A CONSCIÊNCIA
A CONSCIÊNCIA
A teoria do conhecimento no seu todo se realiza como reflexão do entendimento e baseia-se num pressuposto fundamental: o de que somos seres racionais conscientes. O que se entende por consciência? A capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber o que sabe que conhece. A consciência é um conhecimento das coisas e de si, e um conhecimento desse conhecimento, reflexão. Pode parecer estranho ou despropositado, pelo menos à primeira vista, o fato de certas afirmações, encontradas em obras de Psicologia, Sociologia ou Direito, coincidirem com expressões espíritas, neste ou naquele ponto, embora sejam diferentes os contextos. Mas o pensamento espírita, inegavelmente, entra em diversos domínios do conhecimento humano, ainda que nem todos os críticos e bibliófilos demonstrem interesse por este tipo de verificação. Para muitos homens de estudos, entre os quais podemos incluir alguns deles que não ficam somente nas consultas e anotações de gabinete, pois, também, fazem pesquisas, o Espiritismo é apenas matéria de fé ou, quando muito, “alguma coisa de pura metafísica”, sem consistência nem objetividade. Em suma, segundo esse entendimento, que ainda é muito coerente, a Doutrina espírita cuida apenas do “mundo dos mortos”, inteiramente fora da realidade humana. É um engano, redondo engano. Mas a distorção tomou corpo e transformou-se em motivo de preconceito intelectual, como se o Espiritismo não tivesse, realmente, um aspecto cultural. Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade: é o eu, um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. O eu é o centro ou a unidade de todos esses estados psíquicos. Se desejássemos enveredar pelas ciências sociais, cujo campo é dos mais amplos e complexos, poderíamos, logo chamar a atenção dos espíritas, notadamente na terceira parte de O Livro dos Espíritos, com evidentes implicações sociológicas. E existe mais: a projeção do pensamento espírita abrange questões inerentes, igualmente, à temática da Antropologia Física e da Antropologia Cultural, embora não sejam expressas em termos técnicos ou na linguagem dos especialistas. A colocação espírita dos três elementos constitutivos do homem-corpo-espirito-naturalmente sugere reflexões de ordem científica e filosófica, tanto em relação à Biologia, quanto à Filosofia e à Psicologia. A consciência psicológica ou o eu é formada por nossas vivências, isto é, pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia, assim como o que se passa em nosso interior. É a maneira individual e própria com que cada um de nós percebe, imagina, lembra, opina, deseja, age, ama e odeia, sente prazer e dor, toma posição diante das coisas e dos outros, decide, sente-se feliz ou infeliz. O homem criado por Deus, um ser inteligente do universo, é composto de matéria, espírito e perispírito. Sendo o perispírito um corpo fluídico torna o ser humano imortal, pois ao desencarne esta parte do corpo se liberta da matéria, que volta de onde veio, ao fluído cósmico ou fluido universal. O perispírito é o laço que une o Espírito à matéria do corpo; é tirado do meio ambiente, do fluido universal; tem, simultaneamente, segundo Kardec, algo de eletricidade, do fluído magnético e, até certo ponto, de matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria; é o princípio da vida orgânica, mas não o é da vida intelectual. A vida intelectual está no espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo essas sensações estão localizadas em órgãos que lhe servem de canal. Destruído o corpo, as sensações tornam-se gerais. Além disso, é necessário não confundir as sensações do perispírito, que se tornou independente, com as do corpo. Morto, o corpo não sente mais nada, porque nele já não há espírito nem perispírito. Desprendido do corpo, o perispírito experimenta singular sensação; entretanto, como essa lhe chega através de um canal limitado é geral. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inaccessível a qualquer sensação dolorosa. A idéia da existência do perispírito remonta à Antiguidade. Os sacerdotes egípcios chamavam KA a esse envoltório fluídico da alma. Figura, também, na Bíblia com a denominação de nephest. Lê-se, no Gênesis (Cap. II versículo 7), na tradução dos hebreus: ”O Senhor Deus uniu a seus órgãos materiais (do homem) a alma inteligente (ou "eu") "nichema”, inspirando o sopro da vida, “ruach”( que a segue em todas as vidas) e o taco da união da alma e do corpo grosseiro foi um sopro vital: “nephesh”. A distinção dos três elementos constitutivos do corpo é também encontrada no livro de Job ( Cap. XXVII versículos 2 e 3) da Bíblia hebraica: “E Deus proferiu o julgamento do culpado, afligindo-o no seu Espírito divino ( ruach)”. No livro de Isaias ( Cap. LVII, versículo 16), onde se encontra o emprego simultâneo das mesmas expressões: “A alma sairá de minhas mãos e eu lhe darei um “nephesh” que a unirá ao corpo na sua encarnação”. Na Grécia, Hesíodo fala no corpo fluídico, quando descreve a vida futura das almas. E os hinos órficos aludem às almas envoltas num corpo etéreo impregnado das manchas horrendas de todas as falas cometidas, sendo necessário, para apagá-las, que elas retornem à Terra.O perispírito é o “linga-sharira” dos hindus, o Kaleb dos persas, o “akasa” dos brâmanes, o “ochema” dos gregos, o “enormon” (Hipócrates), o “carro sutil da alma” (Pitágoras), o “mediador plástico” (no sistema de Cudworth), o “organismo sutil” (Leibnitz), o “influxo físico” (Euler), o “corpo sidério” (Paracelso), “o corpo aromal” (Fourrier), a “idéia diretriz” (Cláudio Bernard), o “somod” (nas investigações de H. Baraduc), o “somatoid” (de Platão, no Fedon), o “metaorganismo” (Heillenbach), o “fluido nervoso” (da vidente de Precost), o “fluido magnético” (Mesmer), o “azoth” dos (alquimistas), o “corpo psíquico” (de Depuy), o “corpo metafísico” (de Carl du Prel), o “duplo etéreo” (dos Teósofos e de Fichte), o “corpo glorioso”, conhecido dos Cristãos primitivos. Existem ainda inúmeros sinônimos para o perispírito: veículo etéreo, invólucro fluídico, corpo magnético, fantasma sideral, dupla personalidade, corpo transcendental, corpo radiante, corpo da ressurreição, corpo Luminoso, corpo sutil, corpo brilhante, corpo fantástico, psicossoma, corpo vital, corpo astral. O homem transcende as mais altas escalas da natureza, e não pode ser visto somente pelo aspecto sociológico, psicólogo e pelo campo do direito, ele é muito mais do que se pensa, é um ser ainda estudado, analisado e requer muitas experiências, pois muda de comportamento como se muda de roupa e o por mais infantil que se pareça, ainda não se chegou às causas. O estudo mais profundo feito do homem vem das ciências, da Antropologia, mas não esqueçamos jamais que as religiões trabalham incessantemente em busca da verdade. Umas mais espiritualistas já conseguem feitos extraordinários como a comunicação com o mundo espiritual, através da psicofonia, da psicografia e mesmo através da pneumotografia. Como não se consegue nada de mão beijada, Deus o grande arquitetador do Universo deu ao homem a inteligência, e de quebra o instinto e o livre arbítrio, para que eles através de suas experiências e estudos tentem desvendar o mistério da procriação e que os ateístas mais combatem a imortalidade da alma. Segundo as versões mais correntes, a sentença do Cristo está formulada em dois termos. Estão associadas, aí duas idéias, aparentemente muito distanciadas: Verdade e Liberdade. No pensamento evangélico, entretanto a segunda depende da primeira. Há um sentido de condicionamento, portanto. Ninguém se libertará, sem um esforço constante e persistente para buscar a Verdade. Esta Verdade é a que precisamos mais agora, pô-la em termos de compreensão humana, segundo a relatividade dos conceitos que informam nosso precário conhecimento. Ninguém possui a Verdade Integral, assim como ninguém é absolutamente livre. Por isso o Grande Mestre da Humanidade sempre afirmava “Buscai a verdade, e a Verdade vos libertará”. Do ponto de visto ético e moral, as ciências dizem que a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme a liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a pessoa dotada de vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade para compreender e interpretar sua situação e sua condição (física, mental, social, cultural e histórica), viver na companhia de segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade. Só que o homem não detém a força de vontade na prática do bem, ele quando açambarcar tudo usa de artimanhas que igualha - o a um animal irracional, talvez por viver num mundo aberto, não possuir script e faltar-lhe o controle emocional, o amor e não fazer a distinção entre perdão e ação, é neste ponto em que ele comente as piores aberrações do mundo, deixando muito abaixo dos irracionais, que matam para se defender e saciar a sua fome. Complicado, mas a consciência humana desde que trabalhada pode se tornar ativa e reflexiva: aquela que reconhece a diferença entre o interior e o exterior, entre si e os outros, entre si e as coisas. Esses graus de consciência é o que permite a existência da consciência em suas quatro modalidades, isto é, eu, pessoa, cidadão e sujeito, resultando a consciência intencional ou intencionalidade. Acho que o ser humano ou hominal deixa a consciência intencional de lado e vai enveredar nos caminhos da intencionalidade. Ele quando quer usar um dos azimutes do livre-arbítrio, planeja, estuda, traça mapas, usa os dicionários da nuanças, só que na hora de praticar seus planos falta-lhe discernimento ou coragem e contrata outro ser para executar sua bestialidade. Devemos fazer indagações a nós mesmos: “que seremos na casa de nossa fé, em companhia daqueles que comungam conosco o mesmo ideal e a mesma esperança? Uma fonte cristalina ou um charco pestilento? Um sorriso que ampara ou um soluço que desanima? Uma abelha laboriosa ou um verme roedor? Um raio de luz ou uma nuvem de preocupações? Um ramo de flores ou um galho de espinhos? Um manancial de bênçãos ou um poço de águas estagnadas? Um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor que condena e destrói? Um auxiliar devotado ou um expectador inoperante? Um companheiro que estimula as particularidades elogiáveis do serviço ou um censor contumaz que somente repara imperfeições e defeitos? Um pessimista inveterado ou um irmão da alegria? Um cooperador sincero e abnegado ou um doente espiritual, entrevado no catre dos preconceitos humanos, que deva ser transportado em alheios ombros, à feição de problema insolúvel? Indaguemos de nós mesmos, quanto à nossa atitude na comunidade a que nos”. “Ajustamos, e roguemos ao Senhor para que o vaso de nossa alma possa refletir-lhe a Divina Luz”. “Deixo que o “homem com a sua consciência liberal” escolha através de sua capacidade intelectual, as indagações boas e más para ele”.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES - Oficial Superior da Polícia Militar-Bacharel em Segurança Público-Gestor de Empresas e Estudante de Jornalismo da FGF.