ADEUS, VELHO AMIGO!
ADEUS, VELHO AMIGO!
Há sempre um bom motivo pra se despedir de um amigo – a satisfação de tê-lo encontrado com saúde. Quando este amigo vem visitar-nos em casa ou o encontramos pelas ruas da vida, se diz um “até breve”, sorrindo, na esperança de revê-lo em outra ocasião. Mas, quando a morte o colhe de surpresa e leva seu espírito para a estância da eternidade, nos vemos obrigados, mesmo à distância e a contragosto, a dizer-lhe “adeus” – chorando. Um dia desta semana, em minhas andanças pelas ruas da cidade, tive o prazer de encontrar minha amiga e colega de letras, Anair Weirig, também potencialmente envolvida com laços de amizade com esse amigo. Vendo-a um tanto triste, indaguei do motivo, foi quando me comunicou haver recebido a notícia do falecimento do nosso amigo comum, o autor de “O Velho Balseiro”, “Crônicas do Oeste” e outras gostosas obras, o escritor, atualmente residente no Estado do Paraná, Heitor Lothieu Angeli. Numa das últimas correspondências que trocamos, ele me dizia que havia acabado de “saborear” meu livro Ao Deus Soneto, incentivando-me a não deixar de poetar – “por esta ser a minha missão” – referindo-se a mim. Fiquei lisonjeado, é claro, pelas belas palavras que me dedicou ao longo de nossas correspondências, principalmente por se tratar de um escritor com grande tino para a arte das letras, sendo ele autodidata como eu. Coube-lhe, a ele, a missão de registrar e imortalizar aquilo que viu e ouviu de tantos quantos lhe confiaram histórias acontecidas no “velho oeste” catarinense, onde morou com sua família, sudoeste do Paraná e noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Estados que percorreu em seu ofício de topógrafo, acompanhando as companhias colonizadoras do seu tempo.
Ao velho amigo de tantas conversas amenas e de inúmeras trocas de experiências literárias, renovo a minha sincera amizade – agora póstuma – e que o bom Pai do Céu o tenha em bom lugar. Meu caro amigo Heitor, aqui na terra, ainda que tenhas deixado teu invólucro para que a natureza o transforme em pó, tuas belas obras literárias falarão por ti, dos teus sonhos, dos teus projetos, da tua perspicácia e da tua visão do mundo social de quando nele vivias. Descanse em paz, velho amigo escritor. Cumpriste a tua missão com garbo, como eu tentarei cumprir a minha.