Votar SIM no plebiscito sobre moto-táxi em Laranjal é aceitar uma nova opção de transporte
IVAN LOPES*
No próximo dia 27 de setembro os eleitores de Laranjal do Jari irão às urnas para votar favorável ou não a implantação do serviço de moto-táxi como transporte alternativo na cidade. A implantação da atividade no município laranjalense dependeria unicamente da aprovação da Câmara Municipal de Vereadores, entretanto, os legisladores locais encontraram uma saída interessante para fugir da briga entre a categoria dos taxistas e a população: idealizaram um plebiscito, transferindo para o povo a decisão de legitimar ou não o serviço.
Com o plebiscito, os vereadores evitaram comprar uma briga direta com os taxistas, que durante muitos anos comandaram sozinhos o setor; nem com a população que, refém do táxi como principal meio de transporte coletivo em Laranjal, deseja a implantação urgente de uma nova opção de transporte. Laranjal é uma das poucas cidades brasileiras que adotou o táxi como meio de transporte coletivo, pois como só possui uma via de acesso entre o centro comercial e os bairros, os taxistas acabam lucrando com o sistema de lotação no qual segue embarcando e desembarcando passageiros que em geral estão próximos da principal avenida da cidade, Tancredo Neves.
O problema é que a cidade cresceu e surgiram novas ruas e bairros, daí o sistema de lotação já não contempla o setor, pois para chegar aos locais mais distantes são cobrados dos usuários valores que chegam a R$ 15,00 e dependendo do destino ou do horário, os taxistas se negam a pegar a corrida. Os condutores alegam que o valor cobrado pode ser rateado entre os passageiros, mas nem sempre estes vão para o mesmo destino, o que impede o sistema de lotação. Como os poucos ônibus coletivos existentes não circulam a partir das 19 horas, a população fica refém do táxi. Vale ressaltar que os ônibus reduziram o horário de tráfego como forma de evitar os assaltos sofridos nos bairros periféricos.
Numa tentativa frustrada de impedir que a lei seja aprovada, representantes dos taxistas fazem o terrorismo psicológico contra a população argumentando que o serviço de moto-táxi provocará muitos acidentes no trânsito laranjalense ao ponto de o hospital local não atender a demanda de feridos. Também alegam que o serviço causaria o aumento dos índices de roubos e assaltos, pois os infratores se trajariam de motociclistas e usariam o capacete para não serem reconhecidos pelas vítimas. A mesma tese tem sido defendida por alguns vereadores, que não sabemos por quais motivos, não gostariam de ver a população tendo uma segunda opção de transporte no período noturno.
Há quem defenda o aumento das concessões das placas para novos táxis. Não há necessidade da expansão desse serviço, pois as 100 concessões existentes há muito tempo estão sendo alternadas, sendo que em um dia trafegam metade dos táxis e no outro dia trafegam o restante, numa comprovação de que a cidade tem mais táxis do que realmente precisa. Não adianta expandir o numero de veículos se as pessoas continuarão pagando o mesmo preço e sofrendo com os mesmos problemas.
O que a população está precisando mesmo é de novas alternativas. O ideal seria o aumento da frota de ônibus coletivos com veículos mais novos, ampliação das rotas e do período de circulação e obrigatoriedade de cumprimento dos horários para que os usuários não ficassem mais de uma hora esperando o transporte.
A população precisa dar um basta no monopólio. Dizer SIM no plebiscito para autorizar o serviço de moto-táxi significará apenas que os usuários estão aceitando uma nova opção. Isso não quer dizer que sejamos obrigados a utilizar o serviço, pois poderemos muito bem votar favorável ao novo transporte alternativo e continuarmos pegando o ônibus ou o táxi. A concorrência certamente causará redução de preços e diminuição dos abusos que são cometidos por alguns membros da categoria que hoje comanda o transporte na cidade. É por isso que os empresários do ramo não querem a legalização do serviço de moto-táxi. Agora, se o eleitor votar NÃO no plebiscito, estará automaticamente excluindo uma opção e um direito, o direito de escolha.
*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras. (E-mail: f.lopes.vj@bol.com.br - site: www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes ou www.blogdoivanlopes.blogspot.com/