“EMPREGO EM RISCO NO PRÉ-SAL”

“EMPREGO EM RISCO NO PRÉ-SAL”

Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

Em 2010, haverá um suporte de capitalização na Petrobrás, para atender a demanda de investimentos para a exploração do Pré-Sal, porém, baseado no conhecimento de cenários, os reflexos podem ser desde um tiro no pé até a extinção de seguimentos industriais brasileiros por completo.

Nem mesmo a crise econômica internacional pode trazer tantos reflexos para a economia brasileira como a exploração do pré-sal sem o devido controle cambial.

A valorização da moeda nacional é mais que prevista, muitos acham demagogia de minha parte, mas, basta assistir na TV as enxurradas de dólares que estão vindo ao país, para perceber que a tendência é de super valorização do Real frente a outras moedas nos próximos anos, pelo lastro e garantia que o Pré-Sal trará ao Brasil. Estamos falando de trilhões de dólares que poderão entrar na economia brasileira nos próximos anos, agora, mais do que nunca é preciso de um planejamento estratégico para decisões políticas e de sustentabilidade do contexto industrial brasileiro, por quê?

Com um volume de entrada de investimentos no mínimo 100% maior em 2010 em comparação de 2009, através da captação de investidores internacionais, provocam valorização do Real e queda do dólar, que em cadeia fortalece as importações. Os produtos importados estarão mais baratos que os nacionais, o que pode provocar um desequilíbrio no nível de emprego. Vários setores industriais seriam comprometidos. Bem é verdade que outros serão fortalecidos, com a exploração petrolífera, mas o país não pode ficar a mercê de um único commodities, visto que com a desvalorização do dólar, todo setor exportador brasileiro seria afetado, inclusive os exportadores de soja, açúcar, frutas, café, carnes, informática e tantos outros.

O mercado interno brasileiro está fortalecido, mas a sustentabilidade dele depende do emprego e renda, no comprometimento destes, cai o poder aquisitivo e aumenta as desigualdades sociais. O Brasil recebeu uma riqueza em suas mãos, porém precisa administrar uma grande fortuna com humildade. Outro fator é a busca do imediatismo por parte da população e principalmente da maioria dos políticos. A paciência do planejamento é regra e o norte a ser seguido. Não podemos provocar o abismo permanente em setores como à indústria têxtil brasileira (grande geradora de empregos formais e informais), porque é necessária a construção de uma sociedade com maior nível educacional, hoje apenas parte da população é de mão de obra especializada, isto provocará lacunas dos quais, somente no longo prazo podem ser solucionados. O investimento em educação e tecnologia será essencial, mas para tal, boa parte do sistema educacional brasileiro precisa ser reinventada sobre as bases do pensar e não do aceitar, de ser em substituição do ter. O conhecimento é riqueza dentro de um cofre.

A falta de planejamento pode provocar o processo de desindustrialização, o emprego é o mais afetado, mesmo que os argumentos sejam de criação de riquezas em outros setores, mas os produtos virão da onde? Com preço internacional mais em conta que os produtos nacionais, de acordo com a Lei de Licitações, em que o governo é obrigado a comprar sempre o mais barato dentro das condições técnicas exigidas e isto afetarão milhares de empresas brasileiras. Não tenho dúvida que o câmbio flutuante foi a melhor solução para a economia por determinado tempo, mas como os produtos nacionais de competência técnica são no mínimo 10% mais caro de que os concorrentes internacionais, provocados pela elevada carga tributária brasileira, exige neste momento o repensar de toda equipe econômica. Temos uma excelente equipe na gestão econômica nacional, pelo atual Ministro da Fazendo do Brasil Dr. Guido Mantega (economista de origem italiana) como do atual presidente do Banco Central, o Dr. Henrique de Campos Meirelles (que já foi presidente global do BankBoston), ambos sustentam uma competência profissional reconhecida no mundo.

A panela de pressão cambial precisa ser regulada, o desenvolvimento do Brasil não pode ser instrumento de manipulações políticas. Acredito muito no Brasil, mas é necessária atenção à nova realidade para proteção do emprego dos brasileiros.