Todo dia é dia de índio...

Quando, todas as manhãs, para vir ao trabalho, passo pelo Terminal Rodoviário de Cascavel e vejo a situação precária em que se encontram os indígenas que ali buscam abrigo, nas noites frias e ou chuvosas, trazendo consigo, criancinhas pequenas, mal vestidas e sem o mínimo de higiene pessoal, não consigo fingir que não vejo, não consigo fazer de conta que não faço parte do contexto, será que alguém consegue?

E pensar que há algum tempo, não precisavam sair de suas aldeias para terem alimento com fartura, que a caça, a pesca e as riquezas de suas terras eram suficientes para se manterem, serem saudáveis, criarem seus filhos, mas a influencia dos chamados homens brancos, foram lhes tirando as terras, tirando a paz, tirando a vida, transformando-os em mendigos nas periferias das grandes cidades, mostraram-lhes a bebida, mostraram-lhes a miséria, mostraram-lhes a fome.

Penso inclusive que poderia ser construído pelos órgãos competentes uma casa, destinada à permanência desses indígenas, quando precisam se deslocar de suas aldeias para Cascavel, tentando vender algum artesanato, garantindo assim o seu sustento, se preocupam em construir cadeias para abrigar bandidos e assassinos, mas deixam o pobre índio dormir ao relento com seus filhos famintos à sua volta, dia de índio, não é apenas em 19 de Abril, mas sim todos os dias do ano, pois a qualquer dia a qualquer hora lá estão eles, como a pedir que lhes devolvam aquilo que lhes foi tirado, os sonhos, a dignidade, enfim a vida. Não podemos mais deixar de ver essa situação com a preocupação que ela merece, são nossos irmãos ali colocados, quase que marginalizados pela influencia e pela desonestidade dos homens, que com sua ganância desenfreada, passam por cima de tudo e de todos na busca de poder, vamos deixar de fazer parte do problema e busquemos uma solução, antes que seja tarde.

Adilson R. Peppes.