Vinha de Luz

Esta passagem tem 17 anos. O tempo não passou. Continua em Vinha de Luz. "André Luís hoje está doentinho. Amuado no seu canto, às vezes, reclamando uma atenção, mais um carinho, mais um incentivo para o seu momento de resgate que cada dia se torna mais engrandecedor. A sua prática silenciosa, às vezes, árdua para meu pequeno entendimento e pouca compreensão, me faz reexaminar parâmetros da minha vida, pensar no ontem, pensar no amanhã e saber que o acaso não existe.

Por isso, estou eu aqui nesta Vinha de Luz a escrever, e porque não usar o termo ''abusar'' de espaços que me foram abertos, Graças a Deus, para meu engrandecimento.

Conseguir traduzir o que quer uma criança como o Dedé é o mais difícil. Mostrava a garganta, punha minha mão na sua testa, esfregava seu rosto no meu, pedia música. Sempre tem que ser Roberto Carlos (Jovem Guarda) ou então Elvis Presley. Ofereci uma limonada, recusou, ofereci biscoitos recheados de chocolate recusou. O almoço também. No meu ```sexto sentido`` de mãe, percebi imediatamente que era garganta. Também sua temperatura já estava alta. A esta altura dos acontecimentos eu já tinha certeza: ``no school today.``

De repente, André se torna mais amuadinho. Já é introspectivo pela natureza do seu problema, mas para mim já estava demais. A sua tristeza era infinita. Bateu uma enorme vontade de esclarecer, de perguntar, de chorar e perguntar mais uma vez. Porque razão? Porque eu?

Imediatamente, sem pensar duas vezes, recorro ao S.O.S Prece. Quem me atendeu foi a tarefeira D. Albina. Depois de breve conversa sobre o André Luís, pediu que fechasse meus olhos e mentalizasse Dr. Bezerra de Menezes. Assim o fiz. Logo no começo da oração, dávidas do céu começaram a chegar perto do meu filho. Apareceu um rapaz muito bonito vestido de branco, estilo franciscano, colocou a mão na cabecinha do Dedé e ficou ali a meditar. Carregava um livro na mão. Imediatamente apareceu na janela do seu quarto seis espíritos infantis que começaram a cantar. Estavam levitando. Seguravam inclusive uma espécie de gaitinha. Assim que as crianças circundaram meu filho com este canto inexplicável à imagem de um simples ser humano, as mãozinhas destas crianças começaram a espalhar sobre o corpinho do Dedé uma espécie de um pó dourado, muito, muito cintilante. Ao mesmo tempo aquele rapaz jogava um pó branquinho. A mistura entre o branco e o cintilante, dava uma espécie de luz. Transformava-se em luz, a qual entranhava no corpo do André em forma de luzes coloridas, porém suaves. Muitas. Incontáveis.

André Luís estava sendo atendido, graças a Deus, ao nosso Mestre Jesus, ao Dr. Bezerra de Menezes.

A oração acabou e Irmã Albina perguntou se estava tudo bem.

Sim, disse eu. Tudo está muito bem. E as perguntas, filha?

Não, Irmã Albina, sem perguntas, sem questionamentos. Apenas, muitos, muitos agradecimentos.

Contei a ela, e me confirmou o merecimento do André.

Agradeci e, neste momento, exatamente agora, André está muito calmo, brincando de carrinho.

Daqui a pouco irá dormir.

O chorinho triste havia ido embora.

Está batendo palma sim, mas normalmente, como faz todos os dias quando de frente do brinquedo amado.

Como é inocente. Como é puro. Como é feliz.

E não daqui a pouco, mas neste instante, a todo instante, para todo sempre, agradeço a Deus por André existir, por fazer parte da minha vida. Agradeço a Deus por ser tão feliz.

Obrigada Senhor !!!!!!!"

Agora, 17 anos depois, tudo valeu a pena, as noites e o autismo, a pureza e as estereotipias.

Afinal, foram os esteriótipos que me fizeram aprender e amar o mês de outubro. Eterna homenagem!

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 12/10/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1861714
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