PIERRE JOSEPF PROUDHON - O “Profeta” Anarquista

“Epígrafe - Escritor abundante, pensador genial, autodidata, libertário radical e ao mesmo tempo o primeiro e entrever profeticamente os perigos de um socialismo autoritário, estatal e dogmático”.

Daniel Guérin (1998)

RESUMO

Caso haja uma pesquisa com pessoas que terminaram o ensino médio indagando sobre a vida e obra de Proudhon, com certeza a conclusão será a de que muitas pessoas não o conhecem e muito menos sua obra. Este artigo visa torná-lo conhecido entre aqueles por quem ele tanto lutou para ajudar e em prol desse objetivo foi perseguido e preso.

Segundo Costa (1980), “Proudhon é mais conhecido hoje pelo que Marx disse dele do que realmente pelo que ele escreveu e fez”. É necessário torná-lo público entre aqueles que ele mesmo nomeou: “meus irmãos e meus companheiros”, a classe operária.

Palavras-Chave: Anarquia, povo e Eleições.

ABSTRACT

In case that it has a research with people who had finished average education inquiring on the life and workmanship of Proudhon, with certainty the conclusion will be of that many people do not know it its workmanship much less. This article aims at to become known it enters those for who it in such a way fought to help and in prol of this objective it was pursued and imprisoned. As I fall Coast (1980), "Proudhon more is known today for that Marx said of it of whom really for that it wrote and made". It is necessary to become it public between that he himself nominated: "my brothers and my friends", the laboring classroom.

Palavras-Chave: Anarchy, people and Elections.

Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) nasceu em Besançon (França), numa família pobre. Seu pai era tanoeiro e cervejeiro, os avôs por parte de pai e mãe foram agricultores livres, viveu até os doze anos nos campos, fazia pequenos trabalhos rústicos e pastoreava vacas, sendo vaqueiro durante cinco anos. A base de sua família era cristã, sendo assim também sua educação. Em seu auto-retrato pode-se notar certa nostalgia em relação aos tempos em que era criança e corria a vontade pelo campo.

Com dezenove anos saiu do colégio e foi trabalhar numa tipografia, depois tornou-se produtor por conta própria e cambista, depois de algumas semanas de trabalho em Lyon, depois em Marselha dirigiu-se a Toulon para procurar emprego. Assim foi sua vida até o ano de 1836, vivendo em oficinas, comendo o pão ganho a cada dia com o suor do próprio rosto e enviando o que conseguia para ajudar a família e contribuir com a educação dos irmãos.

Aos 28 anos ingressou na Academia de Bensançon, dando início a sua vida pública, lá ele recebia uma pensão trienal destinada a alunos que buscassem a carreira das letras ou das ciências e não tinham condições financeiras favoráveis. Proudhon venceu a concorrência, sua relação de motivos para o ingresso é emocionante, ele começa dizendo que nasceu e foi criado no meio da classe operária e termina dizendo que deseja ser o representante desta classe entre os acadêmicos.

Ele ganhou seu primeiro prêmio ao escrever sobre um personagem histórico que está contido num livro que a academia atualmente tem muito desprezado como fonte histórica, a Bíblia. Dedicou-se ao estudo das antiguidades socialistas e nela foi o primeiro lugar que ele as encontrou e recebeu aplausos por tornar Moisés filósofo e socialista. Segundo Proudhon os aplausos pouco importavam para ele, seu gosto mesmo era sua própria realização e pelo seu relatório de entrada na academia pode-se afirmar que sua realização é ver a classe operária com boas condições de sobrevivência, segundo Woodcock, a realização de Proudhon não era que a classe dominante perdesse suas condições, mas que todos tivessem as mesmas condições desta e que para isso não fosse necessário o uso do poder do homem sobre o homem. Em seu primeiro livro intitulado O que é Propriedade? Publicado em 1840 ele começa afirmando que a escravidão é um assassinato para depois transformar essa afirmação de forma dialética num novo questionamento, que é justamente o que dá título ao livro: “O que é propriedade? e da mesma forma que respondeu sobre escravidão ele diz: “É um roubo”. Ele transformou seus escritos num panfleto e logo foi intimado pelo Ministério Público de Bénsançon a comparecer ao tribunal criminal sob acusação de ataque a propriedade.

Proudhon foi o primeiro a declara-se anarquista, apesar de não ter sido o primeiro a escrever e julgar melhor a sociedade sem um governo, William Godwin (1756-1836) o precedeu repelindo de fato todo sistema social dependente de governo, mas isso não o tirou o título dado pelos historiadores de pai do anarquismo. É no mínimo intrigante O Manifesto Eleitoral do Povo publicado no Jornal du Peuple, 8-15 de Novembro de 1848 onde ele diz que os candidatos ao sufrágio popular prometeram tanto ao povo que não resta nada a prometer e que de todas as promessas nenhuma foi cumprida. Este jornal pertencia ao próprio Proudhon, foram quatro jornais no total todos fechados pelo governo devido aos seus artigos sempre violentos contra o poder. Em 1851, no Idée Générale de la Revolucion ele tece uma critica aos deputados (Proudhon foi deputado eleito em 1848 e disse dez anos depois que sua eleição foi efeito de um equívoco por parte do povo), levantando desconfiança sobre a reputação deles:

“Quem me diz que vossos procuradores não usarão de prívilégio para fazer do poder um instrumento de exploração? Quem me garante que seu pequeno número não os entregará, pés, mãos e consciências amarradas, à corrupção? E, se eles não querem se deixar corromper, se eles não conseguem ser razoáveis à autoridade, de quem me assegura que a autoridade desejará se submeter”?

Proudhon (1848)

As palavras de Proudhon são tão tentadoras que é difícil não comparar seus escritos com a realidade social brasileira, onde o povo, a classe operária desde as Diretas Já, escuta promessas dos seus representantes de reforma agrária, de educação de qualidade, de emprego e distribuição de renda e já não acredita em nada que venha do governo, o povo tem visto estarrecido a quantidade de dinheiro sacado das contas de Marcos Valério pelos deputados e seus funcionários e até esposa, isso leva a uma conclusão: Proudhon estava certo, quem melhor sabe o que o povo precisa é ele próprio , afinal de contas o que será prometido nas próximas eleições que ainda não haja sido prometido? Nada!

“Mas que me interessam ainda mais uma vez, todas estas eleições? Que necessidade tenho de mandatários, tanto como de representantes? E, já que é preciso que eu determine minha vontade, não posso exprimi-la sem ajuda de ninguém”?

Proudhon era um homem que se identificava com o povo mesmo quando deputado, em um de seus discursos mais polêmicos se colocou como proletariado usando o termo “nós” ao se referir a classe, deixando seus “colegas” de cabelos em pé e irados com o que estavam ouvindo. Ele irritou também a Karl Marx ao responder a um convite de forma inesperada por este, que depois rebateu a obra de Proudhon Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da Miséria com seu também clássico A Miséria da Filosofia.

Porque chamá-lo de “profeta” anarquista? Porque sua crítica a propriedade privada, também implica a uma crítica aos projetos comunista da época que ele considerava “exaltação ao Estado, glorificação da polícia” e a seus autores perjurava-os de "fanáticos do poder e da força central", alertava contra os objetivos retrógrados defendidos por eles, particularmente, "a ditadura da industria, do comércio, do pensamento, ditadura da vida social e privada, ditadura em todas as partes". Segundo Silva, é preciso chamar a atenção que estas críticas foram feitas na metade do século XIX, muito antes do primeiro regime de ditadura do proletariado e respondia aos pensadores revolucionários partidários do comunismo autoritário, herdeiros da tradição jacobina da Revolução Francesa, que iria influenciar também o marxismo-leninismo, motivo que dá o subtítulo deste artigo de o “profeta” anarquista.

REFERÊNCIAS:

• COSTA, Caio Túlio. O que é Anarquismo, São paulo: Brasiliense, 2004. 121p.

• CHAVES, Lázaro Curvelo. Pierre Joseph-Proudhon (1809-1865). Disponível na internet via www.URL: http://www.culturabrasil.pro.br/pjproudhon.htm#carta

• PROUDHON, Pierre Joseph. A Propriedade é um Roubo e Outros Escritos Anarquistas, Porto Alegre: L&PM, 1998. 176p.

• SILVA, Jorge E. Marxismo e Anarquismo, Duas Versões Divergentes do Socialismo. Disponível na internet via www.URL:

http://www.agrorede.org.br/ceca/edgar/MARXISMOEANARQUISMO.html

• Woodcok, George. História das Idéias e Movimentos Anarquistas, vol. 01 – São Paulo: LP&M. 280 p.