Laranjal do Jari: Um garimpo de votos

IVAN LOPES* e PAULO BARREIROS**

Laranjal do Jari é o terceiro maior município em quantidade de habitantes do Estado do Estado do Amapá, logo também ocupa uma posição privilegiada no número de eleitores.

A região que ficou conhecida em outrora pelos seus garimpos de ouro, hoje é vista por determinados políticos como um garimpo de votos. A população, formada por imigrantes de diversos estados brasileiros, sofre com os problemas crônicos do município como a falta de eletricidade de qualidade, abastecimento de água, segurança pública, pavimentação de ruas, saúde e educação.

É evidente que já houve significativos avanços, sobre os quais tivemos o prazer de enfatizá-los em outros artigos, mas não há como esquecer os problemas crônicos e que afligem diretamente a qualidade de vida principalmente da camada mais carente da população.

Não dar para fingir, por exemplo, que os prédios escolares são de qualidade, pois alguns funcionam em desacordo com as determinações da Defesa Civil, visto que oferecem riscos iminentes para os alunos, professores e todos que os utilizam.

Já faz alguns anos que os responsáveis anunciam a construção de três novos prédios para a rede de ensino do Estado, mas certamente serão construídos às vésperas das eleições.

Talvez seja coincidência ou talvez uma forma de não se fugir da cultura local, pois fazer canteiros de obras durante pleitos eleitorais é uma modalidade que poderá ser inserida no calendário cultural. O fato é que as escolas públicas do município laranjalense carecem de reformas e outras precisam de prédios novos que atendam o padrão mínimo exigido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Outro fator complicado é a falta de emprego. Essa situação leva centenas de pessoas a viverem à custa dos programas assistencialistas dos governos. Falando nisso, já começaram a aparecer pré-candidatos de Macapá trazendo enxovais para gestantes, além de outros paliativos. Políticos sem compromisso vêm para Laranjal como abutres à procura de carniça e o povo carente acaba se tornando presa fácil. Com pouco dinheiro, os políticos fazem a festa e saem do município com hum mil a dois mil votos sem muito sacrifício. Desta forma está sendo perpetuada a miséria do povo e a governabilidade dos seus representantes.

Há momentos que tememos perder a esperança, mas é nosso dever acreditar em dias melhores. Não podemos perder as esperanças de que os eleitores algum dia aprenderão a valorizar o voto, e assim, os garimpeiros de votos que aparecem por aqui de quatro em quatro anos levantarão vôo em definitivo. Um dia ainda vai aparecer algum representante, que tenha raízes fincadas nesse município e que lute pelo bem da coletividade, não esquecendo dos nossos problemas pontuais em troca de acordos e de benefícios próprios. Por enquanto, o voto da população será negociado tal como se negociava durante a colonização do Brasil. Que venham os mercadores em busca do sufrágio, mas que pelo menos atualizem o preço!

*Professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras. (E-mail: f.lopes.vj@bol.com.br). **Professor, Pedagogo e poeta.(E-mail: barreirosjari3@gmail.com)