A língua de Molière
Neste ano se comemora o ano da França em nosso país. A França, país irmão, sua cultura é opulenta e herdamos muita coisa do qual nos orgulhamos muito. Mas a verdade é que nós esperávamos muito mais. Afinal de contas, estamos falando da cultura francesa, não é qualquer cultura, a famosa cultura cuja língua falada até o meado da década de 1970 no Brasil, ainda conduz a marca de um legado que está entranhado em nossas veias.
Mas parece que as comemorações do ano da França no Brasil não vão passar dos gabinetes palacianos em Brasília. Se não vejamos: o que a mídia tem veiculado em termos culturais relacionado ao ano da França em nosso país? Absolutamente nada.
Também não poderia deixar de ser diferente. Todos nós sabemos que o carro chefe de uma cultura é o seu idioma. A língua de Molière, não é mais exigida em nossos meios intelectuais e comerciais. Hoje em dia, trocou-se o francês pelo espanhol. As empresas além do inglês pedem o conhecimento desse último idioma. Os hotéis, concursos públicos, tudo que se faça em termos internacional pedem esses dois idiomas, mas o francês não. Engraçado! Não sei como homenagearão a França com esse déficit para com o seu idioma.
Hoje em dia, liga-se o rádio, nós ouvimos músicas, italianas, americanas, mexicanas, espanhola, mas as canções francesas não. Aliás, nunca mais as emissoras de rádio, pelo menos no Rio de Janeiro, executaram a boa música da França e isso tem segmento nas emissoras de televisão também.
Há alguns meses, o caderno de Boa Chance do jornal O Globo, publicou uma matéria de pesquisa, no mínimo curiosa. Os cursos de idiomas no Brasil estão tendo muita procura pela língua francesa. Apesar de não ter marketing para a sua divulgação, (ela, a língua francesa) o interesse é grande que certas escolas estão abrindo duas turmas, enquanto o espanhol não passa de uma.
A pesquisa mostra que os alunos que procuram o idioma de Rousseau estão com viagens marcadas à Paris, para estudar em universidades, fazer pós-graduação, doutorado ou até mesmo morar na França e isso seria a maior causa pela procura do dioma.
Essa pesquisa soa como uma luz que ilumina os nossos caminhos intelectuais. Se uma língua estrangeira que não tem por parte do governo e sociedade local, um incentivo para alavancar alto e ser o terceiro idioma mais falado, é um fenômeno que já está explicado. Mas, também não devemos nos esquecer que existe uma máquina montada no Brasil quando se fala do idioma espanhol. Só que a língua de Miguel de Cervantes não está conseguindo quebrar a barreira de outro idioma que está muito aquém dos seus valores em nossa terra, sendo sufocado por interesses comerciais a língua francesa por si só é uma vitoriosa em ser a terceira falada em nosso país, apesar de todos os estorvos. Vivre la France!