A POESIA LIBERTADORA DO PENSAMENTO
Hoje a poesia é mais livre, já não obedece a regras tão rígidas em poemas de rimas, mas poesia é poesia e nunca esse nome terá, se não se enquadrar em determinados parâmetros que a definem. (A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. “Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice. O sentido (semântica) da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fáctico. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.
Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal)
Mas não nos podemos esquecer que a poesia na forma de prosa ou verso tem um fio condutor curativo pois é exorcizando espectros, ideias, libertando o espírito de obsessões, de mágoas, de acontecimentos que se revela de grande valia.
Salvem-se as devidas cautelas para a poesia erótica resguardando quem a possa ler sem se chocar; por isso os avisos que a previnem para crianças e pessoas mais susceptíveis.
Mas:
Contrariando expectativas, a emocionalidade explícita, a narratividade, o verso discursivo às vezes de fôlego vertiginoso, as tematizações do corpo passam a caracterizar a dicção poética:
Um exemplo este poema
Os meus deuses magoam-se
Quando me faço ver no poema, a minha noite maior,
A descoberta de coisas tão pequenas: esta passagem
Entre os corpos todos que tocaram este corpo.
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Esse sujeito não se interpreta isolado, mas em companhia de tudo que não é ele. Joaquim Manuel Magalhães, o poeta crítico revelado nesse contexto, em oportunas reflexões sobre o intercâmbio da actividade poética com a cultura, afirma:
A poesia é uma inúmera prisão. (...) Sem dúvida que, enquanto homem, o poeta pressupõe a liberdade do seu imaginário e da explanação dos seus sentimentos sem entraves que é o direito à expressão, mas enquanto formação da escrita nada está mais longe do seu horizonte.
A própria poesia funciona como limite de sua escrita.
Cada vez que se tenta, há o peso infindável detudo o que foi escrito a impedir a repetição.
Cada vez que se busca, há a resistência das palavras a dizer o que se pretende.
Tudo são barreiras. Os modos da época, as convenções, o estado da linguagem, a corrente da sensibilidade, a disponibilidade do ser.
A contiguidade discurso poética/discurso do desejo encena a questão polémica da Mimeis e do sujeito que escreve e do sujeito que deseja.
A impossibilidade da conquista amorosa ou do desespero que deseja declarar na poesia que escreve fá-lo esquecer muitas vezes que poesia é literatura, biografia, e é também bibliográfica.
“Estou entre o teu corpo/ e os riscos do
mundo. na expressão de Moura Pereira.”
Ou
“Eu sou o intervalo entre o outro e mim”.
“Hélder Moura Pereira enuncia: O outro me antecipa
adaptação de alguns comentários sobre a poesia contemporanea