O que é isto, a hermenêutica?

Wilson Correia*

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Segundo o professor Josué Cândido da Silva**, em texto especial que elaboborou para o UOL Educação***, "O termo 'hermenêutica' remete ao deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, aquele que traz notícias. O hermeneuta seria aquele que tanto transmite quanto interpreta uma mensagem, já que não é possível separar uma coisa da outra. Por conseguinte, hermenêutica seria a arte de interpretar o sentido da palavra do autor, principalmente de textos clássicos".

Nesse sentido, ainda segundo o autor, a pergunta fundamental que preside o trabalho do hermenêuta é: "como é possível o compreender?" Aí, para além da interpretação do autor, parece-me, surge o trabalho analítico de se compreender o que realmente o autor disse, não importanto em que ramo do conhecimento humano o trabalho interpretativo é levado a cabo.

Para tanto, o método hermenêutico sofre as injunções da história de vida do seu aplicador. Segundo Silva: "Como as pessoas interpretam os eventos segundo suas vivências, estas nem sempre correspondem as de outras gerações ou culturas, levando aos erros de interpretação". Desse modo, todo trabalho de interpretação encontra dificuldades, a saber: que critérios seguir para se estabelecer a interpretação mais aproximada daquilo que é, no teor, o pensamento analisado? Se nas ciências naturais a objetividade da expressão e da interpretação do dito científico é mais palpável, o mesmo não acontece nos tipos de conhecimentos humanos que envolvem mais o aspecto discursivo: aí, como se livrar das possíveis distorções causadas pelo subjetivismo?

No entanto, essas são apenas algumas questões atinentes ao método hermenêutico. Outras tantas existem e cada estudante terá que resolvê-las caso a caso, estabelecendo critérios o mais seguros possíveis para garantir que seu trabalho de compreensão de um autor, de um texto ou de um discurso, enfim, não violente o mérito ou o teor do material trabalhado. Nesse sentido, todo cuidado é pouco.

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009.

**Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus (BA). Possui graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Atualmente é membro do conselho editorial da revista Cognitio-Estudos (PUC-SP) e professor adjunto da Universidade Estadual de Santa Cruz. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ética, atuando principalmente nos seguintes temas: semiótica transcendental, ensino de filosofia, apel, pragmática transcendental e mediação histórica.

*** Para quem deseja acessar o texto do professor Josué, o endereço é: http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u48.jhtm. VAle a pena!!!