Um Tiro Na Testa... Um Corpo No Chão... Um Pranto de Mãe... Um Pedido de Paz!!!

Começo esta análise com receio de não conseguir me fazer compreender, ou até ser mal interpretado com relação a minha visão dos fatos, que infelizmente são marcantes, impressionantes e até em alguns pontos a meu ver exagerados, dentro da maneira em que foram acontecidos, tratados e desfechados.

Porém com a visão humanística, de uma pessoa já cansada de tanto descaso, e desapontada com a maneira vulgar e inconseqüente como está sendo tratada a vida ultimamente, não pude deixar de ficar pensando em comentar sobre o assunto.

Trata-se do triste caso do assalto com refém, acontecido nó último final de semana no Rio de Janeiro, onde um assaltante ameaçava a vitima com uma granada na mão sem o pino de proteção. E em dado momento, de acordo com a versão dos policiais depois de muita negociação, um atirador de elite da PM posicionado estrategicamente em um prédio localizado de frente para o criminoso e a vitima, pois um fim ao triste evento com um tiro certeiro na testa do criminoso.

Parabéns, viva, urra, gritaram talvez os curiosos que estava a assistir a cena, porém, sem pensar que ali jazia o corpo de um ser humano, igual e semelhante de todos nós, inclusive da sua própria vitima e do Major PM seu algoz, que com certeza, executou sua tarefa por obrigação e não por satisfação.

Bem sei que o pensamento de todos é de que se não fosse o criminoso, seria a vitima (talvez...) e muitos dos demais que rodeavam e estavam nas proximidades da cena, quem poderiam morrer e sofrerem graves ferimentos, se o rapaz, desse por cabo sua pretensão e ameaça de detonar de vez o artefato explosivo que estava em seu poder. Porém, quem assim pode garantir que ele o faria? Se por depoimento da própria vitima, ele a todo o momento falava que a intenção era de obter um veiculo que o levasse até a comunidade onde morava, e que a libertaria assim que lá chegasse.

Mas, quem sou eu para discutir as opiniões dos experientes analistas de segurança, táticas e planejamentos, e aqui só estou expondo meus pensamentos sobre o caso, devido às declarações que saíram nos jornais, dada pelas autoridades policiais e pela própria vitima. Diz a policia, por exemplo, através de declaração do Coronel que comandava a operação, de que “MELHOR SERIA LEVÁ-LO PRESO”, porém, na mesma nota pede a família “QUE ENTENDA A AÇÃO DA POLICIA, pois segundo ele “ O TIRO DISPARADO NA CABEÇA DO ASSALTANTE, ERA A ÚNICA MEDIDA RECOMENDÁVEL PARA EVITAR UMA TRAGÉDIA MAIOR”. Se formos pensar dentro dos conceitos de vida humana, não se evitou uma tragédia maior, já que houve a perda de uma vida, e com certeza (assim quero crer), um trauma para o oficial que foi no cumprimento de sua função, obrigado a ceifar a vida de um seu semelhante, e também para a pessoa que estava junto ao assaltante e que bem poderia, se houvesse qualquer falha na operação, ter caído morta junto com aquele que a ameaçava.

Diz ainda o Comandante que nestes casos a ORIENTAÇÃO É ATIRAR NA REGIÃO CENTRAL, QUE COMPREENDE ENTRE O NARIZ E A TESTA, pois é a única que causa um espasmo muscular que impede qualquer reação. Não sei se todos que viram pela televisão, de que entre o assaltante e a vitima havia um orelhão e ao lado dois policiais, ou seja, com uma distancia mais ou menos de três a quatro metros, então, não caberia um disparo na barriga, nas pernas, ou no ombro? Com os ferimentos o assaltante não teria que soltar a vitima e os policiais próximos terem assim a possibilidade de o dominarem? Questiono porque, 24 horas depois do fato em questão, outro episodio envolvendo reféns aconteceram na REGIÃO DE SÃO JOÃO DA BARRA no litoral norte Fluminense, e com bastante diferença de possibilidade de ação dos policias, para dominar o criminoso, pois o mesmo estava dentro de uma residência com uma mulher e uma criança, sob seu domínio. Ameaçando-os cortar os pescoços, e a policia, conseguiu invadir a residência, e disparar na barriga do criminoso, que logo foi dominado. E de acordo com declaração dos policias envolvidos neste incidente, a escolha foi diferente da decisão tomada pelo Coronel do outro caso de que a orientação é "DAR NA TESTA”. Pois a vitima estava muito próxima do corpo do criminoso, e poderia sofrer também efeitos do (s) disparo(s).

Eu só espero que não vejamos o Major, como o super herói do momento, pois é um ser humano, e com certeza para ele não é glória alguma, sair por aí ceifando vidas com tiros na testa, como se fosse um MENINO A MATAR PASSARINHOS. Com certeza para ele a glória maior, seria nunca ter que ser responsável em ter que tirar o maior dom divino que é a vida de alguém. E assim contribuir com a tristeza de uma Mãe ao ver seu menino caído ao chão, com a cabeça esfacelada, cabeça esta, que tantas vezes com certeza ela acariciou, e beijou com afeto, ternura e carinho, assim como tantas vezes também as mães de todos os envolvidos no caso devem ter feitos.

A família da senhora que estava como refém do assaltante, se prontifica em ajudar a mãe do rapaz, o que é louvável, e demonstra que mesmo nas fatalidades e adversidades da vida, podemos estar em comunhão com nossos princípios e ensinamentos cristãos, e assim poder de alguma maneira, contribuir para que outros meninos desistam da coisa fácil. Que não deixem as adversidades, percalços e desventuras da vida, os levar ao desespero, e os façam cometer crimes como este. Para não serem punidos “COM UM TIRO CERTEIRO ENTRE O NARIZ E A TESTA”, e que não seja esta, a única saída para acabarmos com VIOLÊNCIA, que possamos nós, quanto povo, sociedade civil, autoridades policiais e principalmente aqueles detentores de mandato público, buscar soluções melhores e menos contundentes.

GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS... E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!!!

Gutemberg Landi

28.09.2009