RASTROS DO TEMPO

Parei numa casa ás margens da rodovia Fernão Dias e lembrei de um passeio que fiz com minha esposa então á época namorada e tirei uma foto pela simplicidade e jeito rural declarado com jardins e mato ao redor. passeei os olhos na foto e algumas outras e mais uma vez melancólico vi que o tempo passou. voltei a vários lugares e em alguns senti a falta do jeito antigo daqueles que sofreram mudanças, do progresso que acelerou o crescimento das crianças que vi brincando nas ruas e calçadas e as pessoas que se foram pela idade avançada e mesmo aqueles que se perderam no mundo

O que nos alegra nessa vida são as mudanças que fazemos, e com isso conhecemos novas pessoas e lugares e assim evitamos lamentar ainda mais entristecidos a falta de tanta gente que simplesmente não veremos mais. Compareci a um antigo prédio de minha Escola do tempo de infância e revi as dezenas de fotos espalhadas pelas paredes, vi muitos amigos e notei triste que alguns não reconheci mais, Até brinquei numa dessas idas a cidade que eu há anos deixara vindo morar na capital sobre um conhecido que me driblou por toda vida deixando de saldar comigo uma divida. Hospedei numa modestissima pensão e como minha patroa dorme um pouco mais, fui dar um passeio pelo bairro. Esbarrei no cemitério local e resolvi ler os epitáfios por estar com tempo sobrando e ver se havia conhecidos entre os falecidos. Foram muitos. Cada qual com sua cota de exposição na minha vitrine do passado que me pareceu perene. Ah! antes que eu desconverse. Esse meu amigo, já falecido tinha comigo uma pequena diferença de acerto de serviço e não pagava de modo algum, sumiu pelo resto da vida. Eis que numa daquelas morada eternas lá estava seu nome escrito com todas as letras. Foi onde brinquei, "O que terei que fazer para receber esse dinheiro onde ele está pode esperar, e muitos anos até" Fiz uma saudação religiosa e tratei de cair fora dali. Voltei para a pensão e a mulher já me esperava querendo tomar o café. É assim a vida voce passa sempre deixando rastros no tempo e este nunca para.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 01/10/2009
Reeditado em 05/12/2009
Código do texto: T1842791
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