“A ECONOMIA COM AS OLIMPÍADAS”

“A ECONOMIA COM AS OLIMPÍADAS”

Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

O maior evento esportivo do planeta são as Olimpíadas, com a entrada do Brasil neste seleto grupo de países que irá sediar este evento do esporte, muitas mudanças acontecerão em nossa economia, nos projetos educacionais, na infra-estrutura do Rio de Janeiro, além de outras atividades como segurança e meio ambiente.

Para uma cidade ser escolhida precisa atender alguns critérios, dentre eles: deve ser criado um projeto de cidade que contemple a natureza, a diminuição dos efeitos estufa, a reestruturação do sistema de transporte básico da população ali inserida, a melhoria dos índices sociais, reestruturação do cenário urbano contemplando projetos artísticos, culturais e esportivos, além de exemplos de assistência social de populações carentes.

Não fossem suficientes as cobranças anteriores, a cidade detentora deve aplicar um volume de investimentos compatíveis com a organização de um empreendimento deste porte. Para se ter uma noção da complexidade: serão 1 milhão de turistas, 15.000 mil atletas (4.500 a mais que em Pequim – China), 48.000 quartos para as delegações, um sistema televiso com capacidade de transmissão para 4,4 bilhões de telespectadores por todo o planeta.

Para atender tamanha demanda muitas obras serão necessárias, desde ampliação de metrôs, criação de corredores de ônibus, construção de túneis, viadutos, ruas, ginásios e campos de concentração dos atletas. Além disso, irá impulsionar e agilizar projetos prioritários de infra-estrutura, como a reforma e ampliação dos aeroportos do Galeão e Santos Dumont no Rio de Janeiro passando dos atuais 12.100 passageiros hora para 20.000 passageiros hora; o trem-bala que ligará a priori São Paulo ao Rio de Janeiro, através do projeto TIV; recuperação do porto; despoluição de lagoas e praias onde ocorrerão os eventos esportivos, além do plantio de 29 milhões de árvores na cidade maravilhosa.

Quando um empreendimento desta magnitude é realizado em um país, 46% das riquezas criadas permanecem na cidade sedes do campeonato e os 54% restantes são distribuídos pelo país (em média), em diversos seguimentos da sociedade.

Serão criados 120 mil empregos diretos ao ano até 2.016, segundo projeções do Governo Federal, podendo totalizar por volta de 2 milhões empregos formais e informais relacionados ao evento.

Segundo o COI – Comitê Olímpico Internacional, a receita deste evento baseado nos valores de hoje, seriam da ordem de R$ 102 bilhões, mais as correções até a época, podendo até superar estas projeções dependendo da política estratégica de marketing utilizada pelo governo brasileiro. A contrapartida de investimento, no entanto é de gastos aproximados da ordem de R$ 51 bilhões entre a iniciativa pública e privada.

O projeto que foi apresentado ao COI pelo Brasil contempla investimentos da ordem de R$ 14 bilhões pelo governo, sabemos que muitas das promessas já estavam comprometidas com a realização da Copa do Mundo em 2014 para a FIFA, desde que cumprida o que já está acordado, a suplementação de verbas para a contemplação das Olimpíadas está dentro de uma racionalidade lógica e econômica.

Apesar dos erros grotescos no planejamento financeiro dos jogos Pan-americanos, os estudos de gastos do evento olímpico estão muito próximos da realidade, mas, mesmo assim a partir do momento da divulgação que uma cidade é anunciada como sede de um campeonato como este os custos na cidade crescem, nos países da Europa o orçamento estoura em pelos menos 30%, no caso brasileiro quem sabe?

Os jogos olímpicos trarão alegrias, com investimentos no social, na infra-estrutura e na recuperação da cidade do Rio de Janeiro. O progresso sustentável proposto trará benefícios de longo prazo e todos serão beneficiados, inclusive o Brasil com o aumento de uma parcela do PIB, provocado pelas Olimpíadas de 2.016.

Obs.: Esta é apenas uma parte da matéria abordada na entrevista do Programa Realidade da Rede Mundial de Televisão do dia 14/10/2009, com Mariana Bacci.