Reality show : uma análise

Reality show: uma análise

Renabarcellos

A partir da observação dos mais variados realitys shows apresentados pelas emissoras, podemos dizer que é um tipo de programa televisivo de entretenimento e adestramento cuja função é de aguçar a curiosidade dos telespectadores sobre o comportamento das pessoas confinadas e levá-las a adotar uma determinada forma de ver o mundo e de interagir.

O primeiro exibido na televisao foi a série An American Family, transmitida em doze partes, em 1973, nos EUA, que tratava do divórcio de uma família norte americana. Em 1999, o Big Brother foi criado por John de Mol. No Brasil, só em 2000 surgiu. Atualmente, há vários programas seguindo este mesmo padrão, dentre eles: Casa dos artistas, A fazenda etc.

Hoje, o assunto está nos diversos meios midiáticos por ter como característica a espetacularização. Este programa é destinado a um público “voyeur”, que deseja assistir ao que acontece na casa do "outro”; como diz Pedro Bial “vamos dar uma espiadinha”. E, ao exibicionista, aquele que precisa aparecer, “estar na mídia”. Esta “receita” de invasão de privacidade foi importada por causa da “guerra” de audiência.

A característica básica do programa é a não roteirizarão. Afinal, o que “espiamos” são situações reais vivenciadas e protagonizadas pelos diferentes participantes. Já a desses é o paradoxo resultado do desejo de exibição e o de preservação da face, da sua imagem. Na prática, o que ocorre é o uso de máscaras para poder sobreviver a intrigas e assim não ser eliminado, permanecendo no jogo. Devido a isso, estamos presenciando e vivenciando uma brusca mudança de valores e de costumes. O êxito deste tipo de programa é atribuído por especialistas (como Freitas e Andacht) ao anseio por um modelo de conduta. Como se toda atitude tomada se transformasse num manual de comportamento, num guia de etiqueta.

Estamos em plena era do “Você não vale nada mas eu gosto de você” (música do grupo Calcinha Preta) e do “Você sabe com quem está falando?” (Roberto DaMatta). É a mais nova modalidade do “vale tudo” para estar na mídia. Vence o mais astuto, sagaz, não a melhor pessoa. A falta de limites, de pudor e de ética são vitais para vencer.

Os telespectadores são seduzidos por toda esta encenação e não percebem que os participantes usam máscaras (de vilão, de vítima, de símbolo sexual etc.) e, por conseqüência, indiretamente, estão “consumindo” valores distorcidos. Um verdadeiro desfile de máscaras e violência psicológica. Precisamos, urgentemente, de um choque de ordem midiática para desmascarar aqueles que vivem escondidos por trás da pele de cordeiro e tentando nos vender esta fórmula. Como diz a letra da música Máscara de Pitty: “Tira, a máscara que cobre o seu rosto / Se mostre e eu descubro se eu gosto / Do seu verdadeiro, jeito de ser”. Máscaras? Só as que são adereços para serem utilizadas no carnaval. Fora isso, devemos ter vergonha de nos prestarmos a determinados papeis. Estamos vivendo num baile de máscaras!!! É a degradação humana!!!

Renabarcellos
Enviado por Renabarcellos em 20/09/2009
Código do texto: T1820615