade de informação. Os veículos devem ficar atentos em buscar valores e não apenas pautar aquilo que o público quer ler.
Humberto Maturana, ao recorrer ao campo da biologia, mostrou que a ética é uma emoção básica, que pode ser traduzida como o respeito ao próximo, a consideração com o outro. “A principal emoção básica é o amor, donde provém a ética”. É assim que devemos enxergá-la para que possamos correr em busca de novas visões e erguer novos conceitos de racionalidade e de responsabilidade.
Os meios de comunicação, se inspirados por Maturana, deixariam a mesquinharia de lado para dar espaço ao amor pelo outro. É isso que é preciso para mudar, apenas isso.
Talvez se deixarmos de olhar apenas para nós e começarmos a dar mais importância para as pessoas que estão a nossa volta perceberemos que quando se têm respeito e consideração tudo pode vir a ser diferente.
Se mostramos violência, geramos mais violência. Se expomos pessoas, geramos mais exposições. Estamos vivendo a mais básica de todas as dicotomias da ética: a do indivíduo versus a própria sociedade. Isso não pode continuar assim.
Não devemos agir contra a sociedade e sim em prol da mesma. Somos formadores de opiniões e não manipuladores. Devemos dar a sociedade o que ela precisa: informações concisas e verdadeiras.
Isso significa que a luta por uma nova ética é também e acima de tudo uma luta para sermos pessoas mais ternas e humanitárias, podendo assim ter uma visão do que se deve ou não publicar.
Tudo pode ser possível, basta querer ser diferente e pautar diferente. O profissional de comunicação tem em mãos a grande responsabilidade da ética, e ele tem que saber usá-la para que novos conteúdos jornalísticos e de entretenimento voltados a não-violência e a cultura da paz sejam produzidos.