TRADIÇÃO OU TRADICIONALISMO?

“Não removas os marcos antigos que puseram teus pais” Pv.22.28.

Há algum tempo atrás, ouvi numa mensagem pregada pelo Rev. Dr. Lyndon de Araújo Santos , a seguinte frase: “Tradição é a fé viva dos que já morreram e Tradicionalismo é a fé morta dos que estão vivos”. Desde então tenho refletido bastante sobre esse assunto, e exatamente por isso, resolvi compartilhar com vocês o que penso a este respeito. Quando alguém me chama de pastor tradicional, confesso que fico bastante chateado. Não porque eu não goste do termo, mas porque os que me vêem como tal não sabem nem o que quer dizer “ser tradicional”. Minha chateação na verdade, em primeiro lugar, é porque minhas raízes são pentecostais e depois porque, mesmo que hoje eu não pastoreie uma igreja reconhecida como pentecostal, nunca deixei de sê-lo. Aliás, entendo que sou pentecostal e tradicional ao mesmo tempo, pois pra mim, todas as igrejas que nasceram no dia de pentecostes são pentecostais, e todas as que guardam a tradição dos apóstolos são tradicionais. Sendo assim, estou incluído nas duas vertentes, e me orgulho muito disso. Mas para que alguns termos utilizados apenas no idioma “evangeliquês” sejam melhores interpretados por todos, é preciso que os conheçamos e entendamos melhor. Vejamos então, o que significa tradição. Nunca confunda tradição com tradicionalismo. Veja o porquê: A tradição nos permite observar a fé dos nossos antepassados, relatada, por exemplo, através de hinos clássicos de nossos hinários, e tomá-la como parâmetro para nossas vidas. Já o tradicionalismo diz que estes hinos antigos são mais “santos” que as músicas que cantamos hoje. Besteira! Nossas músicas também são boas! Algumas delas são até melhores do que as antigas, pois a fé que as embala é a mesma, não importando que as épocas sejam diferentes! Portanto, tradição é ter o conhecimento do que foi feito no passado, do que deu errado e do que deu certo, e usar as partes boas descartando as ruins. As boas coisas antigas devem ser guardadas em local seguro, sempre ao alcance da memória, porém, sem se tornarem mais importantes do que realmente são, pois é exatamente aí que entra o tradicionalismo. A raiz da palavra tradicionalismo já diz o que ela é: Culto à tradição, obediência cega à tradição. Tradicionalismo é colocar a tradição acima do nosso intelécto, acima da oração, acima de Deus. Portanto, tradicionalismo é uma espécie de idolatria. Enquanto a tradição reforça a Bíblia e dá exemplos de como nossos antepassados procuravam praticá-la para agradar a Deus, o tradicionalismo manda repetir tudo o que eles fizeram sem olhar para a Bíblia. Nunca se esqueça disso: “Tradição é a fé viva dos que já morreram e Tradicionalismo é a fé morta dos que estão vivos”. Se a nossa fé é viva, ela busca aprender com a mesma fé viva dos nossos antepassados através da tradição, pois, embora eles já não estejam mais entre nós, a tradição nos permitirá conhecer a fé que eles professavam. Já o tradicionalismo nasce de uma fé morta, que busca na observância cega dos ritos e costumes do passado, remedar a religiosidade daqueles que viveram antes de nós, apenas para satisfazer expectativas alheias. Puro farisaísmo moderno. Não sou um tradicional frio, mas alguém que busca na tradição viver o evangelho de Cristo da mesma forma que meus antepassados o viveram, baseado na mesma Bíblia (que é eterna) que eles se baseavam, fazendo tudo para a Glória e Louvor do nome de Deus.

No amor de Cristo,