Pitágoras (2)

Pitágoras (2)

Delfos era considerado o lugar mais santo da Grécia. Pitágoras e sua mãe, Pártenis, deixaram Samos e fizeram ”vela para a Grécia”. Em Delfos se cultuava Apolo, o Verbo Solar, equivalente a Palavra Universal, ao Grande Mediador, ao Vishnu dos hindus, o Mitras dos persas, o Hórus dos egípcios. Pitágoras fora “guiado” ao local certo para arregaçar as mangas e começar os rudimentos da primeira universidade do mundo. Hora e vez do pentagrama, o símbolo da Escola Pitagórica. Que grosso modo e muito resumidamente pregava:

• Prática de rituais de purificação e crença na reencarnação e consequentemente na imortalidade da alma.

• Lealdade, austeridade e ascetismo, além da distribuição comunitária dos bens materiais.

• Proibição de beber vinho e comer carne.

Talvez você se pergunte o que isso tem a ver com matemática, ou mesmo com ciência. Ocorre que a ciência pregada pelo iniciado começava antes no próprio ser. Em seguida na percepção ampliada do ser face ao todo e por fim a prática de preceitos que remontam a origem dos tempos. Não nos esqueçamos que Pitágoras partiu justamente em busca desses preceitos, quando de sua ida ao Egito. Seu desvio para Babilônia culminou no acúmulo de conhecimento acerca da mesma moeda. Sua chegada a Delfos vem coroar e expandir ainda mais o que ele havia amealhado.

• Purificação da mente pelo estudo de Geometria, Aritmética, Música e Astronomia.

(Outro preceito da Escola).

“O deus (Apolo) foi a Delfos e atravessou com suas flechas uma serpente monstruosa que desolava a região. Saneou o país e fundou o templo, imagem da vitória dessa luz divina sobre as trevas e sobre o mal. (...) Apolo, educador dos homens, ama estar no meio deles, ele se agrada nas cidades, entre a juventude, nas lutas da poesia e da palestra, mas só fica ali temporariamente. No outono volta à sua pátria, ao povo misterioso das almas luminosas e transparentes que vivem na eterna aurora de uma felicidade perfeita. (...) Quando quer fazer aos homens um dom real, traz do seu país uma dessas grandes almas e a faz nascer na Terra para ensinar e encantar os mortais”.

Essa lenda acolhe a própria lenda de Pitágoras e cria com ela um vínculo senão de sentido, de harmonia. Em Delfos Pitágoras devolverá aos sábios e sacerdotes a consciência de sua missão.

Veremos seus próximos passos através do romance de Mary Renault:

Simônides indaga se ele seria exilado por Polícrates:

“ - Isso aconteceria, eu penso. Até o momento o Tirano não se preocupou comigo. Mas agora começa a ouvir que eu e meus amigos estamos estudando harmonia.

- E então? Ele se orgulha de ser o patrono das artes.

- Não da nossa arte. Nós procuramos a música primeiro no céu – aponta para o astrolábio – depois na terra, nas leis de suas criaturas, especialmente dos homens, em nós mesmos, no trato para com as outras pessoas, no seu corpo político. Isso é tão desagradável para um tirano como um conselho médico para um bêbado. Bem, temos muito trabalho a fazer e precisamos de paz. Há uma região na costa da Itália com terra boa e virgem.

- Mas se pretende fundar uma colônia, como conseguirão mulheres? – indaga Simônides.

- Ora – responde Pitágoras – levo minhas alunas. As mulheres já foram homens e serão outra vez, assim como você e eu já fomos mulheres. O que é isso, além de uma estação no caminho?”

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“Todas as coisas são números”, afirmou Pitágoras.

No rol de frases atribuídas a ele, “o que fala semeia; o que escuta recolhe”.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 13/10/2009
Reeditado em 19/02/2013
Código do texto: T1864077
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