(de São Paulo – SP) A revista Veja da semana passada trouxe em sua capa um verdadeiro dossiê classificando os problemas e as soluções do mundo pós-crise; com o título “nasce o mundo pós-crise” os editores e jornalistas do semanário traçaram uma verdadeira teia história que abrangeu alguns dos muitos problemas entre o Brasil e os Estados Unidos da América e num único gráfico resumido, pudemos observar claramente o “porque” desta disparidade enorme entre os dois países.
A começar pela história de ambos, em quase nada o Brasil e os Estados Unidos da América são parecidos a não ser por ambos estarem no mesmo continente. Os Estados Unidos foram colonizados por vários povos europeus e esta invasão ocorreu quase na mesma época em que o Brasil também foi colonizado, no Século XVI; do lado do primo rico americano, espanhóis, ingleses, holandeses, franceses, suecos e um punhado de outros povos influenciaram as primeiras incursões em terras que hoje são estadunidenses; já no Brasil os portugueses mandaram a maior parte do tempo, com algumas dores de cabeça da Holanda, França e uma ameaça constante da Espanha, mas no resumo da ópera, Portugal foi o grande mandão.
As histórias dos dois países são de fato curiosas do ponto de vista da colonização; observem que alguns desbravadores de outras nações fizeram aqui e lá um pedacinho de seus domínios com requintes conflituosos e algumas raras épocas de disfarce de paz; Holanda, França, Inglaterra e Espanha tiveram de olho lá e aqui; a grande diferença foi na predominância de quem manteve mais influência; no Brasil, Portugal; nos Estados Unidos a Inglaterra, mas os ideais de crescimento de todas as outras também ficaram e deram certo.
A revista Veja foca justamente nestes pontos de convergência entre o Brasil e os Estados Unidos, com destaque para 16 pontos que influenciam no desenvolvimento de um país. Destes 16 pontos importantes o Brasil esteve à frente dos Estados Unidos apenas em dois: na primeira operação de comércio internacional o Brasil ficou 106 anos à frente dos EUA negociando com outras nações e no começo efetivo da colonização o Brasil também teve dianteira de 77 anos, ou seja; aqui nós saímos à frente quando tivemos que negociar e logo em seguida ao descobrimento já estávamos demarcando os pontos e ficando os mastros da modernização em nome do país mandatário.
No quesito “declaração de independência”, somente 46 anos depois deles se declararem livres da Inglaterra nós fizemos o mesmo em relação a Portugal, mesmo assim, num ato contestado e por mera pressão de Dom Pedro I que não queria perder as mordomias de monarca fanfarrão; de fato e de direito esta independência somente ocorreu 67 anos depois com a Promulgação da República e ainda assim, com uma eleição também contestada que elegeu um militar de pouca valia para o Brasil. Se corrigíssemos a história, os estadunidenses teriam uma dianteira de democracia de 113 anos e isso é mais do que provável para reafirmarmos a nossa incompetência e nossa submissão.
Onze anos depois de eles terem se libertado do domínio europeu já estavam promulgando a sua Constituição, que, aliás, está em vigor até hoje; ou seja, a Constituição Federal estadunidense está em vigor há 222 anos; a nossa, capenga, cega, surda e leprosa há apenas 21 anos. Antes de 1988, tivemos outras sete.
No quesito “democracia”, eles dão um banho de história e este tempo que nos separa em termos práticos compreende quase dois séculos. O regime democrático absoluto está em vigor nos EUA desde 1789, enquanto aqui debaixo da linha do Equador, dizem que estamos vivendo uma democracia desde 1985. Falar de regimes anteriores ao período militar que foram democráticos é como acreditar em Papai Noel, portanto, sem burburinhos e tumultos, somente após Tancredo Neves. Eu classificaria depois da eleição de Fernando Collor o período de democracia; tão democrático que pusemos e o retiramos...!
O tema “justiça” é o que mais diminui esta nossa trajetória de atrasos; em 1790 os estadunidenses instalaram a sua Suprema Corte, baseada nos pilares do Direito Anglo-Saxão. No Brasil isso só ocorreu em 1808 e nosso Direito baseia-se nos pilares romanos; onde tudo pode, tudo se arrasta e nada se resolve de modo justo. 18 anos depois deles, nós também estávamos com nossa Suprema Corte de Justiça o que hoje é o Supremo Tribunal Federal.
Em quase todas as histórias das nações o direito a propriedade sempre esteve cercado de mistérios e desmandos; nem sempre quem cultivava ou comprava algo era de fato o dono. O Estado sempre reivindicou este direito e quase sempre o tinha; quando ele não conseguia dominar as propriedades, taxava com altos impostos a produtividade ou a inoperância o que fazia destas propriedades quase sempre virem para suas mãos. Nos Estados Unidos isso começou a mudar em 1791 e no Brasil em 1824, logo após o ato covarde de Dom Pedro I; 33 anos também nos afastou desta proteção com relação aos EUA.
O dinheiro é o mais longo período de afastamento de parâmetros entre as duas nações; quando estive no Texas eles diziam com certo prazer que o Dólar é verde desde 1792. Pouca coisa mudou na moeda estadunidense desde então e isso foi um dos fatores preponderantes para a estabilização econômica e credulidade na economia. O Brasil teve inúmeras moedas e somente depois de 1994 é que o Real manteve-se firme em busca do mesmo objetivo. 202 anos de dianteira eles estiveram a nossa frente...!
O primeiro Presidente eleito lá nos EUA foi George Washington e seu mandato terminou em 1793; o primeiro Presidente eleito do Brasil foi o Marechal Deodoro (há controvérsias) e seu mandato encerrou (ou foi transmitido) em 1898. Neste caso, eles tiveram uma dianteira de 105 anos; mais de um século até podermos sentir o gosto da transmissão de um ato máximo de democracia.
As regras para se eleger um Presidente lá, por mais que pareçam confusas para nós, estão firmem desde 1951, enquanto as nossas regras só estão em vigor desde 1997. O voto lá foi universalizado depois de muita confusão desde 1965, enquanto aqui no Brasil desde 1988, 23 anos depois. Até para se fazer uma revolução sob pretexto de unificação do povo, eles fizeram a última em 1861 com a Guerra Civil, enquanto nós iniciamos o período de tomada militar em 1964, 103 anos depois.
Os olhos dos Estados Unidos da América sempre estiveram voltados à ajuda de seu povo em produzir mais e pagar o justo para o Estado através de impostos; este conjunto de regras que perdura até hoje se baseia em “eu te ajudo a ficar rico e você me ajuda a me manter forte”. Os estadunidenses produzem muito e o Estado faz de tudo para que seus produtos sejam os mais valorizados do mundo; eles aplicam regras nocivas a outras nações e fazem guerras pela soberania de tudo que é “americano”. Tais medidas fiscais começaram a dar certo entre 1840 e 1850 e desde então, eles pintam e bordam neste campo, inclusive colocam muitos atrás das grades daqueles que se acham espertos e pensam que podem ludibriar a pátria.
O regime menos eficaz e mais rigoroso aqui no Brasil somente começou a ser moldado em 2000, o que colocam eles em nossa frente por 150 anos pelo menos. O respeito às regras fiscais firmes podem ajudar e muito no desenvolvimento de um país e neste quesito podemos destacar a Argentina que já foi mais rica do que a Suíça e hoje beira a miséria. O Brasil que possui um dos maiores potenciais de produção do mundo está sempre sucumbindo devido a não aplicação de regras fiscais que beneficiem os brasileiros; isso é histórico e pelo visto jamais consertará...!
Os Estados Unidos tem uma regra fiscal quase uniforme para todos os seus 50 estados; nós temos apenas 27 estados federados, mas somente alguns poucos dão o tom da música da produtividade pesada da produção, que são em suma São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros pouquíssimos; ainda assim, um trava uma verdadeira guerra com o outro para abocanhar uma fatia mais polpuda deste bolo milionário. Estas regras indecentes e obscenas e a guerra entre os estados é que fazem do Brasil um dos capítulos mais incompreensíveis do ponto de vista legal tributário.
Poucos sabem por que não lêem, mas nos Estados Unidos também tiveram milhares de escravos que fizeram o trabalho pesado e mal pago do início da economia; da mesma forma que no Brasil os negros foram os que mais sofreram com tudo isso e mancharam a história da humanidade. Mais uma vez, por pressão internacional ou não, a abolição da escravatura ocorreu por lá em 1865, enquanto aqui, por mera ilusão, somente em 1888, 23 anos depois.
Da mesma forma que a escravatura, os que não lêem pensam que todos nos Estados Unidos são alfabetizados; ledo engano! Ainda existe uma pequena parcela de pessoas que não sabem escrever um bilhete simples. Organismos internacionais afirmam que eles ainda têm cerca de 3% de analfabetos, mas o Governo de George Bush afirmou que era menos de 1%. De uma forma ou de outra, ao longo dos anos eles, assim como nós, lutavam desde os primórdios que esta taxa chegasse a 20%; os Estados Unidos conseguiram isso em 1879 e segundo o IBGE, o Brasil só reduziu seus analfabetos a 20% em 1991, entre o Governo de Collor e Itamar Franco.
Segundo ainda o próprio IBGE, nós ainda temos cerca de 10% (cerca de 1,75 milhões de pessoas) de analfabetos hoje em 2009. Mais uma vez eles, que investiram pesado em mecanismos que acessavam o povo ao conhecimento, estiveram a nossa frente por 112 anos e estão até hoje.
O Banco Central dos Estados Unidos foi criado em 1913 para centralizar as operações financeiras de seu sistema econômico. O Brasil só descobriu que isso é eficaz em 1964, 51 anos depois.
Estes são alguns dados importantes que carimbam a nossa história brasileira como sendo mais atrasada, mais ignorante e mais tendenciosa. Eu não creio que falte-nos cultura apenas para driblarmos algo tão crônico quanto a nossa burrice histórica. Comparação apenas com a história e cultura de outra nação? Não; definitivamente não se trata apenas de conferição ou checagem; se trata de uma brutal ignomínia que reiteramos e continuamos mantendo-a freqüente como uma das nossas maiores máculas, a ausência de conhecimento ou simplesmente o caráter maquiavélico que nos é tão pessoal desde quando nascemos.
Depois de ver os pontos que poderiam nos colocar como uma nação mais próspera e mais pujante e depois de analisar friamente que ainda vivemos de pura e simples aparência, começo a acreditar que isso aqui que dizemos amar e que muitas vezes chegamos a cantar em versos que morremos por ela, não passe de fato do mesmo país das maravilhas onde vive a Alice, mesclado com um pouco da história do Mágico de Oz; onde a justiça é o Homem de Lata; o presidente é o Espantalho e o congresso o Leão Covarde.
Tivemos todas as chances do mundo de mudar nosso próprio curso histórico, mas nada fizemos senão reiterar a nossa própria incompetência; temos de dois em dois anos a oportunidade de escrevermos um novo capítulo desta nova história do Brasil, mas ao invés de ao menos selecionarmos a quadrilha que se esconde no Poder, reafirmamos os mesmos nomes, as mesmas lacraias que irão nos picar mais dia menos dia.
Seja no Brasil, seja nos Estados Unidos, há favelas, pobreza, miséria, violência, inflação, tráfico de drogas, câmara de deputados, senado e tudo mais que há de bom e ruim, mas pelo visto o que nos pertence é muito pior e mais degradante; ademais, com tanta gente para nos descobrir e colonizar, fomos ser educados (in) justamente por quem? Com tanta gente pra elegermos, fomos diplomar quem? Este é o preço!
A prova de que sequer temos interesse em gostar disso aqui está no patriotismo; povos considerados subdesenvolvidos a exemplo dos paraguaios costumam hastear bandeiras nacionais até nas portas de casa; nos EUA é quase uma febre; no Brasil, nem nas instituições públicas e escolas vemos aquele pedaço de tecido com as cores verde, amarelo, azul e branco com 27 estrelas e uma inscrição que para nós, hoje, é totalmente incompreensível: Ordem e Progresso!
Enquanto nada acontece, continuamos imaginando que somos emergentes, que um dia sairemos deste sufoco miserável e que estaremos participando de algum clube seleto de nações pacíficas ricas, pelo menos é esta a eterna promessa de quem está com as mãos no timão deste navio chamado Brasil.
Uma nação que não trabalha em prol de sua biografia jamais fará acontecer o milagre de uma caligrafia irrefutável.
Alô Maurício de Nassau! Ressuscita aí pelo Amor de Deus e briga por nós!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
A começar pela história de ambos, em quase nada o Brasil e os Estados Unidos da América são parecidos a não ser por ambos estarem no mesmo continente. Os Estados Unidos foram colonizados por vários povos europeus e esta invasão ocorreu quase na mesma época em que o Brasil também foi colonizado, no Século XVI; do lado do primo rico americano, espanhóis, ingleses, holandeses, franceses, suecos e um punhado de outros povos influenciaram as primeiras incursões em terras que hoje são estadunidenses; já no Brasil os portugueses mandaram a maior parte do tempo, com algumas dores de cabeça da Holanda, França e uma ameaça constante da Espanha, mas no resumo da ópera, Portugal foi o grande mandão.
As histórias dos dois países são de fato curiosas do ponto de vista da colonização; observem que alguns desbravadores de outras nações fizeram aqui e lá um pedacinho de seus domínios com requintes conflituosos e algumas raras épocas de disfarce de paz; Holanda, França, Inglaterra e Espanha tiveram de olho lá e aqui; a grande diferença foi na predominância de quem manteve mais influência; no Brasil, Portugal; nos Estados Unidos a Inglaterra, mas os ideais de crescimento de todas as outras também ficaram e deram certo.
A revista Veja foca justamente nestes pontos de convergência entre o Brasil e os Estados Unidos, com destaque para 16 pontos que influenciam no desenvolvimento de um país. Destes 16 pontos importantes o Brasil esteve à frente dos Estados Unidos apenas em dois: na primeira operação de comércio internacional o Brasil ficou 106 anos à frente dos EUA negociando com outras nações e no começo efetivo da colonização o Brasil também teve dianteira de 77 anos, ou seja; aqui nós saímos à frente quando tivemos que negociar e logo em seguida ao descobrimento já estávamos demarcando os pontos e ficando os mastros da modernização em nome do país mandatário.
No quesito “declaração de independência”, somente 46 anos depois deles se declararem livres da Inglaterra nós fizemos o mesmo em relação a Portugal, mesmo assim, num ato contestado e por mera pressão de Dom Pedro I que não queria perder as mordomias de monarca fanfarrão; de fato e de direito esta independência somente ocorreu 67 anos depois com a Promulgação da República e ainda assim, com uma eleição também contestada que elegeu um militar de pouca valia para o Brasil. Se corrigíssemos a história, os estadunidenses teriam uma dianteira de democracia de 113 anos e isso é mais do que provável para reafirmarmos a nossa incompetência e nossa submissão.
Onze anos depois de eles terem se libertado do domínio europeu já estavam promulgando a sua Constituição, que, aliás, está em vigor até hoje; ou seja, a Constituição Federal estadunidense está em vigor há 222 anos; a nossa, capenga, cega, surda e leprosa há apenas 21 anos. Antes de 1988, tivemos outras sete.
No quesito “democracia”, eles dão um banho de história e este tempo que nos separa em termos práticos compreende quase dois séculos. O regime democrático absoluto está em vigor nos EUA desde 1789, enquanto aqui debaixo da linha do Equador, dizem que estamos vivendo uma democracia desde 1985. Falar de regimes anteriores ao período militar que foram democráticos é como acreditar em Papai Noel, portanto, sem burburinhos e tumultos, somente após Tancredo Neves. Eu classificaria depois da eleição de Fernando Collor o período de democracia; tão democrático que pusemos e o retiramos...!
O tema “justiça” é o que mais diminui esta nossa trajetória de atrasos; em 1790 os estadunidenses instalaram a sua Suprema Corte, baseada nos pilares do Direito Anglo-Saxão. No Brasil isso só ocorreu em 1808 e nosso Direito baseia-se nos pilares romanos; onde tudo pode, tudo se arrasta e nada se resolve de modo justo. 18 anos depois deles, nós também estávamos com nossa Suprema Corte de Justiça o que hoje é o Supremo Tribunal Federal.
Em quase todas as histórias das nações o direito a propriedade sempre esteve cercado de mistérios e desmandos; nem sempre quem cultivava ou comprava algo era de fato o dono. O Estado sempre reivindicou este direito e quase sempre o tinha; quando ele não conseguia dominar as propriedades, taxava com altos impostos a produtividade ou a inoperância o que fazia destas propriedades quase sempre virem para suas mãos. Nos Estados Unidos isso começou a mudar em 1791 e no Brasil em 1824, logo após o ato covarde de Dom Pedro I; 33 anos também nos afastou desta proteção com relação aos EUA.
O dinheiro é o mais longo período de afastamento de parâmetros entre as duas nações; quando estive no Texas eles diziam com certo prazer que o Dólar é verde desde 1792. Pouca coisa mudou na moeda estadunidense desde então e isso foi um dos fatores preponderantes para a estabilização econômica e credulidade na economia. O Brasil teve inúmeras moedas e somente depois de 1994 é que o Real manteve-se firme em busca do mesmo objetivo. 202 anos de dianteira eles estiveram a nossa frente...!
O primeiro Presidente eleito lá nos EUA foi George Washington e seu mandato terminou em 1793; o primeiro Presidente eleito do Brasil foi o Marechal Deodoro (há controvérsias) e seu mandato encerrou (ou foi transmitido) em 1898. Neste caso, eles tiveram uma dianteira de 105 anos; mais de um século até podermos sentir o gosto da transmissão de um ato máximo de democracia.
As regras para se eleger um Presidente lá, por mais que pareçam confusas para nós, estão firmem desde 1951, enquanto as nossas regras só estão em vigor desde 1997. O voto lá foi universalizado depois de muita confusão desde 1965, enquanto aqui no Brasil desde 1988, 23 anos depois. Até para se fazer uma revolução sob pretexto de unificação do povo, eles fizeram a última em 1861 com a Guerra Civil, enquanto nós iniciamos o período de tomada militar em 1964, 103 anos depois.
Os olhos dos Estados Unidos da América sempre estiveram voltados à ajuda de seu povo em produzir mais e pagar o justo para o Estado através de impostos; este conjunto de regras que perdura até hoje se baseia em “eu te ajudo a ficar rico e você me ajuda a me manter forte”. Os estadunidenses produzem muito e o Estado faz de tudo para que seus produtos sejam os mais valorizados do mundo; eles aplicam regras nocivas a outras nações e fazem guerras pela soberania de tudo que é “americano”. Tais medidas fiscais começaram a dar certo entre 1840 e 1850 e desde então, eles pintam e bordam neste campo, inclusive colocam muitos atrás das grades daqueles que se acham espertos e pensam que podem ludibriar a pátria.
O regime menos eficaz e mais rigoroso aqui no Brasil somente começou a ser moldado em 2000, o que colocam eles em nossa frente por 150 anos pelo menos. O respeito às regras fiscais firmes podem ajudar e muito no desenvolvimento de um país e neste quesito podemos destacar a Argentina que já foi mais rica do que a Suíça e hoje beira a miséria. O Brasil que possui um dos maiores potenciais de produção do mundo está sempre sucumbindo devido a não aplicação de regras fiscais que beneficiem os brasileiros; isso é histórico e pelo visto jamais consertará...!
Os Estados Unidos tem uma regra fiscal quase uniforme para todos os seus 50 estados; nós temos apenas 27 estados federados, mas somente alguns poucos dão o tom da música da produtividade pesada da produção, que são em suma São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros pouquíssimos; ainda assim, um trava uma verdadeira guerra com o outro para abocanhar uma fatia mais polpuda deste bolo milionário. Estas regras indecentes e obscenas e a guerra entre os estados é que fazem do Brasil um dos capítulos mais incompreensíveis do ponto de vista legal tributário.
Poucos sabem por que não lêem, mas nos Estados Unidos também tiveram milhares de escravos que fizeram o trabalho pesado e mal pago do início da economia; da mesma forma que no Brasil os negros foram os que mais sofreram com tudo isso e mancharam a história da humanidade. Mais uma vez, por pressão internacional ou não, a abolição da escravatura ocorreu por lá em 1865, enquanto aqui, por mera ilusão, somente em 1888, 23 anos depois.
Da mesma forma que a escravatura, os que não lêem pensam que todos nos Estados Unidos são alfabetizados; ledo engano! Ainda existe uma pequena parcela de pessoas que não sabem escrever um bilhete simples. Organismos internacionais afirmam que eles ainda têm cerca de 3% de analfabetos, mas o Governo de George Bush afirmou que era menos de 1%. De uma forma ou de outra, ao longo dos anos eles, assim como nós, lutavam desde os primórdios que esta taxa chegasse a 20%; os Estados Unidos conseguiram isso em 1879 e segundo o IBGE, o Brasil só reduziu seus analfabetos a 20% em 1991, entre o Governo de Collor e Itamar Franco.
Segundo ainda o próprio IBGE, nós ainda temos cerca de 10% (cerca de 1,75 milhões de pessoas) de analfabetos hoje em 2009. Mais uma vez eles, que investiram pesado em mecanismos que acessavam o povo ao conhecimento, estiveram a nossa frente por 112 anos e estão até hoje.
O Banco Central dos Estados Unidos foi criado em 1913 para centralizar as operações financeiras de seu sistema econômico. O Brasil só descobriu que isso é eficaz em 1964, 51 anos depois.
Estes são alguns dados importantes que carimbam a nossa história brasileira como sendo mais atrasada, mais ignorante e mais tendenciosa. Eu não creio que falte-nos cultura apenas para driblarmos algo tão crônico quanto a nossa burrice histórica. Comparação apenas com a história e cultura de outra nação? Não; definitivamente não se trata apenas de conferição ou checagem; se trata de uma brutal ignomínia que reiteramos e continuamos mantendo-a freqüente como uma das nossas maiores máculas, a ausência de conhecimento ou simplesmente o caráter maquiavélico que nos é tão pessoal desde quando nascemos.
Depois de ver os pontos que poderiam nos colocar como uma nação mais próspera e mais pujante e depois de analisar friamente que ainda vivemos de pura e simples aparência, começo a acreditar que isso aqui que dizemos amar e que muitas vezes chegamos a cantar em versos que morremos por ela, não passe de fato do mesmo país das maravilhas onde vive a Alice, mesclado com um pouco da história do Mágico de Oz; onde a justiça é o Homem de Lata; o presidente é o Espantalho e o congresso o Leão Covarde.
Tivemos todas as chances do mundo de mudar nosso próprio curso histórico, mas nada fizemos senão reiterar a nossa própria incompetência; temos de dois em dois anos a oportunidade de escrevermos um novo capítulo desta nova história do Brasil, mas ao invés de ao menos selecionarmos a quadrilha que se esconde no Poder, reafirmamos os mesmos nomes, as mesmas lacraias que irão nos picar mais dia menos dia.
Seja no Brasil, seja nos Estados Unidos, há favelas, pobreza, miséria, violência, inflação, tráfico de drogas, câmara de deputados, senado e tudo mais que há de bom e ruim, mas pelo visto o que nos pertence é muito pior e mais degradante; ademais, com tanta gente para nos descobrir e colonizar, fomos ser educados (in) justamente por quem? Com tanta gente pra elegermos, fomos diplomar quem? Este é o preço!
A prova de que sequer temos interesse em gostar disso aqui está no patriotismo; povos considerados subdesenvolvidos a exemplo dos paraguaios costumam hastear bandeiras nacionais até nas portas de casa; nos EUA é quase uma febre; no Brasil, nem nas instituições públicas e escolas vemos aquele pedaço de tecido com as cores verde, amarelo, azul e branco com 27 estrelas e uma inscrição que para nós, hoje, é totalmente incompreensível: Ordem e Progresso!
Enquanto nada acontece, continuamos imaginando que somos emergentes, que um dia sairemos deste sufoco miserável e que estaremos participando de algum clube seleto de nações pacíficas ricas, pelo menos é esta a eterna promessa de quem está com as mãos no timão deste navio chamado Brasil.
Uma nação que não trabalha em prol de sua biografia jamais fará acontecer o milagre de uma caligrafia irrefutável.
Alô Maurício de Nassau! Ressuscita aí pelo Amor de Deus e briga por nós!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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