UM BRASIL MAL-EDUCADO
Já não nos bastava conviver com tantas mazelas no Campo da Educação,professores mal pagos e mal preparados,alunos dispersivos e sem nenhum desejo de aprender ou se aprimorar(-para que estudo ou pesquisa,não temos a Wikipédia?-disse-me um deles ,outro dia),escolas sem equipamentos,algumas carentes até do básico necessário:cadeiras,mesas,giz...
Em Salvador, uma das cidades mais importantes do país,escolas públicas estão agrupando várias classes numa única sala ou fazendo rodízio,porque não contam com mobiliário suficiente para todos.
Pois, bem nos bastasse tudo isto,nos vem a vergonha do vazamento das provas do Enem.
O Exame Nacional do Ensino Médio,quando foi criado,me pareceu um excelente meio de ascensão à Universidade para os mais carentes,oriundos de famílias pobres,impossibilitadas de pagar escolas e cursinhos com preços muito acima do seu bolso.
Pareceu-me um caminho para a inclusão social através da Educação.
Claro que questiono e muito nossa forma de ensino, superficial e básica.
Mas, é um caminho melhor que nenhum, pois,cabe ao aluno aprimorar esse escasso conhecimento recebido,através da leitura,da pesquisa e do seu próprio interesse em crescer cada vez mais.
Agora, infelizmente,junta-se a tudo isso,a corrupção.Não sabemos de onde partiu o roubo das provas.Só sabemos que foram roubadas para que alguém tirasse proveito,comercializando os gabaritos.E que proveito!
O sujeito que as ofereceu ao jornal “Estado de São Paulo” queria a bagatela de $500.000 reais.
Voltamos a pensar; se alguém queria vender é porque sabia que haveria compradores.É a velha lei da oferta e procura em ação.
Os interessados queriam ser aprovados para se livrar do vestibular, no meu tempo o bicho-papão dos estudantes,e,assim,obtendo boas notas no Enem,garantir um bom lugar nos melhores e mais concorridos cursos superiores.
A Educação, pelo visto,entrou de cabeça,neste cancro social que é o desejo de tirar vantagem em tudo,passando por cima de qualquer coisa.
Os “compradores”do gabarito,aqueles que poderiam desembolsar quantias altas,apenas queriam ultrapassar aqueles estudantes com menores recursos que queimaram as pestanas durante meses,estudando para passar e assim manter o colonialismo cultural em que nosso triste país está envolto.
Serão os mesmos que ,um dia,como políticos,aceitarão conchavos pouco ortodoxos,como advogados e juízes comprarão e venderão sentenças,como policiais serão facilmente corrompidos,como médicos,porão seus interesses acima da vida humana que têm a obrigação de salvar e como professores,darão suas aulas sem empolgação nem entusiasmo,sonhando com o filão das escolas particulares que lhes proporcionarão muito poder social e dinheiro à rodo,podendo até quem sabe chegar a Senador da República.
Esta corrupção que parece atingir todos os setores vem de cima.
Se a nossa elite política rouba, mata,desvia verbas,trafica influencia, emprega parentes e nada lhes acontece,não sofre nenhum tipo de punição,que exemplos dariam à sociedade,principalmente aos mais jovens?
Por isso somos tão desonestos e não nos culpamos por sermos assim. Parece muito natural.
Que tipo de profissionais sairiam dessas escolas particulares e caríssimas,onde em vez de ser alunos são “clientes”?
Onde não interessa uma seleção de fato basta ter dinheiro para ingressar?A escola, maior formadora de cidadãos virou um negócio muito promissor.
Por conta disto, soube de um advogado recém-formado que fez uma petição solicitando um “Habeas Corpus”para ele,não para o ladrão.
Ah,vocês riem?Experimentem ler os bilhetes ou e-mails que esses doutos cidadãos nos enviam; a pobre “flor do Lácio”é estuprada a todo momento,ortografia e concordância ausentes,a idéia,quando existe,perdida numa confusão gramatical às vezes,ininteligível.
Conheço alunos de curso superior que nunca abriram um livro para ler.Quando abrem a boca e falam ,melhor a gente se proteger com um capacete pois as “pedradas” podem danificar nossa massa encefálica.
Existe um princípio básico no qual acredito: quem não é um bom leitor jamais será um bom escritor.
Nota-se a diferença entre o leitor dos clássicos, alguém que bebe a cultura como degustaria um bom vinho e os que têm instinto,idéias,mas,acham dificuldade em concatená-las.
Como estudante de escola pública,o famoso “Colégio da Bahia”(Central),onde fui contemporânea de Glauber Rocha,acho difícil entender o “pagou,passou”,de hoje.
Nossos professores, hoje nomeando ruas importantes daqui,exigiam um bom conhecimento de Latim e Grego,nos faziam recitar Castro Alves , ler e comentar Mestre Machado e os mais importantes nomes da Literatura Mundial.
Tenho pena dos professores de hoje. Sem autonomia,sem condições de trabalho,sem estímulo,sem respeito,muitas vezes agredidos e ameaçados por pais de alunos ou pelos próprios,ganhando mal,desencantados com a profissão,invisíveis para os governantes que não atendem suas reivindicações,cujo salário do medo,mal dá para comprar uma revista semanal.
Tremo quando penso no futuro do nosso país, pois, povo que não cultua a educação nunca sairá da barbárie e estará sempre propenso a corromper e ser corrompido.
Já não nos bastava conviver com tantas mazelas no Campo da Educação,professores mal pagos e mal preparados,alunos dispersivos e sem nenhum desejo de aprender ou se aprimorar(-para que estudo ou pesquisa,não temos a Wikipédia?-disse-me um deles ,outro dia),escolas sem equipamentos,algumas carentes até do básico necessário:cadeiras,mesas,giz...
Em Salvador, uma das cidades mais importantes do país,escolas públicas estão agrupando várias classes numa única sala ou fazendo rodízio,porque não contam com mobiliário suficiente para todos.
Pois, bem nos bastasse tudo isto,nos vem a vergonha do vazamento das provas do Enem.
O Exame Nacional do Ensino Médio,quando foi criado,me pareceu um excelente meio de ascensão à Universidade para os mais carentes,oriundos de famílias pobres,impossibilitadas de pagar escolas e cursinhos com preços muito acima do seu bolso.
Pareceu-me um caminho para a inclusão social através da Educação.
Claro que questiono e muito nossa forma de ensino, superficial e básica.
Mas, é um caminho melhor que nenhum, pois,cabe ao aluno aprimorar esse escasso conhecimento recebido,através da leitura,da pesquisa e do seu próprio interesse em crescer cada vez mais.
Agora, infelizmente,junta-se a tudo isso,a corrupção.Não sabemos de onde partiu o roubo das provas.Só sabemos que foram roubadas para que alguém tirasse proveito,comercializando os gabaritos.E que proveito!
O sujeito que as ofereceu ao jornal “Estado de São Paulo” queria a bagatela de $500.000 reais.
Voltamos a pensar; se alguém queria vender é porque sabia que haveria compradores.É a velha lei da oferta e procura em ação.
Os interessados queriam ser aprovados para se livrar do vestibular, no meu tempo o bicho-papão dos estudantes,e,assim,obtendo boas notas no Enem,garantir um bom lugar nos melhores e mais concorridos cursos superiores.
A Educação, pelo visto,entrou de cabeça,neste cancro social que é o desejo de tirar vantagem em tudo,passando por cima de qualquer coisa.
Os “compradores”do gabarito,aqueles que poderiam desembolsar quantias altas,apenas queriam ultrapassar aqueles estudantes com menores recursos que queimaram as pestanas durante meses,estudando para passar e assim manter o colonialismo cultural em que nosso triste país está envolto.
Serão os mesmos que ,um dia,como políticos,aceitarão conchavos pouco ortodoxos,como advogados e juízes comprarão e venderão sentenças,como policiais serão facilmente corrompidos,como médicos,porão seus interesses acima da vida humana que têm a obrigação de salvar e como professores,darão suas aulas sem empolgação nem entusiasmo,sonhando com o filão das escolas particulares que lhes proporcionarão muito poder social e dinheiro à rodo,podendo até quem sabe chegar a Senador da República.
Esta corrupção que parece atingir todos os setores vem de cima.
Se a nossa elite política rouba, mata,desvia verbas,trafica influencia, emprega parentes e nada lhes acontece,não sofre nenhum tipo de punição,que exemplos dariam à sociedade,principalmente aos mais jovens?
Por isso somos tão desonestos e não nos culpamos por sermos assim. Parece muito natural.
Que tipo de profissionais sairiam dessas escolas particulares e caríssimas,onde em vez de ser alunos são “clientes”?
Onde não interessa uma seleção de fato basta ter dinheiro para ingressar?A escola, maior formadora de cidadãos virou um negócio muito promissor.
Por conta disto, soube de um advogado recém-formado que fez uma petição solicitando um “Habeas Corpus”para ele,não para o ladrão.
Ah,vocês riem?Experimentem ler os bilhetes ou e-mails que esses doutos cidadãos nos enviam; a pobre “flor do Lácio”é estuprada a todo momento,ortografia e concordância ausentes,a idéia,quando existe,perdida numa confusão gramatical às vezes,ininteligível.
Conheço alunos de curso superior que nunca abriram um livro para ler.Quando abrem a boca e falam ,melhor a gente se proteger com um capacete pois as “pedradas” podem danificar nossa massa encefálica.
Existe um princípio básico no qual acredito: quem não é um bom leitor jamais será um bom escritor.
Nota-se a diferença entre o leitor dos clássicos, alguém que bebe a cultura como degustaria um bom vinho e os que têm instinto,idéias,mas,acham dificuldade em concatená-las.
Como estudante de escola pública,o famoso “Colégio da Bahia”(Central),onde fui contemporânea de Glauber Rocha,acho difícil entender o “pagou,passou”,de hoje.
Nossos professores, hoje nomeando ruas importantes daqui,exigiam um bom conhecimento de Latim e Grego,nos faziam recitar Castro Alves , ler e comentar Mestre Machado e os mais importantes nomes da Literatura Mundial.
Tenho pena dos professores de hoje. Sem autonomia,sem condições de trabalho,sem estímulo,sem respeito,muitas vezes agredidos e ameaçados por pais de alunos ou pelos próprios,ganhando mal,desencantados com a profissão,invisíveis para os governantes que não atendem suas reivindicações,cujo salário do medo,mal dá para comprar uma revista semanal.
Tremo quando penso no futuro do nosso país, pois, povo que não cultua a educação nunca sairá da barbárie e estará sempre propenso a corromper e ser corrompido.