O reino da paz

Dica de leitura:

Livro: AS AVENTURAS DA ÁGUIA E DO JAGUAR II – O REINO DO DRAGÃO DE OURO

Título original: EL REINO DEL DRAGÓN DE ORO

Autora: ISABEL ALLENDE

Feita de ouro maciço, com incrustações de inúmeras e surpreendentes pedras preciosas, a estatua do Dragão de Ouro permanece oculta, há séculos, no labirinto subterrâneo do palácio imperial de um pequeno e misterioso reino, situado entre altos picos da cordilheira do Himalaia. Segundo a lenda, o magnífico objeto não é uma simples peça artística decorativa, mas o responsável pela preservação da paz e do bem-estar naquele país hospitaleiro e encantador.

Quando se abre este novo romance de Isabel Allende, a paz do Reino do Dragão de Ouro acha-se ameaçada pela cobiça de homens poderosos e violentos que para lá se dirigem, no mesmo momento em que o país está sendo visitado por Kate Cold, colaboradora de uma revista internacional de geografia, seu neto Alexander e a adolescente Nádia Santos, os mesmos protagonistas de A CIDADE DAS FERAS, que se passa na Amazônia. Nádia e Alexander viverão muitas e perigosas aventuras nos vales e montes do Himalaia, onde encontrarão novos amigos.

Ao mesmo tempo que descreve essas aventuras de tirar o fôlego, Isabel Allende revela aos leitores de O REINO DO DRAGÃO DE OURO o valor existente por trás da simplicidade dos ensinamentos budistas expostos pelo lama Tensing, mestre e guia espiritual de Dil Bahadur, herdeiro do Reino, a quem o monge dá a conhecer a importância da compaixão, da vida e da paz. Um belo romance para leitores de todas as idades.

INÍCIO DO LIVRO:

CAPÍTULO 1

O VALE DOS IÉTIS

Tensing, o monge budista, e seu discípulo, o príncipe Dil Bahadur, tinham passado vários dias escalando os altos montes a norte do Himalaia, região de gelos eternos, na qual, em séculos de história, somente alguns lamas haviam posto os pés. Nenhum dos dois contava as horas, pois o tempo não lhes interessava. O calendário é uma invenção humana; e, conforme o mestre havia ensinado ao seu discípulo, no plano espiritual o tempo não existe.

Para eles o importante era a travessia que o jovem realizava pela primeira vez. O monge lembrava-se de tê-la feito em uma vida anterior, mas essas recordações eram confusas. Guiavam-se pelas indicações de um pergaminho e orientavam-se pelas estrelas, em um terreno no qual, mesmo durante o verão, imperavam condições implacáveis. A temperatura de vários graus abaixo de zero só era suportável durante dois meses do ano, quando as fatídicas tormentas paravam de açoitar.

Mesmo quando os céus estavam límpidos, o frio era intenso. Vestiam túnicas de lá e ásperos mantos de pele de iaque. Levavam nos pés botas de couro do mesmo animal, com o pêlo para dentro e a parte externa impermeabilizada com banha. Cada passo era dado cuidadosamente, pois escorregar no gelo significava rolar centenas de metros, até o fundo dos precipícios que cortavam os montes como se fossem machados brandidos por Deus.

Contra o céu de um azul intenso destacavam-se os luminosos cimos nevados dos montes, pelos quais os viajantes avançavam sem pressa, pois àquela altura o oxigênio era insuficiente...

Vandeir Freire
Enviado por Vandeir Freire em 20/10/2009
Código do texto: T1876669