MICO
Mico
Estamos em uma “era moderna” onde as rotinas e o uso de conceitos convencionais compatíveis com a coerência e com nosso próprio aprendizado de vida transformaram-se nos famosos “micos” etiquetados pela rapaziada de hoje e fica sempre a pergunta: quais são os valores atuais desses jovens que consideram “mico” o fato de termos costumes diferentes dos deles, se na maioria das vezes são muito mais consistentes? E me leva também a ponderar sobre outras coisas – assuntos voltados ao comportamento humano, à evolução das raças, ao modismo, à vaidade e à nossa própria insignificância, desprezada pela grande maioria, por esses que se acham, na verdade, os “donos da cocada preta”... Na concepção narcisista da tola idolatria.
Invariavelmente, seja o que for que aconteça, teremos sempre na outra ponta – a do destino – o comprometimento e o prejuízo para nossos descendentes, provocado pelos desastres da falta de estrutura familiar atual de nosso povo, com base nas drásticas mudanças de comportamento de nossa sociedade como um todo.
Hoje em dia, os casais após se unirem, em razão da superficialidade dos relacionamentos modernos e pela falta de confiança e respeito recíprocos, têm uma vida amorosa muito limitada e tumultuada; as separações são comuns e constantes, deixando o legado de uma herança de sacrifícios extremos para seus filhos, em razão da conseqüência pelos rompimentos, na maioria das vezes traumáticos, além de impedir a condução adequada da educação e formação intelectual durante sua infância e adolescência.
Dessa forma, os pais de hoje parecem querer criar seus filhos dentro de uma redoma de vidro, protegidos de tudo e de todos, permitindo-lhes os maiores absurdos e fazendo todas as suas vontades, como que com medo de repreende-los, não lhes permitindo o conhecimento de seus próprios erros e a pureza do seu próprio arrependimento.
É questionável o posicionamento de certos pais que, ao tomarem a decisão de se separarem, esquecem aquilo que sempre foi mais importante em suas vidas, a família, para romper, jogar pela janela tudo que conquistaram juntos, na maioria das vezes por motivos fúteis, sem se preocupar com as conseqüências de uma atitude tão drástica. É o egoísmo que transcende ao amor, ao carinho e princípios de fraternidade e amizade que cultivaram, destruindo sonhos, alimentando o ódio e cultivando a ira e a própria vaidade.
A presença dos pais na formação intelectual e moral de seus filhos é de extrema importância, durante toda a infância e adolescência e até na idade adulta. Um não substitui o outro, se complementam, e os riscos estão presentes mais até em nossas escolas que em qualquer outro lugar, em razão da falta de compromisso social de nossas instituições e de nossos pares.
Nessas condições, com as bases da estrutura familiar comprometida, não há como se manter a mesma qualidade do relacionamento com os filhos e cerca-los da atenção que tanto merecem e necessitam. Em razão disso, avolumam-se os problemas e cresce a representatividade de alguns dos maiores problemas sociais enfrentados pela nossa sociedade, a impunidade e a criminalidade, fortalecidos pela contravenção, pelos maus exemplos e pela omissão de nossas autoridades. Impedir que os filhos sofram ou assumam a responsabilidade de seus atos e paguem pelos seus erros é como tirar deles suas proteções naturais e deixa-los a mercê de terríveis doenças, sem antídotos ou remédios que os curem de seus males.
Portanto, a questão maior é como dosar liberdade e autoridade, para que as crianças e adolescentes cresçam com equilíbrio, em seu próprio benefício, para que também possamos continuar crescendo. Viver não é deteriorar-se, mas expandir, encontrando cada um de nós o seu espaço... Em seu pedaço. E precisamos reagir impondo nossa própria vontade, no sentido de demonstrar nosso inconformismo pelo sucateamento da educação e dos princípios básicos da coerência e da razão. Pagar “mico” na verdade é testemunhar, sem nada fazer, a compra da dignidade de nosso povo em razão dos benefícios de programas sociais como o “bolsa família” que leva ao ócio as classes menos favorecidas comprometendo a grande maioria de nossa gente, para manter em alta a popularidade, pela sanha demagógica do próprio governo.
Urias Sérgio de Freitas