VIOLÊNCIA AUMENTOU. E AGORA?
Confesso que detesto as páginas policiais nos jornais. Sou daqueles que pensam que a violência recebe atenção demais enquanto as coisas boas tendem a passar despercebidas. Contudo, quando o jornal A Crítica estampa na primeira página da sua edição dominical que a violência aumentou 14,9% nos primeiros sete meses do ano, não pude deixar de prestar atenção. Mesmo porque não foi necessário abrir a página própria, uma vez que, como exemplo de outros jornais, a página policial migrou para a capa.
Isso mostra que as estatísticas, para merecerem crédito têm que exibir números quebrados. Por que não 15%? Era um número que poderia descontentar os técnicos mas que esclareceria melhor a população.
Provavelmente a reportagem veio no embalo do assassinato do Padre Rogério. Isso mostra um aspecto que sempre apontamos: A força policial está mal direcionada.
Muitos leitores são testemunhas do grande estardalhaço que se faz em torno do fechamento dos bares às 23 horas. Estes mesmos bares eram tidos como fomentadores da violência e foram fechados sem muita cerimônia. Medidas que tornaram a cidade muito mais triste, tiveram outro efeito contrário: aumentaram a violência urbana.
Não me atrevo a afirmar que as pessoas abandonaram a cervejinha e passaram a usar maconha e cocaína. Mas é isso que o mapa da Secretaria de Segurança parece mostrar. Não me atrevo, mas não posso deixar de considerar a hipótese de que acabando com o espaço legal de diversão as pessoas passam para o ilegal. Até compreensível porque o bar legal foi proscrito em nome da harmonia urbana que, como se vê, ficou muito mais distante.
Aqui, quero fazer um registro, em nome da justiça. Não creio haver má intenção no desvirtuamento da função policial, que desloca grande contingente de homens e viaturas em perseguição aos empresários da noite. Contingente esse que faz falta no combate ao crime. Uma vez que não se pode considerar criminoso ao dono de bar que comete o “crime” de atender ao seu cliente um pouco mais tarde.
Não creio que o Secretário de Segurança esteja tranqüilo com os índices de violência. Mas vejo que se deixou contaminar por assessores e cedeu à pressão de outros órgãos que vêem a demonização no lúdico. Acredito piamente que alguém que tem a coragem de enfrentar criminosos de gravata, também terá a coragem de sacudir as influências nefastas que adoram apresentar estatísticas de fechamento de estabelecimentos comerciais, como se os bandidos precisassem de bares para agir.
A Copa do Mundo de 2014 está chegando. Uma das condições impostas é que haja atividade comercial durante as 24 horas do dia. Outra condição é o transporte público noturno. As duas atividades estão prejudicadas. A primeira por influência da ação policial. A outra por ineficiência da ação policial que não consegue garantir a segurança do passageiro e da tripulação.
O momento é de reflexão e de ação. Nosso apelo é que a ação se concentre nos alvos reais. Independente de qualquer discordância dos métodos, somos defensores da paz urbana.
Luiz Lauschner - Escritor e empresário.
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