Realidade da Imprensa Brasileira
De acordo com o livro “Teoria do Jornalismo: identidades brasileiras”, o autor José Marques de Melo mostra o retardamento da imprensa brasileira, ou seja, nosso atraso sócio cultural perante a mídia impressa.
Esse atraso pode ter ocorrido por causa da natureza da colonização ou pelo retardamento da população (analfabetismo, falta de urbanização, etc) e, acabaram por inviabilizar as atividades impressas em nosso país.
Houve várias tentativas afim de implantar a imprensa no Brasil, mas, muitas chegaram a nem se quer concretizarem. Somente em 1808, a imprensa surge em nosso território e, vem somente contando com o funcionamento de duas tipografias e, pautando aos serviços da burocracia estatal e, complementarmente, aos interesses culturais (medíocres) da corte portuguesa.
A imprensa caminha a passos lentos, mas, sempre mostrando persistência a fatores socioculturais, que acabam por impedir o surgimento ou tornar difícil a sobrevivência de jornais e de tipografias.
Depois de muita luta, muitos governos, a imprensa brasileira reflete um maior desenvolvimento das relações trabalhistas e, isso coincide com o nascimento das primeiras empresas jornalísticas no país. Depois de então, muita coisa se fez, dentre elas a substituição da monarquia pelo regime republicano, fato que gerou novas configurações à sociedade brasileira.
Também, nas primeiras décadas do século XX a imprensa deixou a “veste” de mídia para classe dominante e passou a ampliar suas publicações editando publicações de interesse social.
Hoje, por mais que tenhamos veículos de nome Nacional, como é o caso da “Folha” e do “Estadão”, podemos dizer que nossa mídia impressa, ainda passa por uma crise sócio-econômica e, talvez a mesma seja reflexo dos erros “midiáticos” do passado.
Por mais que a pauta seja interessante, as tiragens dos impressos, não aumentam significativamente. Talvez, seja por isso que o “capitalismo publicitário” se instaurou e se misturou com o que hoje chamamos de jornalismo.
De acordo com estatísticas da UNESCO, a imprensa brasileira registrou, na década de 60, uma queda da ordem de 500 mil exemplares. Isso é paradoxal, se tivermos em vista o aumento populacional, a expansão da rede educativa e a melhoria da capacidade aquisitiva daqueles setores da classe média que se beneficiaram com o "milagre econômico”.
Jornal, deveria ser lido por todos, mas, sabemos muito bem que apenas uma pouca parcela adquire o hábito e o capital necessário para investir nesse meio, formador de opinião pública. Mas, em contrapartida o setor da imprensa de livros, revistas é um setor em expansão e, conta com a participação direta ou indireta do capital estrangeiro. Com isso “ataca” seu público alvo com o melhor que tem a oferecer – qualidade em exemplares periódicos.
O impasse que se antepõe ao crescimento da imprensa diária, que não consegue se expandir e se converter numa imprensa de massa pode ser creditado parcialmente à crise econômica, mas, também a incapacidade aquisitiva do povo brasileiro, analfabetismo crônico, ausência de participação política e próprio elitismo da imprensa.
Acredito, que embora a imprensa brasileira tenha ganhado maturidade no decorrer dos anos, a democratização da mesma ainda é complexa. Ainda continuamos a ser sócio-autoritários e o jornalismo acaba por refletir isso, transformando-o assim como “espelho da realidade”.
Como a imprensa quer ser massiva sendo que a mesma não alavanca seu papel de mudança, alavancando instrumentos de mudanças sociais, difundindo informações com maior precisão, maior fidelidade, assim motivando a população a ter um comportamento positivo em relação à realidade nacional?
Assim, concluo que a imprensa ainda deixa muito a desejar, e, que cada dia mais as notícias acabam sendo trocadas ou agendadas pelo sensacionalismo. O que deve ser feito? Pergunta complexa, mas, não muito difícil de responder.
O que deve ser feito é jornalismo de verdade, pois somente assim a imprensa brasileira pode chegar ao “status” positivista midiático.